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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Chelsea e o futuro do futebol 

A Inglaterra sempre esteve na vanguarda do futebol, pelos bons e maus motivos. Foi aqui que o desporto nasceu; foi aqui que o futebol enquanto negócio se afirmou primeiro; foi aqui que Chapman fez os primeiros avanços nos sistemas tácticos; foi aqui o primeiro sítio onde os estádios passaram a ter lugares sentados na sua totalidade. De uma forma ou de outra, o núcleo central do futebol enquanto fenómeno social de massas, foi sempre aqui.
Na actualidade, a Inglaterra continua a estar na vanguarda do futebol mundial. A organização do futebol profissional em Inglaterra é a que mais se aproxima aos super-profissionais sistemas desportivos norte-americanos. A projecção global dos clubes britânicos só tem igual com Real Madrid e Barcelona. A Premiership League passou a ser o centro de uma disputa global de multi-milionários interessados em projectar o seu nome para lá do mundo da alta finança ou simplesmente em rentabilizar um investimento que é a aquisição de um clube de futebol. Desde os gigantes Liverpool, Manchester United e Chelsea, ao mais modesto West Ham, vários clubes britânicos estão a ser adquiridos por capital estrangeiro. O elevado grau de fidelidade dos adeptos, juntamente com o facto de Londres se estar a afirmar como a principal capital financeira do mundo, podem estar a fazer com que o campeonato inglês se torne, no curto-prazo, a NBA do futebol, atraindo todos os grandes talentos do futebol mundial.
O facto de se estar na vanguarda significa também que se está num limite cujo próximo passo é o desconhecido. E a verdade é que a louca corrida aos clubes ingleses dos últimos 4-5 anos ainda não permitiu vislumbrar todas as consequências que tal injecção de capital e mediatismo acarretam para o futebol inglês. A grande discussão na actualidade gira em torno da ligeira quebra nas assistências (passaram de uma média de cerca de 33 mil para 30 mil), principalmente entre os clubes da parte baixa da tabela. Pagar entre 60 e 100 euros para ver um jogo entre equipas como o Fulham, o West Ham ou o Reading, passou a ser normal. E se é verdade que o nível de vida no Reino Unido não é baixo, quando comparando com outros espectáculos, o futebol começou, sem dúvida, a ficar demasiado caro, afastando com isso os adeptos que fizeram do jogo aquilo que ele é hoje, pesosas de rendimentos baixos, normalmente ligados à indústria, que tinham no futebol e na sua ligação ao clube da terra uma forma de alienação do 'mundo real'. Por isso, o próprio ministro, Tony Blair, veio agora a público apelar para que os clubes baixassem os preços dos bilhetes, para que os desfavorecidos e também os jovens pudessem assistir aos jogos das suas equipas.
Contudo, esta questão dos bilhetes faz parte de uma questão mais abrangente que tem a ver com as alterações de relacionamento entre clubes e adeptos. Apesar de propriedade privada, os clubes em Inglaterra quase sempre estiveram nas mãos de nacionais, normalmente adeptos desse mesmo clube. Além do mais os valores envolvidos no jogo não eram grandes o suficiente para que os adeptos sentissem que havia um fosso inultrapassável entre donos e adeptos. A aquisição e o investimento por parte do multi-milionários e a respectiva projecção dos clubes para a esfera global tem, contudo, feito com que a importância desses mesmos adeptos locais tenha diminuído. O que resta saber é até que ponto.
A permanência ou não de Mourinho no Chelsea poderá mostrar-nos algo nesse aspecto. Segundo as últimas declarações do mesmo, ele só sairá se for despedido. Segundo Abramovich, Mourinho está de saída por iniciativa própria. A questão que se coloca é o que acontecerá se Mourinho for despedido depois de ganhar tudo que havia para ganhar? Se o desentendimento entre os dois se situa a um nível pessoal, não parece que o milionário russo fique particularmente impressionado com troféus. Mas se Mourinho ganha e se os adeptos o idolatram será que despedi-lo será do interesse do clube? Não me parece. Mas se não é do interesse do clube, será que só por ser dele, Abramovich pode fazer o que bem lhe apetecer, mesmo que isso seja prejudicial? Como reagirão os adeptos?
Até agora os adeptos do Chelsea têm apoiado o milionário russo porque ele injectou milhões de libras nos cofres do clube e com isso trouxe sucesso e títulos. Isto é, fez aquilo que os adeptos queriam. Mas qual será a reacção dos mesmos quando virem que Abramovich usa o clube de acordo com os seus gostos e interesses pessoais, mesmo quando estes não correspondem aos do clube? Nos fóruns de discussão do Chelsea, há três grandes argumentos. Um primeiro, de adeptos que dizem que os treinadores passam, mas o clube fica - que correspondem àqueles adeptos que ainda estão deslumbrados com tanto sucesso de um clube que até há pouco estava habituado a pouco ganhar. Um segundo, de adeptos que julgam ainda ter importância, que falam em boicote aos jogos. Por fim, um terceiro grupo que diz não acreditar que Mourinho saia, ponto. Este é o grupo dos que não querem ter de decidir entre fechar os olhos ou tomar medidas drásticas.
O argumento que sair vitorioso desta disputa será relevante não só para o futuro do Chelsea, mas provavelmente para o do futebol em geral. Uma eventual vitória dos caprichos de Abramovich mostrará que os clubes de futebol enquanto fenónomenos de pertença colectiva têm os dias contados, pelo menos, na alta roda do futebol britânico, e provavelmente europeu. E aí entraremos num desconhecido de prognóstico reservado.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Harvard, Bifanas e Candonga 

"Os adeptos argentinos, conhecidos pela predisposição para a violência, continuam a fazer negócio com o futebol e, nesta altura, dedicam parte do seu tempo a ensinar os seus métodos a colombianos e mexicanos.

Um grupo de «Barra Bravas», claque do Boca Juniors, tem realizado vários congressos onde, a troco de alguns dólares, explicam como praticam actos de extorsão, exploração e violência.

Segundo o jornal Olé, Pachuca (México) e Cali (Colômbia) receberam no ano passado essas reuniões, onde os argentinos falaram sobre a forma de extorquir dinheiro a dirigentes e jogadores, vender ingressos mais caros e cobrar dinheiro aos vendedores que trabalham nas proximidades dos estádios.

«A claque do Boca é a Harvard para os barras de todo o mundo», considera Rafael di Zeo, chefe dos «Barra Brava» do Boca Juniors." - MaisFutebol

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