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segunda-feira, maio 21, 2007

Campeão por defeito 

O Porto é campeão. 30 jornadas depois, está encontrado o novo campeão, o mesmo da época anterior. Tal como em 2005/2006 os azuis e brancos pouco ou nada se destacaram em relação aos mais directos adversários. Aliás, no confronto directo, Porto, Benfica e Sporting terminaram empatados, com 5 pontos cada. No final 2 pontos a separar os três primeiros só prova que o campeonato ficou decido por detalhes. Mas a verdade é que, desde a chegada de Pinto da Costa, que quando um campeonato se decide assim, sem ninguém se afirmar declaradamente como a melhor equipa, é o Porto que acaba por vencer, tal como fazia o Benfica nos anos 60 e 70. Isto deve-se à estrutura.
O clube que consegue criar uma estrutura sólida terá sempre garantido os títulos por defeito. O Porto criou essa estrutura, criando condições para que, independentemente da equipa ou do treinador, os resultados pudessem aparecer na ausência de candidatos fortes. E como se cria essa estrutura? A base é uma liderança forte. É preciso haver um líder que garanta a admiração dos seus e o receio dos adversários, algo que só acontece com vitórias. As primeiras vitórias são por isso determinantes. É preciso ganhar e saber transformar a vitória momentânea em algo de mais estável. Aprender o que correu bem, o que contribuiu para essa vitória e repetir essa mesma prática, institucionalizá-la. Do roupeiro às camadas jovens, é preciso criar algo que permita manter-se, independemente das saídas e entradas.
Essa estrutura pode estar centrada a vários níveis. No Porto está centrada no Presidente, mas no Manchester United, por exemplo, está centrada no treinador, ou melhor no manager, pois as funções de Alex Ferguson e a razão pela qual ele é o líder da estrutura, residem nas suas competências, muito para além das de um simples treinador. O problema do Chelsea, neste momento, é esse mesmo: a existência de planos divergente para a criação dessa estrutura. Enquanto Mourinho quer seguir os passos de Ferguson, Abramovich quer centrar as decisões em seu torno. Em qualquer dos casos, tal exigirá eliminar a estrutura de Ferguson, pois o problema para os outros clubes é que só pode haver uma estrutura de cada vez. Por esta ser baseada em vitórias, não permite a existência de duas estruturas em simultâneo.
Daí projectos como os do Sporting, de garantir a estabilidade em primeiro lugar, podem dificilmente ter resultados. É que essa estabilidade só poder vir depois dos resultados e não o contrário. Para vencer é preciso apostar forte na conquista do título, querer ganhar e investir, investir mais que o dono da estrutura. E depois de conquistada a vitória, garantir que a conquista se repete e que as causas dessas mesmas vitórias se vão institucionalizando, significando isso o desmembramento da estrutura de um outro clube.
Até perceberem isso, Benfica e Sporting dificilmente deixarão de ser vencedores ocasionais.

quinta-feira, maio 17, 2007

Ontem 

No inicio da decada de 90, na epoca em que o Benfica de Eriksson foi derrotado pelo Milao no Prater de Viena na final da Taca dos Campeoes Europeus, o clube da Luz defrontou nos quartos de final o entao campeao sovietico, uma equipa ucraniana de nome inenarravel, o Dniepr Dnepopetrovsk. Nas meias, defrontou o (entao) colosso romeno, Steua de Bucareste. Hoje, as surpresas raramente aparecem atras da antiga cortina de ferro. Em 2003/2004 os 4 semifinalstas da Champions League foram todos clubes de dimensao media: Porto, Monaco, Corunha e Chelsea. A atipicidade encerra-se ai mesmo, pois de Leste ja nada de novo nos chegava. Apesar de tudo, uma certa "proletarizacao" da Taca Uefa, consequencia directa do aburguesamento crescente da CL, permitiu novo protagonismo aos de Leste. A vitoria do CSKA de Moscovo em Alvalade ha 2 epocas, a presenca nas meias finais do Steua de Bucareste na epoca passada, ou a boa campanha dos ucranianos do Shaktior Donestk esta epoca sao disso exemplo. Mas estes ja nao sao o mesmo de ha duas decadas atras. As principais figuras dos Dinamos e Spartaks de hojem em dia sao jogadores sul americanos, africanos e mesmo portugueses, espanhois, holandeses e por ai fora. So o orcamento do CSKA de Moscovo engole o dos nossos 3 grandes. O Dinamo de Kiev tenta a contratacao do treinador do campeao frances. Co Adriaanse, apos conquistar a dobradinha, foi treinar uma equipa de meio da tabela na longinqua Ucrania. Sa os tempos que correm.

O grande drama, esse sim, ´e o da presenca excessiva de clubes de Inglaterra, Espanha, Italia e Alemanha na CL. O novo presidente da UEFA ja deu a receita: reduzir a presenca de representantes destes paises nas competicoes europeias. Logicamente, teriamos os Dinamos e Spartaks a chegar mais longe, quica mesmo a conquistar o mais prestigiado trofeu clubistico europeu. Possivelmente capitaneados por internacionais brasileiros. E isso ´e uma boa noticia.

quarta-feira, maio 16, 2007

Tem mesmo de ser? 

Hoje é a final da Taça UEFA (ou será do Rei?). Tenho tentado ganhar alento para assistir ao jogo, mas ainda não consegui.

segunda-feira, maio 14, 2007

O amigo Abel 

Soube-se hoje que Abel Xavier, de 34 anos, vai representar o mesmo clube de David Beckham na próxima época, os LA Galaxy, depos de, leia-se, o inglês o ter convencido a aceitar a proposta. A concretizar-se a transferência será o 12º clube na vida do defesa direito mais loiro do futebol mundial. A carreira de Abel tem sido algo de verdadeiramente inacreditável. Para além de não ser normal representar tantos clubes durante uma carreira, é ainda menos normal fazê-lo em diversos clubes de grande nome, em diferentes países do globo. Com efeito, Abel xavier já passou por clubes em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Holanda, Turquia, Inglaterra e agora EUA, sendo estes todos os clubes por onde passou: Sporting, Estrela da Amadora, Benfica, Oviedo, PSV, Everton, Liverpool, Galatasaray, Roma, Hannover e Middlesbrough. Ao pé dele, os trajectos futebolísticos de jogadores como Simão ou João Vieira Pinto são verdadeiramente miseráveis. O mais extraordinário está no facto de ter conseguido tudo isto sem nunca se ter conseguido afirmar em nenhum clube (para além de jogar na posição menos mediática do futebol, lateral direito). Na verdade, para além da sua farta cabeleira loira, Abel Xavier será mais recordado no mundo do futebol pela mão que originou a vitória da França na meia-final do Euro2000, que propriamente pelo seu valor futebolístico. Não que tenha sido um mau jogador: simplesmente nunca foi muito bom.

sexta-feira, maio 11, 2007

A Europa do futebol 

Bratislava, Bucareste, Budapeste, Kiev, Tiblisi, Zagreb. A Europa do futebol dantes passava por aqui. Quando várias destas cidades ainda se encontravam sob a alçada soviética, recebiam as melhores equipas da Europa e viam jogar os melhores jogadores do mundo ao vivo. Eram os CSKAs, os Dinamos, os Spartaks. Isso passou a ser raro. Como também passou a ser raro em Aberdeen, Gotemburgo, Nicósia, Viena e várias outras cidades, que são parte integrante da Europa política, mas cada vez menos da do futebol. Esta Europa é hoje um luxo de uma minoria. Não só uma minoria de países, como crescentemente, uma minoria de clubes dentro desses mesmos países. Os lucros da Liga dos Campeões ajudam a criar esse crescente fosso entre grandes e pequenos. Há hoje mais a unir o Manchester United ao Barcelona, que ao Manchester CIty, apesar de jogarem na mesma cidade.
Com a excepção do Celtic de Glasgow e Porto, nenhuma das 16 equipas que passou à fase seguinta da competição era de um país que não França, Alemanha, Itália, Inglaterra ou Espanha. Às meias-finais chegaram três equipas inglesas e uma italiana. Até mesmo na Taça UEFA, cada vez menos interessante, o padrão é semelhante, só mudando o país: três equipas espanholas nas últimas quatro e uma final inteiramente espanhola. Será isto interessante para alguém?
O futebol europeu está numa fase híbrida, em que mantém estruturas do futebol desporto (competições nacionais, descidas e subidas de divisão..), mas, simultaneamente, adquire cada vez mais características do futebol entretenimento, na lógica do modelo americano. Em breve teremos competições fechadas e equipas a mudar de cidade, por esta não ser suficientemente rentável, ou por o poder local se recusar a construir um novo estádio. Teremos um campeonato europeu com um número reduzido de clubes que se encontram quatro ou cinco vezes por época. Mas será que é isso que realmente queremos? Será que queremos ver tantos Chelsea-Barcelona seguidos, que a partir de certa altura, deixam de ter qualquer significado? E como fica o resto, como ficam todas as restantes estruturas nacionais? Como ficam os países que apesar de agora também, politicamente, terem o estatuto 'europeu', quase que não o têm no futebol? Eu preferia as aventuras Europeias em que os grandes clubes europeus tinham de fazer viagens de dez horas para ir jogar ao outro lado da Europa; e onde nesse lado da Europa também havia grandes clubes.

segunda-feira, maio 07, 2007

De um lado e do outro 








De um lado juventude, alegria, golos, espectáculo e um veterano treinador, que apesar da idade, continua tão ambicioso como no primeiro dia; do outro, raça, determinação, simplicidade de processos e um jovem treinador, que apesar da idade, já ganhou quase tudo o que havia para ganhar no mundo do futebol. De um lado Cristiano Ronaldo e Rooney; do outro Terry, Lampard e Drogba. De um lado a unidade absoluta entre directores, treinador e jogadores; do outro, uma guerra civil com várias frentes. De um lado dinheiro americano; do outro, dinheiro russo. De um lado os vermelhos de Manchester; do outro os azuis de Londres. De um lado o título; do outro a frustração da derrota.

quinta-feira, maio 03, 2007

Liga dos Campeões? 

Ontem em San Siro, o AC Milan mostrou ao mundo que apesar de todos os problemas e confusões o calcio ainda é um campeonato de elite, onde a competitividade e a exigência pelo rigor táctico são, provavelmente, superiores a qualquer outro campeonato europeu.
Dito isto, estas meias-finais deixam que pensar sobre o rumo do futebol do Velho Continente. Nenhum dos dois finalistas foi campeão na época transacta (Liverpool ficou a 9 pontos do primeiro e Milan a mais de 15); nenhum dos finalistas esteve perto de ser campeão esta época. Numa Liga que se diz dos Campeões, é estranho que seja esta a final. Não é estranho em termos desportivos, pois nesse campo até é bem compreensível. Nunca foi fácil ser campeão e vencer a Liga dos Campeões, nem sequer quando ainda era Taça. O desgaste a que por exemplo Manchester United e Chelsea têm tido na luta pelo título é algo que o Liverpool não sente dede o fim de 2006, quando as suas hipóteses de entrar nessa luta se esfumaram. Ainda no fim-de-semana passado, enquanto Chelsea e Man Utd tiveram de colocar os seus melhores em campo, o Liverpool deu-se ao luxo de perder o seu jogo, para permitir que os seus títulares descansassem para o jogo de Terça. Mas se ser campeão ou estar na luta para isso são obstáculos mais do que vantagens na luta pela vitória na Liga dos Campeões, então a que propósito mantém o torneio esse nome?

quarta-feira, maio 02, 2007

A desilusão 

Parte do fascínio de José Mourinho residia no facto de ele ser arrogante com razão; no facto de cumprir o que prometia, sendo que o que prometia era bastante ambicioso; no aparente controlo constante da situação. Ontem essa imagem saiu fortemente desgastada de Anfield Road, o mesmo palco onde na época transacta o Benfica (apesar de ser com ajuda divina) derrotou o Liverpool por 2-0. A verdade é que Mourinho não foi capaz, pela segunda vez em 3 anos, de eliminar um Liverpool que no campeonato fica constantemente a milhas de distância do primeiro lugar e que tem no seu treinador a antítese de Mourinho: espanhol, moderado, incapaz de construir uma equipa consistente, mas tremendamente eficaz na Liga dos Campeões. O Chelsea nunca pareceu superior ao Liverpool e nos penalties, os Reds mostraram mais vontade de chegar à final. Mourinho criticou o Liverpool por não ter outro objectivo na época que não a Liga dos Campeões, mas a verdade é que se não era o único objectivo, a Liga dos Campeões era certamente (ou devia ser) a prioridade do Chelsea. Mourinho ainda pode vencer a FA Cup, mas a não ser que o Manchester City faça um milagre e o Chelsea derrote o Arsenal na próxima jornada, abrindo as portas ao título, esta será a pior época do treinador de Setúbal, desde que saiu da União de Leiria...
É verdade que Mourinho não pode ganhar sempre. Não há treinador que o consiga. Contudo, toda a imagem criada por Mourinho girava em torno dessa invencibilidade, até porque perder é algo que lhe custa sempre muito admitir. E o pior é que ontem não só perdeu, como desiludiu e Mourinho nunca tinha desiludido. Mesmo quando perdeu a Taça de Portugal contra o Benfica ou foi eliminado da Liga dos Campeões, sempre teve outro troféu importante para mostrar. Dificilmente tal acontecerá esta época. E assim, resta agora saber se Mourinho será capaz de saber gerir o sabor amargo da derrota ou se, pelo contrário, continuará a fazer passar uma imagem, que agora, por ter perdido e por ter desiludido, passou a ser desfasada da realidade?

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