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segunda-feira, agosto 25, 2008

Noites de nevoeiro 

Para quem não tivesse reparado que a Liga de futebol recomeçou em Portugal, o facto de Paulo Bento aparecer na televisão a criticar a arbitragem deveria ser indicação disso mesmo. Ou então talvez o ar de desespero dos jogadores do Benfica nos dois minutos finais do jogo contra o Rio Ave em busca de uma vitória pela qual não fizeram muito por merecer. O jogo não foi muito bom, como provavelmente não foi nenhum dos jogos desta primeira jornada. Foi emocionante e teve alguns períodos em que foi 'rasgadinho'. Mas os adeptos em Portugal já ficam contentes quando assim é, tão baixo são os níveis de exigência. Todo aquele nevoeiro à volta do estádio deixou-me no entanto a pensar: é que apesar de termos organizado o Euro em 2004 e construído ou renovado 10 estádios, só 6 é que são neste momento palcos da primeira divisão, o que nos deixa com vários estádios de qualidade inferior. Mas a verdade é que nesta Liga Sagres em muitos dos jogos o melhor talvez seja mesmo não conseguir ver grande coisa... 

Voltou o espectáculo da Liga Portuguesa! 

"FINAL DA PARTIDA. O Estrela de Amadora venceu a Académica por 1-0, com um golo de Celsinho. Após primeira parte muito mal jogada, os da casa foram à procura da vitória e, mesmo com um jogo pouco bonito, conseguem os três pontos".

Análise final do acompanhamento ao vivo do jogo Estrela da Amadora-Académica no site Maisfutebol. 

segunda-feira, agosto 18, 2008

O fim dos Fab Four? 

E começou a época em terras de Sua Majestade. Depois de um doloroso Verão, em que os britânicos tiveram de arranjar países adoptivos por quem torcer durante o Europeu, o regresso da Primeira Liga é uma espécie de antídoto que faz esquecer as amarguras provocadas pelas equipas nacionais. Com algumas caras novas, mas sem contratações milionárias, a Liga Inglesa começou com o Chelsea no topo. Mais uma vez espera-se que seja um campeonato a 2+2, com Man Utd e Chelsea a lutar pelo título e Liverpool e Arsenal como outsiders à espera de uma oportunidade. Contudo, a primeira jornada ditou uma surpresa, com os campeões em título a não irem para além de um empate em casa frente ao Newcastle, equipa que na época anterior tinha sido duas vezes goleada pelos Red Devils. Um mero acidente de percurso, dirão alguns. Parece-me a mim que há algo mais a ler deste empate. Num campeonato onde o Chelsea tem uma dívida superior ao orçamento de qualquer clube da Primeira Liga com a excepção dos quatro grandes, e onde as diferenças orçamentais entre estes e os restantes é significativa, é de estranhar o quão limitado são os planteis de Arsenal, Man Utd e Liverpool. Na verdade, o Chelsea parece ser a única equipa com um plantel equilibrado, apresentado alternativas credíveis para cada posição. Se no caso do Arsenal e Liverpool a época passada foi suficientemente elucidativa quando a essas limitações, o mesmo não se passou com o Man Utd, provavelmente muito por culpa de uma época extraordinária de Cristiano Ronaldo, que para além de ter marcado um número anormal de golos, jogou toda a época sem praticamente nenhuma lesão. É verdade que as ausências de Anderson, Nani, Ronaldo e Tevez são significativas. Mas quatro jogadores lesionados em simultâneo, numa altura em que o futebol europeu está sobrecarregado de jogos é a regra e não a excepção. Como tal, é de estranhar que em vez de apostarem em planteis com menos craques mas mais equilibrados, estas equipas apostem em salários milionários para dois ou três jogadores, ficando o restante plantel muito aquém em termos de qualidade.
Tendo em conta que o Chelsea é um caso excepcional (pois possui um poço sem fundo) e que Ronaldo dificilmente fará uma equipa como a anterior (até porque só começará a jogar em Outubro), será muito interessante de ver até que ponto o empate entre Man Utd e Newcastle não terá sido o início de uma época de surpresas.

sábado, julho 19, 2008

Europeu digerido 

Creio que será ainda o trauma de 2004. Quatro anos atrás, pouco tempo depois do início deste blogue, escrevia a um ritmo quase diário sobre a evolução do Euro em Portugal. Este ano, talvez para evitar desilusões profundas, acompanhei a competição de perto (creio não ter perdido mais de um ou dois jogos), mas menos envolvido sobre que se ia passando nos relvados suíços e austríacos. Talvez por isso, a eliminação de Portugal não foi muito difícil de digerir. O mesmo não se pode dizer da competição como um todo. Quase um mês depois de a Espanha ter erguido o troféu de campeã da Europa, ainda não estou certo do que foi este Euro.
Vários comentadores disseram tratar-se de um dos melhores Europeus de sempre, se não mesmo o melhor. Falaram em futebol atacante, no fim do monopólio das defesas, do regresso da beleza do jogo. Pessoalmente, não vi regresso nenhum, mas sim algo de novo. Concordo que este Europeu viu bastantes jogos em que o ataque foi uma arma predominante. Contudo, isso não significou o regresso a coisa nenhuma, mas sim a evolução no sentido de adaptar um futebol cada vez mais atlético e exigente fisicamente a um estilo de jogo mais ofensivo. Admito que tal forma de jogar traga alguns momentos esteticamente atractivos, mas no geral creio que o futebol se tornou mais empolgante, mas não mais belo. Se olharmos para a campanha da selecção espanhola, reparamos que a maior parte dos seus golos foram marcados em rápidos contra-ataques, e onde isso não foi possível, como no jogo frente à Itália, o jogo foi extraordinariamente aborrecido. O futebol parece-se cada vez mais com o hóquei no gelo, no sentido em que as dinâmicas das equipas em campo se traduz em expectativa e ataques rápidos. Jogadas pensadas, futebol pausado, jogadores que pensem o jogo - é tudo cada vez mais raro. Isto não é contudo algo de exclusivo do futebol. Creio mesmo que se trata de um fenómeno global, intimamente ligado ao hiper-profissionalismo dos atletas desportivos. No râguebi os jogadores baixos e gordos que dantes ocupavam as primeiras linhas, são agora substituídos por atletas musculados; no basquetebol (particularmente na NBA), as equipas jogam sobretudo em contra-ataque, com o objectivo de afundar a bola no cesto (os tempos de ataque foram mesmo encurtados para tornar o jogo mais rápido); no ténis Federer acabou de perder o torneio de Wimbledon para Rafael Nadal, não por este ser melhor enquanto tenista, mas sim por ser um impressionante atleta. Podia dar muitos outros exemplos, mas a lógica parece-me clara: se há cada vez mais dinheiro envolvido no desporto, os seus protagonistas têm de levar as suas capacidades aos limites para justificarem tal investimento. Se isso no final se traduz numa melhor qualidade do espectáculo é secundário, desde que este seja apelativo, rápido e entusiasmante.
Para além deste aspecto, o Europeu ficou também marcado pela ausência de jogadores dominantes. Villa foi provavelmente o único que se aproximou de tal estatuto, mas o facto de não ter jogado os últimos jogos, não permitem tirar conclusões. Em 1966 o mundo ficou encantado com Eusébio, em 1974 com Cruyff, em 1984 com Platini, em 1988 com Van Basten, em 2000 com Zidane e em 2004 começou a ver-se Cristiano Ronaldo. Este ano ficámos a conhecer melhor Arashavin, um jogador que parece ter aparecido para o futebol internacional aos 27 anos, Ballack que fez um ou dois jogos interessantes e pouco mais houve.
Finalmente, um último aspecto merecedor de relevo, a enorme quantidade de equipas que passaram ao lado do Europeu: Grécia, Suécia, República Checa, França, Roménia e Polónia. O Europeu podia ter acontecido sem estas equipa e nada de relevante se teria alterado.
Em suma, foi um Europeu, utilizando a expressão de Manuel Cajuda, 'entretido', mas não mais do que isso. Pelo menos foi isto que consegui até agora digerir.

segunda-feira, maio 12, 2008

Rui Costa 


Há três facetas na carreira de jogador de Rui Costa, que conjugadas fizeram dele algo de especial. A primeira faceta, a mais óbvia, é referente ao seu enorme talento dentro de campo. Ao contrário de Cristiano Ronaldo ou Ronaldinho Gaúcho, para quem o futebol é o meio pela qual expressam as suas capacidades, para Rui Costa o futebol sempre foi o fim em si mesmo. Não é preciso saber nada sobre futebol para apreciar as jogadas do extremo do Manchester United e do craque brasileiro. Raramente foi assim tão óbvio o talento de Rui Costa, pois este não estava no que fazia individualmente, mas sim no que permitia que os outros fizessem com o seu talento. E no entanto era extraordinária a elegância e a inteligência com que se movimentava em campo, ligando jogadas, proporcionando passes magistrais, fazendo com que em seu torno a sua equipa jogasse futebol, na mais rica expressão que o termo pode ter.
Rui Costa sempre combinou este dom com um outro, igualmente em falta crescente no futebol mundial (e não só) - carácter. Não me lembro de alguém alguma vez ter feito referência à sua falta de profissionalismo, honestidade (dentro e fora de campo) ou desinteresse. Pelo contrário. Se prova maior fosse necessária, a forma como adeptos e dirigentes da Fiorentina e AC Milan recordam o 'maestro', tudo dirá. Como o próprio salientou na conferência de imprensa, sempre tentou ser o melhor profissional possível, sem nunca ter ocultado as suas cores. E essa é a sua terceira faceta extraordinária.
Nunca antes tinha visto um jogador chorar depois de marcar um golo. Mas aquele golo de Rui Costa com a camisola da Fiorentina contra o Benfica, celebrado pelos adeptos da Luz como se do Benfica tivesse sido foi sem dúvida um dos momentos mais extraordinários que vi num campo de futebol. Um jogo de futebol obedece a uma ilusão, à ilusão de ser uma metáfora da guerra, da confrontação entre nós e o outro. Nesse sentido essa construção do outro não abre espaço para considerar o adversário como um de nós. Nesse dia, no entanto, essa 'máscara' caiu por terra e Rui Costa chorou por marcar um golo contra o seu clube e os adeptos benfiquistas celebraram o golo marcado por um deles, mesmo que estando do outro lado. No fundo, para os adeptos do Benfica, Rui Costa sempre foi isso mesmo, um deles.
Por tudo isto, e mesmo sabendo que continuará ligado aos destinos do clube, ontem custou muito ver Rui Costa deixar o relvado.

Futebol 

Tem sido pouca a vontade de escrever sobre futebol. Seja pelo facto de em Portugal, à fraca qualidade do futebol, se ter agora juntado a ilusão de justiça (só pode ser ilusão quando é possível distinguir entre tipos de corrupção e quando é possível pelo mesmo crime castigar os culpados envolvidos com penas referentes a diferentes crimes), seja pelo facto de o futebol europeu ter passado a ser a Taça de Inglaterra (e a Taça de Inglaterra o pão dos pobres), seja ainda pelo crescente distanciamento entre adeptos e clubes, tanto pela forma como estes exploram aqueles (em Inglaterra há pelo menos três clubes criados por adeptos, depois de considerarem não mais se reverem nos seus próprios clubes, a saber, Manchester United, Liverpool e Wimbledon), como pela forma como estes passaram a funcionar de forma totalmente despótica, sem nenhuma consideração pela opinião geral (os casos do despedimento de Mourinho, ou agora mais recentemente de Sven Goran Erickson, são bons exemplos disso mesmo), a verdade é que o futebol perdeu interesse. Curioso dizer isto na mesma altura em que a Primeira Liga Inglesa apresenta um número crescente de espectadores ou numa altura em que é visível o crescente impacto mediático do futebol a nível global. Resta saber se esse impacto, por ser mediático, não se poderá desvanecer assim que outros mediatismos se afirmem mais interessantes.
À vaga de adeptos de futebol (e não me refiro aqui a uma eventual tribo do futebol, tal como descrita por Desmond Morris, mas sim a todos aqueles que vivem o futebol, independentemente da intensidade, pelo prazer da modalidade, quer ao nível estético, quer ao nível social - sentimento de pertença) juntou-se a vaga dos mediatizados, isto é, todo um grupo de seres humanos cujo interesse primário por um determinado fenómeno social não está ligado ao fenómeno em si, mas à cobertura mediática de que é alvo - vulgo 'estar na moda'. A questão que fica, e obviamente em relação a isto não há dados estatísticos, é o que será do futebol quando tal mediatização diminuir, quando uma outra modalidade se afirmar no panorama mundial. Eu sei que visto de Portugal onde o futebol carece de superlativos de mediatização nestes últimos anos (em constraste com o vazio dos estádios - talvez uma prova dessa tal diferença entre adeptos de futebol e espectadores mediatizados) parece ser difícil considerar tal cenário. Mas é bem possível que aconteça, quanto mais não seja numa lógica puramente empresarial (a recém criada Primeira Liga Indiana de... cricket poderá ser um caso a seguir...). Quando isso acontecer e os mediatizados forem para outras paragens interessará saber o que fica do futebol.
A memória futebolística de Rui Costa ficará certamente. E foi a despedida desse grande jogador que me fez hoje voltar a escrever sobre futebol.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Falta de visão 

Depois do empate da qualificação para o Mundial e do empate de ontem frente à África do Sul, Angola mostrou que está para ficar entre as potências do futebol em África. O fim da guerra permitiu o lento retomar de uma vida (mais) normal naquele país, o que obviamente afecta de forma positiva a prática desportiva. As equipas já se podem deslocar livremente para todos os pontos de território, as melhorias da economia permitem a criação de novas infra-estruturas e o contingente militar necessário já não é tão grande, o que permite que eventuais novos talentos não tenham de desperdiçar as suas qualidades no mato em busca dos campos da UNITA ou escondidos, à espera das forças governamentais.
Num país com tanto potencial desportivo como Angola, o facto de este agora se poder aos poucos começar a concretizar deveria ser factor de alegria para Portugal. Os laços culturais que unem os dois países fazem com que Portugal seja um destino preferencial para os jogadores angolanos, quanto mais não seja, um passo inicial antes da afirmação em campeonatos superiores. Para além do mais, é sabido a admiração que os angolanos têm pelo futebol português, o que facilita em muito a adaptação. O mesmo fazem os franceses em relação às suas ex-colónias, captando os melhores jovens valores para os seus centros de formação. Esta política que à primeira vista parecer ser um pouco neo-colonialista tem, na verdade, dado resultados extraordinários ao próprio futebol africano, como se vê pela mais valia que os jogadores africanos formados na Europa trazem aos seus países.
Neste contexto, parece-me incrível a política de contratações dos clubes portugueses, com claro destaque para Benfica e Sporting, por duas razões. Em primeiro lugar porque para estes clubes parece só haver dois mercados: o sul-americano e o da Europa de Leste, onde os jogadores são mais caros, desconhecem a realidade portuguesa e, especialmente no caso dos sul-americanos, demoram bastante tempo a adaptar-se; em segundo porque tanto quanto sei nenhum destes clubes decidiu criar um centro de formação avançada em Angola ou mesmo em Moçambique. O custo de tal centro seria claramente razoável, enquanto que as mais-valias do mesmo poderiam ser infindáveis.
Mas isso aconteceria se o futebol português tivesse uma estrutura profissional. Como o caso Meyong demostra, a diferença de organização e profissionalismo entre os clubes da Superliga e das divisões amadoras ainda é demasiado curta. Daí que não seja de espantar que casos como o de Manucho comecem a ser a regra em vez da excepção.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Uma análise de treinador de bancada 

A vitória de ontem do Benfica na Ucrânia foi, sem grande margem para dúvidas, surpreendente. Poucos seriam aqueles que acreditavam que os pupilos de Camacho conseguissem ir ao outro lado da Europa derrotar uma equipa que tinha vencido na Luz por 2-0. Principalmente depois da derrota em casa frente ao Porto, em que foi gritante a falta de automatismos dos jogadores do Benfica, quando comparado com os azuis e brancos.
Sorte e força de vontade fizeram um resultado que garantiu a UEFA ao Benfica e o último lugar ao Shaktar. Contudo, nem esta foi uma participação feliz do clube da Luz, nem este resultado significou uma alteração radical na forma de jogar do Benfica. Não foi feliz porque a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões era um objectivo claro que deveria ter sido atingido num grupo onde nenhuma equipa (nem mesmo o AC Milan) demonstrou argumentos de peso. Em Milão o Benfica foi fraco, na Luz contra o Shaktar, miserável, e nos restantes jogos foi visível a falta de 'poder de fogo' da equipa. Só ontem a estória foi um pouco diferente. Óscar Cardozo fez aquilo que tem sido complicado para o Benfica: marcar. Podemos falar em mil e um argumentos quando uma equipa não vence, mas no fundo é nos golos que está o sucesso ou fracasso. Porque os golos não valem só por si, mas também pela influência psicológica na equipa que marca e na equipa que sofre. Uma equipa é mais forte se tiver de defender uma vantagem e não um empate. Uma equipa é mais fraca e arrisca menos quando sabe que o adversário, por este já o ter provado em campo, pode marcar novamente.
Tivesse o Benfica jogado com Nuno Gomes ontem à noite e provavelmente estaríamos aqui a falar da escandalosa oportunidade desperdiçada ao minuto 6 e do cruzamento inconsequente ao minuto 23. O resultado teria possivelmente sido uma vitória do Shaktar, eventualmente dilatada. E aqui entramos nos problemas estruturais da equipa. Como já dissemos a vitória de ontem só foi possível com sorte (no primeiro golo do Benfica) e com uma enorme força de vontade, que serviu para diminuir problemas persistentes na equipa. Contudo, eles permanecem, e como a sorte nem sempre está presente de forma tão clara e a força de vontade para defrontar os Navais deste mundo nem sempre é a mesma, só com a resolução ou minimização desses mesmos problemas poderá ser possível ao Benfica ambicionar a vitória nalguma competição. O primeiro problema, já aqui abordado, é a falta de capacidade de finalização da equipa. Cardozo mostrou ontem que afinal não é assim tão difícil marcar golos, tenha a equipa um homem alto na frente com alguma capacidade de finalização. Portanto, ficou ontem bem claro que na ausência de melhor, Cardozo é a única opção na frente de ataque. Como o jovem avançado ainda demonstra alguma irregularidade, poderia ser útil fazê-lo acompanhar de um segundo avançado, que o Benfica possui em grande número (Mantorras, Nuno Gomes, Bergessio, Adu...). Isso obrigaria naturalmente a uma mudança do sistema táctico, com um dos médios a ter de sair. Para além da finalização o Benfica é uma equipa desorganizada defensivamente. Independentemente dos elementos em campo, as dinâmicas defensivas são muitas vezes atabalhoadas com vários homens a correrem atrás da bola, deixando muito espaço vazio para eventuais subidas no terreno do adversário. Em San Siro, o segundo golo do Milan foi um exemplo disso mesmo. Ao nível individual, parecem haver claras falhas na equipa. Luís Filipe não parece ser bom o suficiente para títular no Benfica e Nélson é demasiado inconstante para igualmente assumir o lugar. Como tal, resta o mercado de Janeiro para resolver o problema ou talvez a adaptação de Maxi Pereira. Contudo, no centro da defesa as coisas não estão muito melhores. Luisão está a fazer a pior época desde que chegou ao Benfica, o que nos permite questionar se não é altura de mudar de ares, e David Luiz não pode, pela sua idade, ser títular indiscutível. Léo, a única peça segura na defesa encarnada, parece estar de saída...
Por fim, uma nota para os alas. Maxi Pereira como médio não parece ser a melhor opção para uma equipa que joga com um ponta-de-lança e como tal necessita de médios com capacidade ofensiva. O golo contra o Milan foi mais uma excepção que a regra de um jogador que não é mau, mas também não é muito bom. Di Maria, por seu turno, parece necessitar de tempo de adaptação, o que deixa o Benfica com Rodriguez como único ala com lugar assegurado.
Em suma, apesar da boa vitória de ontem, o Benfica continua a precisar de mudar muita coisa caso tenha ambições de vencer algo esta época.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Uma questão de cultura 

Uma das melhores formas de medir a competência de um país numa determinada modalidade é praticar essa mesma modalidade com os cidadãos comuns, pois por muitas academias e centros de excelência, é nessa cultura popular que os jogadores crescem e em momentos de tensão é provavelmente a esse background que vão procurar as soluções para problemas imediatos.
Tudo isto para dizer que tenho, aqui em Inglaterra, tido a oportunidade de jogar futebol regularmente com 'nativos'. E se a priori o futebol tem uma linguagem universal, aqui essa linguagem tem um sotaque muito acentuado, que por vezes torna díficil perceber a mensagem. Pior ainda, há por estas terras deteminados conceitos que simplesmente não existem, senão vejamos. 'Pensar o jogo', expressão regularmente utilizada em 'futebolês' aqui é mera ficção. Só uma pessoa pensa o jogo, o guarda-redes. Pensa o jogo quando tem a bola nos pés e tem de decidir se chuta para a área contrária mais para o lado direito ou para o lado esquerdo. 'Linhas de passe' é outra expressão sem lógica aqui. Em primeiro lugar porque raramente um jogador pensa em passar a bola, em segundo porque os passes raramente se fazem pelo chão e em terceiro porque quase nunca se fazem passes a menos de 20 metros. Um conceito tão querido dos portugueses como a 'tabelinha' é perfeitamente impossível de executar aqui. Isso significaria pensar o jogo, executar um passe curto e, ainda mais impensável, passar a bola a uma distância da baliza inferior a 20 metros. Pois é, é que aqueles 'tiros' de fora de área tão comuns no futebol inglês, começam no futebol entre os comuns dos mortais. No fundo, os ingleses com quem jogo (e ainda são muitos) são uma espécie de Lampards de quinta categoria: raçudos, com uma enorme vontade de correr, chutar e correr.
Ontem, perante uma Croácia organizada e que sabia pensar o jogo, cada vez que via os jogadores ingleses a tentarem desesperadamente marcar mais um golo lembrava-me dos meus 'colegas' de futebol aqui em Inglaterra: pontapés para a frente, sem nexo, na esperança da bola cair num sítio propício para chutar à baliza. Na verdade, não me espanta nada que nenhuma das 'Home Nations' tenha conseguido o apuramento para o Europeu. O que me espanta é que o futebol tenha nascido aqui.

Apertadinho 

Tal como Cristian Ronaldo previra, não foi fácil o apuramento para o Euro'08. Num grupo teoricamente acessível, Portugal jogou mal, com pouca determinação e deixou para o último minuto a festa do apuramento. Contudo, olhando para trás, quantas vezes não esteve Portugal em grupos acessíveis, falhando inevitavelmente o apuramento? Treze anos atrás festejavamos uma vitória 'histórica' num apuramento 'histórico' sobre a Irlanda para o Euro' 96. Lembro-me de ver o Portugal-Dinamarca desse mesmo Europeu a tremer de nervoso, pois era a primeira vez (no Mundial de 1986 ainda não tinha a noção do que a competição representava) que via Portugal numa fase final de uma qualquer competição. Os cromos que tinha coleccionado em 1988, 1990, 1992 e 1994 nunca traziam Portugal. Tinha sempre de 'adoptar' uma outra equipa. Em 1988 era pela URSS (por causa de Dassaev), em 1990 pelos Camarões (quem não era?), em 1992 pela Alemanha e em 1994 pelo Brasil, apoio retomado em 1998. Lembro-me que no dia a seguir à vitória do Brasil em 1994 a Bola publicava um cartoon em que um adepto português dizia para um brasileiro "nós, como país irmão, também somos campeões". Era costume os jornais publicarem a 'equipa nacional' constituída por todos os jogadores estrangeiros presentes na competição a actuar em Portugal. Tirando eles, só a ocasional participação de árbitros portugueses dava alguma cor nacional a Europeus e Mundiais.
Treze anos depois tudo mudou. O facto de não nos termos apurado com maior facilidade foi mais críticado que a alegria do apuramento. O apito final de ontem foi significou sobretudo um alívio para todos aqueles directamente envolvidos no apuramento. Em 1995 aquele golo de Rui Costa contra os irlandeses e depois os outros de Hélder e Cadete foram vistos como um milagre. Noutros tempos, a Finlândia ontem tinha vencido no último minuto e lá ficariamos nós a culpar o nosso triste fado e, se possível, a falta aos 53 minutos que o árbitro não viu e que podia ter dado origem a um livre indirecto perigoso.
Portugal mudou, para melhor. Resta agora tentar fazer melhor que no último Europeu.

domingo, novembro 04, 2007

Joguem à bola 

O Chelsea venceu ontem o Wigan por 2-0, com um grande segundo golo apontado pelo brasileiro Belletti. Tudo certo, não fosse o facto de a jogada que deu origem a esse golo ter sido 'ferida de ilegalidade', quando um jogador do Chelsea não conseguiu dominar a bola dentro das quatro linhas, tendo feito o passe para Belletti depois desta ter passado a linha lateral. Este lance mereceu um breve comentário do narrador na altura, e hoje nos jornais os títulos dos artigos relativos ao jogo dão destaque ao grande golo de Belletti e à excelente recuperação do Chelsea.
Virando-nos para o rectângulo lusitano, O Jogo fez questão de em dois dias consecutivos dar destaque aos erros de arbitragem que beneficiaram Porto e Benfica No primeiro, um golo antecedido de um fora-de-jogo claro quando visto em câmara lenta, mas de díficil marcação quando visto em tempo real. No segundo um lance duvidoso em que o jogador do Benfica tenta fazer crer ter sido vítima de obstrução por parte do adversário. Esse lance resultaria num livre que o guarda-redes do Paços de Ferreira defenderia para a frente e Katsouranis aproveitaria para marcar o golo da vitória do Benfica. A qualidade de jogo, a vitória do Benfica, o encurtamento da distância para o Porto ou o facto de o jogador do Benfica ter simulado a falta não merecem destaque; os erros dos árbitros, sim. Mais suspeitas sobre a arbitragem, sobre 'o sistema', sobre a verdade desportiva. É curioso que a competência de jornalistas, dirigentes, jogadores ou treinadores nunca é tão questionada como é a dos únicos intervenientes não profissionais, os árbitros. De pouco interessa que os treinadores sejam míopes, preferindo tentar 'um pontinho' a jogar para a vitória; que os dirigentes prefiram ir aos Corinthians Alagoanos deste mundo buscar 20 jogadores, em detrimento de jovens locais, que os jogadores dificultem a vida aos árbitros, simulando falta atrás de falta. O que é tudo isto quando comparado com um cartão amarelo por mostrar ou uma falta por marcar que daria origem, dois minutos mais tarde, a um golo de uma das equipas? Como cantam algumas claques em Portugal, menos vezes que o que deviam, "joguem à bola, palhaços joguem à bola".

sexta-feira, novembro 02, 2007

Torpor 

Pela primeira vez em muitos anos, adormeci enquanto via um jogo do SCP na Tv. O tal da Choupana. Via RTP Internacional.
Felizmente amanha a hora do jogo com a Naval nao vou ter acesso a um bom ecra.
E na 4a a noite, contra a Roma, prometo que vou ao cafe. Pelo sim pelo nao, encostadinho ao balcao a olhar para a televisao.

terça-feira, outubro 30, 2007

Nervos à flor da pele 

Quem, como eu, olha de fora para o que se vai passando no campeonato português, não pode ficar senão espantado pela agitação fora dos relvados portugueses. Paulo Bento, o treinador português que na relação qualidade do plantel / resultados melhor desempenho tem tido em Portugal está a ser alvo de fortes críticas, depois de o Sporting empatar a zero na Madeira, contra o Nacional. Como se vencer na Choupana fosse fácil; como se o plantel do Sporting, um misto de malta nova da Academia e de malta nova do Leste, tivesse uma qualidade que permitisse ambicionar grandes resultados. O que importa saber não é o porquê do Sporting não conseguir melhores resultados, mas sim o de não conseguir melhores jogadores, tendo em conta os seus rendimentos que são, ou deveriam ser dada a dimensão do clube, chorudos.
Em Braga, Jorge Costa já é passado. É verdade que culpar os árbitros por cada derrota não ajuda, mas despedir um treinador tão novo ao fim de tão poucas jornadas não me parece ser o melhor caminho a seguir. Por fim, a Assembleia Geral do Benfica, que se julgava pacífica e que para já levou o Presidente do clube a esvaziar o seu gabinete, podendo este vir a apresentar a sua demissão. Isto é de facto muita acção para um dia só. Tanta ou mais, que num Domingo de futebol. Desde logo porque tendo em conta os horários dos jogos, muitas vezes só temos um ou dois jogos nesse dia. Depois porque esses dois jogos terão muito provavelmente poucos golos, ou não tivesse Portugal a mais baixa média de golos entre os campeonatos europeus de relevo. Por fim, porque para além de poucos golos, serão jogos lentos, de fraca qualidade técnica e com assistências semelhantes às de jogos da Terceira Divisão.
De facto, o futebol português é mais interessante durante a semana...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Portugal e o novo "Grande Jogo" da Ásia Central 

Gilberto Madaíl: “Azerbaijão e Cazaquistão estão ao nosso alcance”.

terça-feira, setembro 25, 2007

Uma grande lição 

E acabou. Portugal despediu-se hoje do Mundial de râguebi, após uma derrota contra a Roménia por 14-10. Mais uma vez os Lobos demonstraram determinação e espírito de sacrifício e só um ensaio nos momentos finais permitiu a vitória romena e o fim do sonho. Mas quão diferente foi este Mundial do Mundial de futebol para Portugal. Apesar de sair com um único ponto (resultante de ter perdido por menos de 7 pontos) e só com derrotas, Portugal mereceu os mais altos elogios da imprensa internacional. Apesar de ter ficado em quarto lugar, Portugal (no futebol) saiu com uma péssima imagem: imagem de uma equipa agressiva no mau sentido e sobretudo de uma equipa desonesta na forma de abordar o jogo. Foi portanto positivo para a imagem de Portugal, que uma outra equipa, numa outra modalidade, numa competição igualmente de grande visibilidade internacional, mostrasse ao mundo que podemos ser melhores que a imagem deixada pela nossa equipa em 2006. Mostrou também (sobretudo internamente) que Portugal pode e deve ser mais que futebol. Que há outras modalidades que também nos dão prazer e alegrias, que também merecem a nossa atenção. E que se conseguimos sair de cabeça erguida deste Mundial, muito mais poderemos fazer com mais dinheiro e dedicação.
Dito isto, os Lobos fizeram-nos, a todos aqueles que gostam de desporto, voltar às origens. Fizeram-nos voltar ao que de mais puro e nobre o desporto tem. Que afinal é muito mais que dinheiro. Que este é, em larga medida desnecessário. E a partir daqui muitas outras perguntas, em tudo relacionadas. Será que, por exemplo, seria pior um Mundial de râguebi constituído por equipas amadoras? Não seria pelo menos muito mais emocionante? E se os valores no futebol voltassem ao moralmente aceitável? Será que se Cristiano Ronaldo recebesse 1000 libras por semana em vez de 100 mil, seria um jogador pior? Seria a Liga dos Campeões menos interessante se só houvesse um troféu a conquistar e não os milhões por cada jogo?
Finalmente, os Lobos, tal como a Geórgia, o Japão, os EUA, a Namíbia e a própria Roménia, mostraram aos senhores da International Rugby Board (IRB), organismo máximo do râguebi a nível internacional (que têm exactamente os mesmos tiques de poder dos seus congéneres do futebol) que a ideia de reduzir o campeonato do mundo de 20 para 16 clubes não só não levará a um maior equilíbrio da competição, como tirará cor e brilho ao torneio.
Foi, em suma, uma lição para o mundo esta participação de Portugal.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Triste dia para o futebol 





É um aspecto curioso: Mourinho sai dias depois do actual Presidente da UEFA ter enviado uma carta aos principais líderes europeus a pedir ajuda na luta contra o dinheiro sujo no futebol. Em boa verdade, a Europa do futebol e Inglaterra em particular tornaram-se numa gigantesca base de lavagem de dinheiro e de investimento com capital adquirido à custa da corrupção e anarquia em países terceiros. Mourinho acabou por ser beneficiado e vítima desse carrossel milionário. Beneficiou de milhões para adquirir novos jogadores e até na hora da despedida voltou para casa triste, mas com milhões de libras na conta bancária. Foi contudo vítima dos caprichos de um desses oligarcas milionários, que comprou o Chelsea não como um investimento, mas como um brinquedo, que molda de acordo com a sua vontade.
E se Mourinho consegue viver com isso, saindo e podendo vir a ter o mesmo ou mais sucesso num outro lugar, os adeptos do Chelsea ficarão em Stamford Bridge. Repararão agora que afinal Abramovich não 'salvou' o Chelsea, antes raptou-o para si. No fundo, o Chelsea deixou ontem de ser um clube de futebol. Se a carta de Platini ficar no esquecimento, outros se seguirão. Resta saber qual será o limite.

domingo, setembro 09, 2007

Portugal 

Futebol, basquetebol e râguebi. Provavelmente as três modalidades colectivas com mais impacto a nível internacional. Portugal jogou este fim de semana em todas elas. E que diferença de expectativas, de recursos e de empenho. No futebol fazemos parte da elite, participamos (desde os anos 90) com regularidade nas fases finais das competições internacionais e os três grandes têm um impacto significativo no futebol europeu. Em qualquer descrição de Portugal no estrangeiro, o termo 'football-mad' é normalmente associada à caracterização do país. A quem não acontece, quando menciona a nacionalidade portuguesa no estrangeiro, ser imediatamente relembrado de Portugal ser igualmente o país de Luís Figo, Eusébio, ou agora Cristiano Ronaldo? Portugal e futebol são, com efeito, sinónimos.
No basquetebol, apesar de termos um liga profissional, os recursos e, sobretudo, a atenção dedicada à modalidade são muito menores, quando comparado com o futebol. E apesar de tudo, Portugal conseguiu pela primeira apurar-se (nos anos 50, na sua única participação, Portugal entrou como convidado) para o Campeonato Europeu de Basquetebol. Para espanto de todos conseguiu até qualificar-se para a segunda fase da competição e hoje, depois de derrotar Israel, tem ainda hipótese de se qualificar para os quartos de final. Para quem de basquetebol nada sabe, é de clarificar que a grande maioria das selecções em prova conta com jogadores seus na NBA, alguns estrelas da competição como Pau Gasol (Espanha), Dirk Nowitski (Alemanha), ou Tony Parker (França), para além de muitos outros a jogar nos principais clubes europeus (com orçamentos incomportáveis para a esmagadora maioria dos clubes da I Liga de futebol portuguesa). Praticamente todos os países em prova apresentam equipas extremamente competitivas ao nível de competições europeias de clubes e o basquetebol é, nestes países, levado muito a sério.
Finalmente o râguebi. O Campeonato do Mundo é o terceiro evento desportivo mais visto no planeta e todas as equipas são, neste torneio, profissionais. Todas, com a excepção de Portugal, equipa amadora que conseguiu um apuramento impensável e de quem todos esperavam perder por 100 ou mais pontos nos seus 3 primeiros jogos (Escócia, Nova Zelândia e Itália).
Três desportos colectivos de grande impacto internacional, três formas de estar de Portugal. No futebol Portugal é (agora) vista como uma selecção problemática, capaz de jogar ao mais alto nível, mas normalmente mais preocupada em discutir com o árbitro e em simular faltas, do que propriamente em jogar. Neste apuramento para o Europeu começa igualmente a transparecer a ideia de empenho esporádico, normalmente só quando sob pressão. Portugal é hoje uma equipa desequilibrada, que tanto pode derrotar a Bégica por 4-0 como fazer um resultado miserável na Arménia. O empate com a Polónia pode ser visto como falta de sorte, mas a verdade é que Portugal teve de gastar energias extra para virar um resultado que só era desfavorável por falta de concentração defensiva e de empenho eficaz no ataque e tivesse jogado concentrado do inicío ao fim o resultado podia e devia ter sido uma vitória clara.
Ao invés, no basquetebol Portugal apresenta uma imagem de equipa com grande coração, que chegou onde chegou pelo bom trabalho realizado. Um trabalho que lhe permite não só estar entre os melhores, como ganhar aos melhores.
Não ao mesmo nível mas com um coração ainda maior, a equipa de râguebi conseguiu o até então impossível: qualificar-se para um Mundial, com um plantel amador. No jogo de hoje contra a Escócia (de outro planeta), os jogadores portugueses deixaram tudo em campo, levando um comentador inglês à conclusão de que Portugal devia estar muito orgulhoso desta equipa.
Como pode Portugal deixar três imagens internacionais tão diferentes deve ser algo a pensar. Talvez o mundo seja mais do que futebol e talvez os portugueses sejam afinal empenhados e trabalhadores. Talvez algo precisa de mudar na relação de Portugal com o futebol.

quarta-feira, agosto 22, 2007

O fim de um ciclo 

Chegou ao fim um ciclo de 1 ano no Benfica. A tripla José Veiga-Fernando Santos-Luis Filipe Vieira deixou de existir, sendo que o presidente é o único que se mantém. Todos sabemos que o futebol é feito de ciclos: temos vários exemplos disso e, como disse o velho sábio Pimenta, no futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira.

Do fim desta tripla, há aspectos importantes que merecem relevo e particular atenção. O mais importante de todos prende-se com a não-explicação do fim desse trio. Não estando em causa a qualidade de cada peça individual do mesmo, a verdade é que as saídas de Veiga e Fernando Santos mereciam uma explicação.Se a primeira vez que Veiga saíu do clube, houve uma explicação clara do sucedido por parte do presidente LFV, o mesmo não se pode dizer do seu regresso (nunca se percebeu bem, a nível formal, se estava dentro ou fora da estrutura) e muito menos do seu abandono pós-venda de Simão. Claro que podemos concluír (e principalmente depois da entrevista de ontem de Fernando Santos) que o momento da saída do capitão é marcante no rosto do Benfica 2007/08, quer a nível desportivo, como organizativo. Veiga não gostou, Fernando Santos muito menos.

- Luis Filipe Vieira disse desde que chegou ao Benfica que não iria despedir treinadores durante a época pela instabilidade que isso cria num plantel. Estranho fazê-lo ao fim da primeira jornada e mais estranho ainda criticar as palavras de Nuno Gomes que parecia identificar turbulência na estrutura organizativa do Benfica.
- Estranho também que, ao mínimo sinal de contestação (por parte do capitão de equipa) à direcção, a opção seja despedir o treinador. Ou a crítica de Nuno Gomes não era para Luis Filipe Vieira?
- Luis Filipe Vieira declarou à SIC no dia do Benfica-Copenhaga (antes do jogo começar) que Fernando Santos tinha um plantel magnífico e que não se podia queixar de nada. Estranho que depois desse jogo se tenha reunido com o técnico para estudar as lacunas do plantel e mais estranho ainda que, agora que chegou Camacho, haja a possibilidade de contratar mais reforços para um plantel que, dizia, era magnífico.
- Luis Filipe Vieira não justificou as saídas de José Veiga e Fernando Santos. Torneou as questões. Não será estranho não haver um jornalista capaz de perguntar directamente ao presidente a razão para as saídas dos dois? LFV disse que não contactou Camacho antes de falar com Fernando Santos. Então despediu o treinador sem ter outro na manga? Quem é que acredita nisso? Ainda por cima tendo passado férias com ele em Ibiza?
- Luis Filipe Vieira continua a mentir. Só não vê quem não quer. Será para bem do Benfica?


Nota: Em relação à entrevista de ontem, gostaria de dizer que não acompanho habitualmente o programa "Trio de ataque". Considero que é o menos mau de todos os programas de debates televisivos sobre futebol, mas ontem percebi que aquela gente não tem nada de entrevistadores. Fernando Santos estava disponível para falar de futebol, do que é a realidade do futebol do Benfica hoje e dos seus problemas e os comentadores optaram por tentar comparar Benfica a Porto e Sporting e dizer que haviam 8 opções para pontas-de-lança no Benfica e 3 extremos esquerdos. Que pena foi não haver perguntas interessantes a colocar ao último treinador do Benfica, o clube que mais mexe com os portugueses. É apenas sinal de que, em Portugal, falamos da bola mas não falamos de futebol...

quarta-feira, agosto 15, 2007

Irremediável 

Ficou ontem claro que o relacionamento entre Benfica e Fernando Santos terá de terminar em breve. Começar a época com um coro de assobios não é normal, mesmo na Luz. Na verdade, o Benfica 2007/2008 é a fotocópia do 2006/2007: lento previsível, desinspirado colectivamente, na expectativa de uma jogada individual decidir o jogo. Ontem foi o Rui Costa, na época passada Simão e Miccolli. Uma equipa que joga assim só pode ambicionar conquistar o que o Benfica conquistou em 2007, ou seja, nada.
É claro que nem tudo é culpa do treinador, quanto mais não seja porque não é ele que joga. Contudo, Fernando Santos não consegue cumprir a parte que lhe compete. Não parece ter competência para transformar o Benfica numa equipa. Não consegue motivar os jogadores e as suas decisões em campo são muitas vezes duvidosas (Nuno Assis a titular? Adu a organizar jogo?). Isto para não falar na imagem que transmite. A sua expressão de chateado, cinzenta não ajuda, mas as suas declarações são certamente a cereja no topo do bolo. Afirmar que perder Simão seria um pesadelo, demonstrou duas coisas: desconhecimento da realidade (talvez só Fernando Santos não soubesse da promessa de Filipe Vieira a Simão); e a total falta de autoridade. Se dúvidas houvesse dessa sua falta de autoridade, o recente caso Manuel Fernandes só serviu para o confirmar. Convocar um jogador (que iria jogar a titular) para um jogo tão importante como o de ontem, para depois o jogador se recusar a ir porque tem uma proposta de outro clube, só mostra que Fernando Santos está completamente a leste do paraíso. A culminar todas estas asneiras, há a acrescentar as habituais afirmações de confiança (que normalmente exigem a sua aplicação prática) e que Fernando Santos raramente consegue cumprir. Dizer que o Benfica iria estar "muito forte" contra o Copenhaga, visto em retrospectiva, parece uma triste anedota, igual à de tantas outras ao longo da época passada.
Fernando Santos fala cada vez mais para o vazio, e a equipa de futebol vive em auto-gestão, liderada em campo por Rui Costa, mas sem treinador durante a semana. Em suma, a aventura do Engenheiro do Penta no Benfica está irremediavelmente condenada ao fracasso. Era claro que Fernando Santos já não tinha condições para começar esta época, mas começou. Até quando?

sexta-feira, agosto 03, 2007

Tempo para Adu 

Tinha 14 anos. Era a esperança de todos aqueles que gostariam de ver os EUA junto do resto do mundo no que ao futebol diz respeito. A estreia de Freddy Adu na MLS não correspondeu, obviamente, às expectativas. Não decidia jogos sozinho, as suas estatísticas não eram brilhantes. Como podia ser então uma estrela do desporto norte-americano? Quatro anos volvidos e Adu começou a ser considerado uma ex-promessa do futebol mundial (o Guardian chegou ao ponto de o incluir numa lista de jovens promessas do desporto mundial que nunca conseguiram vingar). A sua equipa ficou contente pela sua saída, pois assim ficou com margem de manobra relativamente ao tecto salarial existente na liga americana para poder contratar mais jogadores. Saiu da MLS sem honra nem glória. Para muitos o Benfica é mesmo o derradeiro teste para aquele que chegou (tal como vários milhões de outros jogadores espalhados pelo mundo) a ser comparado a Pelé. Considerar como derradeira a experiência num clube como o Benfica aos 18 anos demonstra o quão grandes eram as expectativas relativamente a Adu.
O jovem ganês pode até não chegar a vingar no Benfica. Quantos grandes jogadores (e treinadores) não falharam na Luz? Contudo, o facto de em Portugal pouco se exigir dele (2 milhões de dólares é um valor que se paga por qualquer Miguelito deste mundo) dará a Adu a possibilidade de evoluir num contexto onde ainda se compreende (minimamente) o que significa um jogador ter 18 anos. No recente Mundial de sub-20 deu indicações positivas, mostrando que caso seja autorizado a seguir uma evolução natural, pode vir a ser um jogador de grande nível internacional.
Se Adu vai ou não conseguir vingar no futebol mundial é uma incógnita que só o futuro e não o presente deve dizer.

segunda-feira, maio 21, 2007

Campeão por defeito 

O Porto é campeão. 30 jornadas depois, está encontrado o novo campeão, o mesmo da época anterior. Tal como em 2005/2006 os azuis e brancos pouco ou nada se destacaram em relação aos mais directos adversários. Aliás, no confronto directo, Porto, Benfica e Sporting terminaram empatados, com 5 pontos cada. No final 2 pontos a separar os três primeiros só prova que o campeonato ficou decido por detalhes. Mas a verdade é que, desde a chegada de Pinto da Costa, que quando um campeonato se decide assim, sem ninguém se afirmar declaradamente como a melhor equipa, é o Porto que acaba por vencer, tal como fazia o Benfica nos anos 60 e 70. Isto deve-se à estrutura.
O clube que consegue criar uma estrutura sólida terá sempre garantido os títulos por defeito. O Porto criou essa estrutura, criando condições para que, independentemente da equipa ou do treinador, os resultados pudessem aparecer na ausência de candidatos fortes. E como se cria essa estrutura? A base é uma liderança forte. É preciso haver um líder que garanta a admiração dos seus e o receio dos adversários, algo que só acontece com vitórias. As primeiras vitórias são por isso determinantes. É preciso ganhar e saber transformar a vitória momentânea em algo de mais estável. Aprender o que correu bem, o que contribuiu para essa vitória e repetir essa mesma prática, institucionalizá-la. Do roupeiro às camadas jovens, é preciso criar algo que permita manter-se, independemente das saídas e entradas.
Essa estrutura pode estar centrada a vários níveis. No Porto está centrada no Presidente, mas no Manchester United, por exemplo, está centrada no treinador, ou melhor no manager, pois as funções de Alex Ferguson e a razão pela qual ele é o líder da estrutura, residem nas suas competências, muito para além das de um simples treinador. O problema do Chelsea, neste momento, é esse mesmo: a existência de planos divergente para a criação dessa estrutura. Enquanto Mourinho quer seguir os passos de Ferguson, Abramovich quer centrar as decisões em seu torno. Em qualquer dos casos, tal exigirá eliminar a estrutura de Ferguson, pois o problema para os outros clubes é que só pode haver uma estrutura de cada vez. Por esta ser baseada em vitórias, não permite a existência de duas estruturas em simultâneo.
Daí projectos como os do Sporting, de garantir a estabilidade em primeiro lugar, podem dificilmente ter resultados. É que essa estabilidade só poder vir depois dos resultados e não o contrário. Para vencer é preciso apostar forte na conquista do título, querer ganhar e investir, investir mais que o dono da estrutura. E depois de conquistada a vitória, garantir que a conquista se repete e que as causas dessas mesmas vitórias se vão institucionalizando, significando isso o desmembramento da estrutura de um outro clube.
Até perceberem isso, Benfica e Sporting dificilmente deixarão de ser vencedores ocasionais.

quinta-feira, maio 17, 2007

Ontem 

No inicio da decada de 90, na epoca em que o Benfica de Eriksson foi derrotado pelo Milao no Prater de Viena na final da Taca dos Campeoes Europeus, o clube da Luz defrontou nos quartos de final o entao campeao sovietico, uma equipa ucraniana de nome inenarravel, o Dniepr Dnepopetrovsk. Nas meias, defrontou o (entao) colosso romeno, Steua de Bucareste. Hoje, as surpresas raramente aparecem atras da antiga cortina de ferro. Em 2003/2004 os 4 semifinalstas da Champions League foram todos clubes de dimensao media: Porto, Monaco, Corunha e Chelsea. A atipicidade encerra-se ai mesmo, pois de Leste ja nada de novo nos chegava. Apesar de tudo, uma certa "proletarizacao" da Taca Uefa, consequencia directa do aburguesamento crescente da CL, permitiu novo protagonismo aos de Leste. A vitoria do CSKA de Moscovo em Alvalade ha 2 epocas, a presenca nas meias finais do Steua de Bucareste na epoca passada, ou a boa campanha dos ucranianos do Shaktior Donestk esta epoca sao disso exemplo. Mas estes ja nao sao o mesmo de ha duas decadas atras. As principais figuras dos Dinamos e Spartaks de hojem em dia sao jogadores sul americanos, africanos e mesmo portugueses, espanhois, holandeses e por ai fora. So o orcamento do CSKA de Moscovo engole o dos nossos 3 grandes. O Dinamo de Kiev tenta a contratacao do treinador do campeao frances. Co Adriaanse, apos conquistar a dobradinha, foi treinar uma equipa de meio da tabela na longinqua Ucrania. Sa os tempos que correm.

O grande drama, esse sim, ´e o da presenca excessiva de clubes de Inglaterra, Espanha, Italia e Alemanha na CL. O novo presidente da UEFA ja deu a receita: reduzir a presenca de representantes destes paises nas competicoes europeias. Logicamente, teriamos os Dinamos e Spartaks a chegar mais longe, quica mesmo a conquistar o mais prestigiado trofeu clubistico europeu. Possivelmente capitaneados por internacionais brasileiros. E isso ´e uma boa noticia.

quarta-feira, maio 16, 2007

Tem mesmo de ser? 

Hoje é a final da Taça UEFA (ou será do Rei?). Tenho tentado ganhar alento para assistir ao jogo, mas ainda não consegui.

segunda-feira, maio 14, 2007

O amigo Abel 

Soube-se hoje que Abel Xavier, de 34 anos, vai representar o mesmo clube de David Beckham na próxima época, os LA Galaxy, depos de, leia-se, o inglês o ter convencido a aceitar a proposta. A concretizar-se a transferência será o 12º clube na vida do defesa direito mais loiro do futebol mundial. A carreira de Abel tem sido algo de verdadeiramente inacreditável. Para além de não ser normal representar tantos clubes durante uma carreira, é ainda menos normal fazê-lo em diversos clubes de grande nome, em diferentes países do globo. Com efeito, Abel xavier já passou por clubes em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Holanda, Turquia, Inglaterra e agora EUA, sendo estes todos os clubes por onde passou: Sporting, Estrela da Amadora, Benfica, Oviedo, PSV, Everton, Liverpool, Galatasaray, Roma, Hannover e Middlesbrough. Ao pé dele, os trajectos futebolísticos de jogadores como Simão ou João Vieira Pinto são verdadeiramente miseráveis. O mais extraordinário está no facto de ter conseguido tudo isto sem nunca se ter conseguido afirmar em nenhum clube (para além de jogar na posição menos mediática do futebol, lateral direito). Na verdade, para além da sua farta cabeleira loira, Abel Xavier será mais recordado no mundo do futebol pela mão que originou a vitória da França na meia-final do Euro2000, que propriamente pelo seu valor futebolístico. Não que tenha sido um mau jogador: simplesmente nunca foi muito bom.

sexta-feira, maio 11, 2007

A Europa do futebol 

Bratislava, Bucareste, Budapeste, Kiev, Tiblisi, Zagreb. A Europa do futebol dantes passava por aqui. Quando várias destas cidades ainda se encontravam sob a alçada soviética, recebiam as melhores equipas da Europa e viam jogar os melhores jogadores do mundo ao vivo. Eram os CSKAs, os Dinamos, os Spartaks. Isso passou a ser raro. Como também passou a ser raro em Aberdeen, Gotemburgo, Nicósia, Viena e várias outras cidades, que são parte integrante da Europa política, mas cada vez menos da do futebol. Esta Europa é hoje um luxo de uma minoria. Não só uma minoria de países, como crescentemente, uma minoria de clubes dentro desses mesmos países. Os lucros da Liga dos Campeões ajudam a criar esse crescente fosso entre grandes e pequenos. Há hoje mais a unir o Manchester United ao Barcelona, que ao Manchester CIty, apesar de jogarem na mesma cidade.
Com a excepção do Celtic de Glasgow e Porto, nenhuma das 16 equipas que passou à fase seguinta da competição era de um país que não França, Alemanha, Itália, Inglaterra ou Espanha. Às meias-finais chegaram três equipas inglesas e uma italiana. Até mesmo na Taça UEFA, cada vez menos interessante, o padrão é semelhante, só mudando o país: três equipas espanholas nas últimas quatro e uma final inteiramente espanhola. Será isto interessante para alguém?
O futebol europeu está numa fase híbrida, em que mantém estruturas do futebol desporto (competições nacionais, descidas e subidas de divisão..), mas, simultaneamente, adquire cada vez mais características do futebol entretenimento, na lógica do modelo americano. Em breve teremos competições fechadas e equipas a mudar de cidade, por esta não ser suficientemente rentável, ou por o poder local se recusar a construir um novo estádio. Teremos um campeonato europeu com um número reduzido de clubes que se encontram quatro ou cinco vezes por época. Mas será que é isso que realmente queremos? Será que queremos ver tantos Chelsea-Barcelona seguidos, que a partir de certa altura, deixam de ter qualquer significado? E como fica o resto, como ficam todas as restantes estruturas nacionais? Como ficam os países que apesar de agora também, politicamente, terem o estatuto 'europeu', quase que não o têm no futebol? Eu preferia as aventuras Europeias em que os grandes clubes europeus tinham de fazer viagens de dez horas para ir jogar ao outro lado da Europa; e onde nesse lado da Europa também havia grandes clubes.

segunda-feira, maio 07, 2007

De um lado e do outro 








De um lado juventude, alegria, golos, espectáculo e um veterano treinador, que apesar da idade, continua tão ambicioso como no primeiro dia; do outro, raça, determinação, simplicidade de processos e um jovem treinador, que apesar da idade, já ganhou quase tudo o que havia para ganhar no mundo do futebol. De um lado Cristiano Ronaldo e Rooney; do outro Terry, Lampard e Drogba. De um lado a unidade absoluta entre directores, treinador e jogadores; do outro, uma guerra civil com várias frentes. De um lado dinheiro americano; do outro, dinheiro russo. De um lado os vermelhos de Manchester; do outro os azuis de Londres. De um lado o título; do outro a frustração da derrota.

quinta-feira, maio 03, 2007

Liga dos Campeões? 

Ontem em San Siro, o AC Milan mostrou ao mundo que apesar de todos os problemas e confusões o calcio ainda é um campeonato de elite, onde a competitividade e a exigência pelo rigor táctico são, provavelmente, superiores a qualquer outro campeonato europeu.
Dito isto, estas meias-finais deixam que pensar sobre o rumo do futebol do Velho Continente. Nenhum dos dois finalistas foi campeão na época transacta (Liverpool ficou a 9 pontos do primeiro e Milan a mais de 15); nenhum dos finalistas esteve perto de ser campeão esta época. Numa Liga que se diz dos Campeões, é estranho que seja esta a final. Não é estranho em termos desportivos, pois nesse campo até é bem compreensível. Nunca foi fácil ser campeão e vencer a Liga dos Campeões, nem sequer quando ainda era Taça. O desgaste a que por exemplo Manchester United e Chelsea têm tido na luta pelo título é algo que o Liverpool não sente dede o fim de 2006, quando as suas hipóteses de entrar nessa luta se esfumaram. Ainda no fim-de-semana passado, enquanto Chelsea e Man Utd tiveram de colocar os seus melhores em campo, o Liverpool deu-se ao luxo de perder o seu jogo, para permitir que os seus títulares descansassem para o jogo de Terça. Mas se ser campeão ou estar na luta para isso são obstáculos mais do que vantagens na luta pela vitória na Liga dos Campeões, então a que propósito mantém o torneio esse nome?

quarta-feira, maio 02, 2007

A desilusão 

Parte do fascínio de José Mourinho residia no facto de ele ser arrogante com razão; no facto de cumprir o que prometia, sendo que o que prometia era bastante ambicioso; no aparente controlo constante da situação. Ontem essa imagem saiu fortemente desgastada de Anfield Road, o mesmo palco onde na época transacta o Benfica (apesar de ser com ajuda divina) derrotou o Liverpool por 2-0. A verdade é que Mourinho não foi capaz, pela segunda vez em 3 anos, de eliminar um Liverpool que no campeonato fica constantemente a milhas de distância do primeiro lugar e que tem no seu treinador a antítese de Mourinho: espanhol, moderado, incapaz de construir uma equipa consistente, mas tremendamente eficaz na Liga dos Campeões. O Chelsea nunca pareceu superior ao Liverpool e nos penalties, os Reds mostraram mais vontade de chegar à final. Mourinho criticou o Liverpool por não ter outro objectivo na época que não a Liga dos Campeões, mas a verdade é que se não era o único objectivo, a Liga dos Campeões era certamente (ou devia ser) a prioridade do Chelsea. Mourinho ainda pode vencer a FA Cup, mas a não ser que o Manchester City faça um milagre e o Chelsea derrote o Arsenal na próxima jornada, abrindo as portas ao título, esta será a pior época do treinador de Setúbal, desde que saiu da União de Leiria...
É verdade que Mourinho não pode ganhar sempre. Não há treinador que o consiga. Contudo, toda a imagem criada por Mourinho girava em torno dessa invencibilidade, até porque perder é algo que lhe custa sempre muito admitir. E o pior é que ontem não só perdeu, como desiludiu e Mourinho nunca tinha desiludido. Mesmo quando perdeu a Taça de Portugal contra o Benfica ou foi eliminado da Liga dos Campeões, sempre teve outro troféu importante para mostrar. Dificilmente tal acontecerá esta época. E assim, resta agora saber se Mourinho será capaz de saber gerir o sabor amargo da derrota ou se, pelo contrário, continuará a fazer passar uma imagem, que agora, por ter perdido e por ter desiludido, passou a ser desfasada da realidade?

segunda-feira, abril 30, 2007

Campeonato da Segunda Circular 

O Benfica empatou porque não tem um treinador com capacidade para transformar os bons jogadores de que dispõe numa equipa consistente. O Sporting empatou porque não tem jogadores para dar consistência à equipa. No fim, e apesar de se terem praticamente afastado a luta pelo título, os adeptos do Sporting no estádio vibraram com o resultado (assim como Paulo Bento, que achou, com a entrada de Tonel, que defender o 1-1 era melhor que arriscar ganhar). Os do Benfica nem por isso..

domingo, abril 29, 2007

Pode ser que não, mas... 

Logo à noite o árbitro vai errar, os ficais de linha vão errar, uma, duas três, quatro vezes... E no fim do jogo, o derrotado terá sempre forma de se desculpar. Quanto ao árbitro, esse, independemente da qualidade da sua arbitragem sairá sempre bem visto pelos delegados da Liga.

quinta-feira, abril 26, 2007

respect in the heat of battle 

Soccer: Rooney crowns thrilling night
By Rob Hughes
Wednesday, April 25, 2007
International Herald Tribune

There are nights in soccer when the game is played so well, when the sway of the contest is uncertain to the last, when teams respect the different culture of the opponents and 73,820 people are left singing in the rain.

Tuesday at Old Trafford in Manchester was such a night.

It may be a form of madness. It is certainly an escape from humdrum routine. And after the recent violence between English and Italian fans, it was also an almighty relief to see Mancunians and Milanese respond in the stands to the spirit displayed on the pitch.

That Manchester United won, 3-2, against AC Milan is inconclusive because there is a second leg to come in Milan's San Siro stadium next Wednesday. This Champions League semifinal is not over.

Alex Ferguson, United's manager for more than 20 years, looks forward rather than back: "We have an outstanding chance now," he said. "With the speed of our game, I believe we will score in Italy. Whether it will be enough, I don't know. It will not be easy - but it will not be easy for them either."

As Ferguson speaks, you can feel the competitive nature ooze from him. He is of pensionable age, but exudes imperishable adventure. He wants to win this trophy again, and even though his first-choice back four was absent because of injuries Tuesday, he expected his team to outscore Milan.

The Italians were nursing a different kind of frailty. Carlo Ancelotti had his full squad available, but key players are trying to defy Old Father Time.

They have quality, which is why Ancelotti clings to them. But when, like his captain Paolo Maldini, a man has played at this level longer than some of the direct opponents have been alive, something, somewhere, has to give.

Ancelotti tried to gain an advantage by resting his senior side from last Saturday's Serie A match at Siena. He tried, the silver fox, to send out messages that Milan has such medical care, such performance-related data, that they possess some kind of elixir. It would make Maldini, two months short of his 39th birthday, and the other 30-somethings in Milan shirts last for one final Champions League hurrah.

By halftime, the knee of Maldini that needs surgery in the summer, had given way. In less than an hour, Gennaro Gattuso, whose running, scuffling, tackling energy is so vital in midfield, was also off, injured by his own hyperactive combativeness.

Their leader, and their fighter both sidelined, Milan knew that it had 30 minutes to hold out against the irrepressible youth of United.

It had already been quite a contest. United led in the fifth minute when Dida, Milan's Brazilian goalie, failed to impose his 6-foot-5, or 1.96 meter, frame in his goalmouth. He came, he stopped, he watched as Cristiano Ronaldo rose to a Ryan Giggs corner kick.

Ronaldo's header struck Dida's chest and looped into the air. In panic, the goalkeeper stretched back, but managed only to tip the ball over his line.

Dida had been uncertain before the game because of a shoulder injury. Yet subsequent saves, eight of them, showed that there was nothing physically lacking. Perhaps, something was not quite match tight in his mind.

Milan's experience is mighty. Its other Brazilian, Kaká, is among the best young talents on earth. After 22 and again after 38 minutes, Kaká stole through confusion in United's make-shift defense.

He preyed on the lack of understanding between Gabriel Heinze, Wes Brown and Patrice Evra. His swift, smooth acceleration bewitched them, his cool, calm finishing at ground level gave goalkeeper Edwin van der Sar no chance. United was 2-1 down.

"Attack, attack, attack!" bayed the home crowd.

That is manager Ferguson's instinct too, especially when he is cornered.

"The manager told us at halftime to keep pushing," said Wayne Rooney. "He said keep going and you'll get goals."

Rooney is a simple lad, a talented, strong, persevering 21-year-old. Maldini would have struggled to keep pace with him even if the Italian had been able to come out for the second half.

It is likely that Gattuso's combativeness would have delayed the equalizer, which came six minutes after he was carried off with a foot injury. In the space where Gattuso might have been, Paul Scholes had the freedom to indulge in a piece of instinctive brilliance.

With the outside of his foot he flicked the ball over a defender, Rooney's hunger did the rest. He forced his way into the gap and took the goal at short range.

After that, with the ebb and flow of the match expertly handled by the Greek referee Kyros Vassaras, Milan tried to see out the 90 minutes, United tried to win.

Dida, flying high and flying low, kept out shots from Ronaldo, from Darren Fletcher, Giggs, Michael Carrick and Rooney.

Two minutes were added for the injury to Gattuso and substitutions. A minute was enough for Rooney. Giggs, at 33 entering Italian vintage, won the ball just inside Milan's half, ran 50 yards and timed his pass perfectly.

Rooney, without attempting to take a touch to control the moving ball, struck it low, hard and straight. Dida should have had his near post covered, but was taken by surprise by the instant shot.

One lasting, memorable example of this unremitting and fair spirited match remains.

In the 77th minute, Cristiano Ronaldo and Alessandro Nesta raced flat out for the ball. Ronaldo is probably the quickest mover in modern soccer, Nesta can sense danger at 20 paces.

As they ran, stride for stride, Nesta finally made his tackle for the ball. The momentum carried both players forcefully into advertising boards behind the goal. Bruised and winded, they lay there until Ronaldo reached out to shake Nesta's hand: respect in the heat of battle.

quarta-feira, abril 25, 2007

Saudades do futuro 



terça-feira, abril 24, 2007

culturas futebolisticas que nos escapam 

Sabado solarengo, 3 e meia da tarde...o Herta de Berlim, descansado a meio da tabela e sem nada por que lutar, recebe o surpreendentemente aflito Borussia de Dortmund, no mitico Olimpico de Berlim.

Assistencia: 65,000 pessoas


Na vizinha Holanda, o historico Feyenoord agoniza no quinto lugar da tabela, acumulando desaires atras de desaires. A banheira de Roterdao, essa, esta sempre cheia. O Den Haag, ja condenado, enche o seu estadio.

Nenhum pequeno jogador holandes no seu juizo perfeito trocaria um Den Haag por um Leiria, Naval ou mesmo um Bragazinho.

Verdadeira cultura de e do futebol, essa tem-na outros

Outras estrelas 

Ao intervalo do jogo em Old Trafford, confirma-se aquilo que pouco se costuma afirmar: existem grandes jogadores para alem de Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Messi, Lampard e demais. Kaka ´e um enorme jogador. E na pequena cidade hanseatica de Bremen mora outro brasileiro que va-se la saber porque nao joga em Inglaterra ( e por isso nao ´e bem uma estrela) - Diego (que ironia das ironias, preferiu assinar pelo FCP em vez do Tottenham ha cerca de 3 anos atras...

terça-feira, abril 17, 2007

Perguntas de Inverno 

Perguntei isto em Dezembro último:

O treinador do Benfica tem de ter provas dadas enquanto treinador ao mais alto nível; tem de saber unir o plantel em torno de objectivos; em suma, tem de merecer a confiança e sobretudo uma dedicação a toda a prova por parte dos seus jogadores. E Fernando Santos não cabe neste perfil. Será que alguém reparará nisso antes do fim da época ou veremos o Benfica a oscilar entre jogos miseráveis e raras vitórias graças aos contra-ataques de dois jogadores que teriam lugar em vários grandes da Europa, como é o caso de Simão e Miccoli?

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