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sexta-feira, maio 11, 2007

A Europa do futebol 

Bratislava, Bucareste, Budapeste, Kiev, Tiblisi, Zagreb. A Europa do futebol dantes passava por aqui. Quando várias destas cidades ainda se encontravam sob a alçada soviética, recebiam as melhores equipas da Europa e viam jogar os melhores jogadores do mundo ao vivo. Eram os CSKAs, os Dinamos, os Spartaks. Isso passou a ser raro. Como também passou a ser raro em Aberdeen, Gotemburgo, Nicósia, Viena e várias outras cidades, que são parte integrante da Europa política, mas cada vez menos da do futebol. Esta Europa é hoje um luxo de uma minoria. Não só uma minoria de países, como crescentemente, uma minoria de clubes dentro desses mesmos países. Os lucros da Liga dos Campeões ajudam a criar esse crescente fosso entre grandes e pequenos. Há hoje mais a unir o Manchester United ao Barcelona, que ao Manchester CIty, apesar de jogarem na mesma cidade.
Com a excepção do Celtic de Glasgow e Porto, nenhuma das 16 equipas que passou à fase seguinta da competição era de um país que não França, Alemanha, Itália, Inglaterra ou Espanha. Às meias-finais chegaram três equipas inglesas e uma italiana. Até mesmo na Taça UEFA, cada vez menos interessante, o padrão é semelhante, só mudando o país: três equipas espanholas nas últimas quatro e uma final inteiramente espanhola. Será isto interessante para alguém?
O futebol europeu está numa fase híbrida, em que mantém estruturas do futebol desporto (competições nacionais, descidas e subidas de divisão..), mas, simultaneamente, adquire cada vez mais características do futebol entretenimento, na lógica do modelo americano. Em breve teremos competições fechadas e equipas a mudar de cidade, por esta não ser suficientemente rentável, ou por o poder local se recusar a construir um novo estádio. Teremos um campeonato europeu com um número reduzido de clubes que se encontram quatro ou cinco vezes por época. Mas será que é isso que realmente queremos? Será que queremos ver tantos Chelsea-Barcelona seguidos, que a partir de certa altura, deixam de ter qualquer significado? E como fica o resto, como ficam todas as restantes estruturas nacionais? Como ficam os países que apesar de agora também, politicamente, terem o estatuto 'europeu', quase que não o têm no futebol? Eu preferia as aventuras Europeias em que os grandes clubes europeus tinham de fazer viagens de dez horas para ir jogar ao outro lado da Europa; e onde nesse lado da Europa também havia grandes clubes.

Comments:
Grande, grande, grande post! Muito bom, nada a apontar, apenas dizer q assino por baixo!
 
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