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quarta-feira, junho 30, 2004

Quanto mais não seja, para contrariar este palhaço da Marca 

J. Carlos Jurado
Holanda está a un paso de recuperar su prestigio interncional dentro del mundo del fútbol, y a buen seguro que no va a dejar escapar esta oportunidad. Portugal llega a este partido muy presionado. Es el anfitrión del torneo ,y todo el país está volcado en la Eurocopa, mientras que Holanda no tiene nada que perder. Si por algo se ha caracterizado la selección 'oranje' es por su constancia. Si nos olvidamos de su fracaso en el Mundial de Japón y Corea, en el que no logró clasificarse, los holandeses suelen rendir a gran nivel en todas las citas internacionales, pero su mala relación con la tanda de penaltis le obliga a irse siempre con las manos vacías. Así, en la Eurocopa del 2000 y en el Mundial del 98 los 'tulipanes' cayeron en semifinales por penaltis ante Italia y Brasil, respectivamente. Pero si nos fijamos en el potencial de cada selección, Holanda se me antoja muy superior a Portugal. Sólo el estado de forma de Van Nistelrooy debe asustar ya de por sí a cualquier equipo. El delentero del Manchester United, que es pretendido por medio mundo y por el otro también, ha anotado ya cuatro goles ,y es un firme candidato a liderar la lista de máximos realizadores de la Eurocopa. Si Van Nistelrooy tiene su olfato goleador a punto, Holanda estará en la final.


terça-feira, junho 29, 2004

Desconfiar da Laranja 

Espera-nos a laranja mecânica. Como tinha aqui afirmado poucos dias antes do inicio da prova, esta Holanda tem qualidade suficiente para poder chegar a uma final de um europeu. Tem sido no entanto por demais evidente que a este grupo continua a faltar o espírito de equipa que hoje chega e sobra nas restantes 3 selecções semifinalistas. A laranja de Advocaat tem tido a sorte a acompanhá-la neste torneio, mas diga-se em abono da verdade, uma sorte pela qual bem tem lutado. No primeiro jogo, frente aos grandes rivais alemães, não mereceria ter saído derrotada. Com os checos foi vítima da inspiração da linha avançada dos pupilos de Brückner. Frente à Letónia, fez o que lhe competia, o que já é muito se compararmos com outros "tubarões" que preferiam esperar por um momento de inspiração das suas estrelas (onde estiveram Henry, Totti, Beckham, Raúl, Ballack?). No jogo com a Suécia, desmontaram a terrível maldição dos penalties, que os acompanhava desde 1992(e não somente desde 96 como muitos comentadores afirmaram, em 92 também perderam nas semifinais com a fabulosa Dinamarca; em 96 foi a vez de perderem com a França nos quartos; em 98 nas meias contra o Brasil e finalmente em 2000, também nas meias, contra a Itália). A laranja de Robben, Van Nistelrooy&Co poderá apenas ser uma laranjinha. Advocaat impôs um estilo conservador, mantendo no banco jogadores como Kluivert, Van Hooijdonk e mesmo Makaay, deixando assim o ponta de lança do ManU sozinho na frente. A Holanda não assusta? Talvez assim seja, mas querem apostar que vamos ter prolongamento no Alvalade XXI?

segunda-feira, junho 28, 2004

O futebol dos pequenitos 

Como previsto, checos e holandeses também estão nas meias-finais. Dos favoritos, somente a França ficou pelo caminho. A sua eliminação não era difícil de prever. Com um jogo lento, sem soluções, com um treinador que não arriscou um milímetro, a França foi penosamente afastada deste europeu. Um europeu que mais parece dos pequenitos, tal o domínio dos habitualmente menos ouvidos na Europa de Bruxelas pelos campos de Portugal. Os gigantes, ou antes gigantones, tal a forma como foram gozados, saem sem honra nem glória do mais importante campeonato europeu. A França foi a última, mas já antes, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido tinham caído. Dos três, que em Nice passaram a cinco, nenhum ficou para contar a história do Europeu - tal como nenhum clube grande ficou para contar a final da Liga dos Campeões. Será que estamos perante a revolta dos pequenos (sim, porque em termos de equipas, a França faz parte dos pequenos)? Sem dúvida.
A questão reside no estilo de jogo dentro das quatro linhas. O futebol está a ficar demasiado rápido, sem tempo para se pensar e o futebol sem ser pensado perde beleza. Está também a atingir um nível táctico que em breve transformará as equipas técnicas em batalhões de treinadores assistentes, à medida do futebol americano. Todos os jogadores são referenciados em termos estatísticos, sabendo-se, exactamente a que minuto passa a bola para esquerda, a posição do corpo quando chuta para a direita ou até o tempo exacto que aguenta dentro de campo ao mais alto nível. Em breve, as substituições far-se-ão por computador, saindo o jogador que menos corre ou que menos remates por posse de bola fez.
No meio de tudo isto, desaparece, lentamente, o lugar mágico do futebol - o 10. Rui Costa e Zidane são os últimos grandes desta espécie, os últimos românticos do futebol. Jogadores que não primam pela rapidez, antes pela forma suave como tratam a bola, pela elegância com que se movem em campo, pela inteligência que incutem ao jogo. Eles transmitem um misto de beleza e ordem que torna o futebol num desporto admirável. Mas isso hoje já não interessa. A beleza pode ser substituída pela velocidade e a ordem pode ser imposta de fora - foi isso que o Mourinho conseguiu fazer no Porto, apesar de Deco.
Em boa verdade, Deco faz parte dos falsos 10, daqueles que jogam com o número, que até ocupam posições semelhantes no relvado, mas que obedecem a uma lógica diferente da dos verdadeiros - têm mais de transpiração que de inspiração. Chamam-lhe o Mágico, mas ele, na verdade, não passa de um mero aprendiz. A sua capacidade técnica é boa e o seu esforço tremendo, mas faltam-lhe os momentos mágicos, aqueles que decidem um campeonato. O 10 não marca golos, só os importantes e no Porto quem os faz é o avançado Derlei e não Deco.
Saltemos para outro 10 da nova geração, Kaká. É um grande jogador que marca golos extraordinários. Substituiu Rui Costa no Milan, porque este já não tem capacidade física para um jogo inteiro ao ritmo do calcio. Kaká corre, joga e marca, mas não para, não coordena o jogo ofensivo da equipa, em suma, não é um 10.
Em boa verdade, estes estão a acabar. Já ninguém permite que um jogador só corra quando lhe apetece, que nunca defenda e que só jogue com a bola nos pés. No futebol actual, todos têm de defender, mesmo que só alguns ataquem; todos têm de correr, mesmo que só alguns joguem. Numa altura em que os jogadores assumem um estatuto de estrelas globais, contribuem cada vez menos para o sucesso das suas equipas, enquanto possuidores de atributos próprios.
É por essa ditadura do colectivo, robusto, defensivo e rápido que os pequenos têm cada vez mais peso. Equipas fisicamente fortes e rápidas são muito mais fáceis de formar, porque não exigem grandes investimentos.
A convergência futebolistica atinge-se, assim, à custa da beleza do jogo. Será um preço justo a pagar?

Uma auto-flagelação merecida 

We have to face it: English football is just no good

Any kind of win would only have prolonged the illusion

Martin Amis in Uruguay
Monday June 28, 2004
The Guardian

I must have been the only fan on earth who thought (for a full hour) that the England team had flopped out even earlier than it did: to Croatia. They like their football just fine down here, or they do when Uruguay is playing - or were playing, and winning their two Olympic Golds and two World Cups (the national team is now pitifully weak).
These days they are far, far more savagely engaged by how Peñarol did against Nacional than by anything achieved by their distant ancestors: the Spanish, the Italians, the Portuguese. When you catch any mention of "Eurocopa", down here, you know you are dealing with an intellectual.

Still, the tournament is ebulliently and chaotically covered by Fox Sports (pron. "folks spwarts"), which chose, last Monday, to show France v Switzerland in precedence to the simultaneous fixture, England v Croatia. I kept the TV on, ready and warm, and could hear from several rooms away the demented commentator's minute-long "Goooaaal!" and his crazed ditties about Zinedine Zidane and Thierry Henry.

I tiptoed in twice, early on in each half. During visit one, they briefly showed Croatia's first goal; during visit two, they briefly showed Croatia's second. And I thought: that's that. After the final whistle they stuck with the French celebrations and the same looped Adidas ad for about half an hour, while I submitted to the caustic hormones (familiar enough) of the failed jingo.

I was saying to myself: this is the punishment for the game against France. But I was also belatedly saying that the demeanour of the Croats, after their second strike, had not been the demeanour of a team that was now leading 2-0, or even 2-1. They would have been a wriggling heap of nudists; they would not have been hurrying back to the centre circle with the self-effacement of men who still had honest work to do.

Then Fox Sports flashed up the group placings: England with six points and a goal difference of 8-4. Then they flashed up the scoreline: Scholes (Scholes!), Rooney, Rooney, Lampard. Ten minutes later I sat back, with a bottle of Don Pascual, and feasted on the win. This, I submit, is the only bearable way of watching an England match, confident in the knowledge that, however hard they try, they can't possibly mess it up.

It was a genuinely charged performance, too, and the dynamo was the terrifying Wayne Rooney. When he smashed in his first goal, from that distance, from that angle, it was the way he shaped that stayed with you - like a gorilla, with fully demonstrative menace. Zidane twists, Henry glides; Rooney thunders. He is neither vicious nor undisciplined, but his is a game of applied violence. The sportsman he most resembles is not another footballer: it is the pre-decadent Mike Tyson. Behind Rooney, the midfield was for once as potent as it looks on paper. When the match was over it was possible to believe that the debacle against France had been survived, forgiven. Zidane in injury-time: that was just a nightmare. It never really happened.

But it did happen, and England v Portugal was, with variations, its grisly recurrence. When Owen scored in the third minute, the euphoria was soon qualified by the following intuition: with time added on, England were now going to spend an entire football match in frazzled defence, dropping back ever deeper, the beleaguerment solidified by ever-more paranoid substitutions. As Rooney limped off, after 20-odd minutes, you felt you were complicit in an act of unilateral disarmament. But by now it was taking some doing not to notice a qualitative difference between the teams: the abysmal gulf in technique.

The days when an England player's first touch could often be mistaken for an attempted clearance or a wild shot on goal - those days are over. The deficit is not in individual skill, it is in collective skill; it is in the apparently cultural indifference to possession . In 2004, football is no longer a dribbling game, still less a long-ball game (and how many balls did we float to our two haring midgets up front?); it is a possession game. The "clearance", as practised by England, is simply an anachronism. When an international defender heads it away, he heads it to a teammate. When we "clear" it, we just clear it, for two or three seconds.

After the match Eriksson talked of "possession" as if he thought of it as foreign frippery - as if he had succumbed to the masochistic machismo that says: You didn't score that time, did you? Have another crack.

During the second half it was a full-time job not noticing what the chasing game does to a side's morale. Pass it to a teammate? We couldn't even throw it to a teammate. A Martian, looking on, would have wondered at the mysterious discrepancy: whenever the ball went into touch, it seemed that it could only be reintroduced to a player in a red shirt. Portugal's equaliser was both completely inevitable and richly deserved. And then the crouched supporter was left to believe that England, this booting, blocking, sliding, nutting, hacking behemoth, this hysterical combine-harvester, was about to transform itself into an instrument of attack.

That it did so was a great tribute to the real but fading virtues of passion and will. It granted us the ritual of losing the shootout. Beckham "bravely" (ie vaingloriously) went first, and inspired his team by ballooning the kick without falling on his arse - which is what he did in Istanbul last October. (This time he blamed the penalty miss on the penalty spot, as, with infinite inanity, did Eriksson: "I complained personally to the Uefa official responsible about the penalty spot.")

How, by the way, did it ever get about that Beckham was good at penalties? He utterly lacks the steel for it. Maybe Scholes has it - but Scholes was off, physically spent. And if such a thoroughbred is out of gas at this point in the summer then so is everybody else in the Premiership. As a first step, on even-numbered years every player in the England squad should be rested for 10 games a season, by FA law.

As a second step, we must settle down to learning how to keep possession: how to retain the football. It is the best defence, it is the complete defence, as Brazil showed us in the quarter-finals of the last World Cup. The penalty shootout is a tawdry lottery, but any kind of win, for England, would have been a tawdry lottery, and would have meant the prolongation of illusion. Consider the statistics. For the main body of the match, Portugal have claim to twice as much possession, twice as many corners, and half as many fouls. At this level, we're no good, and we have to start again.

· Martin Amis's latest novel, Yellow Dog, is published by Vintage


sexta-feira, junho 25, 2004

Beckham, a Kournikova do futebol 


Só para quem quer ver 


Entre a imprensa espanhola e inglesa não se viu uma análise consensual, nem declaradamente elogiosa para Portugal. Tivemos coração; nunca desistimos, apesar de termos sofrido um golo cedo; fomos uma equipa adulta - foi o que de melhor se disse sobre nós. De resto, fomos tidos como nervosos, incapazes de criar perigo, apesar das actuações de Figo (mesmo assim, para os espanhóis, Portugal só começou a jogar quando este saiu) e Ronaldo, nos extremos. Somos tidos como uma equipa boa, mas não excelente.
Os ingleses, por sua vez, jogaram muito bem, o melhor possível, segundo alguns comentadores. A sua defesa foi tida como extraordinária. Até Beckham foi elogiado - a melhor actuação do Europeu: tacticamente perfeito.
Sendo assim, porque é que os ingleses perderam? A lesão de Rooney (caso contrário teria feito a defesa portuguesa em frangalhos), a felicidade das substituições de Scolari e, sobretudo, a maldição das grandes penalidades.
Nem por um só momento vi escrito que Portugal foi muito melhor que a Inglaterra, que a vitória nos penaltis foi uma recompensa de algo que devia ter acontecido no prolongamento, depois daquele golo de antologia do nosso eterno maestro. A verdade é que nós fomos melhores, desde o minuto três, jogámos com a raça que a sorte acompanha. Os ingleses foram uma nulidade no ataque e o pouco perigo que causaram foi de bola parada ou em bolas longas, atabalhoadas,como o seu principal jogador, David Beckham, a mais aberrante estrela de futebol de sempre. É um bom jogador, que consegue pôr a bola onde quer, mas isso é claramente insuficiente para ser uma estrela. Nos momentos decisivos desaparece, escondido junto à linha lateral. Já nem de bolas paradas marca golos, pior, falha golos decisivos quando chamado à responsabilidade: falhou na Turquia, falhou contra a França e falhou contra Portugal.
A imprensa internacional (especialmente a anglo-saxónica) tem uma família de atletas e treinadores globais que são os únicos que podem brilhar e vencer. Maniche, Costinha ou mesmo o grande Ricardo Carvalho não fazem parte dessa família. E como tal, quando se trata de analisar o jogo, o que interessa é Cristiano Ronaldo (candidato a entrar para a família), Figo e Scolari. O resto é paisagem. Do lado inglês, como a Premiership League é a mais mediática do mundo, todos são vedetas, desde o caceteiro Campbell ao medíocre Gary Neville. Por isso estes não podem jogar mal, ninguém joga mal contra uma paisagem, dois jogadores e um treinador. Como tal, as únicas justificações são as substituições de Scolari e a má sorte dos penaltis e da lesão de Rooney. Ou então, a mais hilariante de todas as justificações: o árbitro porque anulou um golo à Inglaterra. Se entrar com o guarda-redes pela baliza dentro é legal, então junto a minha indignação à do tablóide The Sun...
Entretanto, nós vamos vencendo.

terça-feira, junho 22, 2004

O acaso 

Dez dias volvidos, e já não somos cépticos optimistas, somente optimistas. Ao contrário de 2000, Portugal ainda não fez nenhum jogo espectacular, como contra a Inglaterra, nem tão categórico, como contra a Alemanha e Turquia. Contra a Grécia fomos miseráveis, contra a Rússia cumpridores e contra a Espanha valentes, dignos de qualquer padeira. Em nenhum deles, no entanto, esmagamos o adversário. Pelo contrário, em todos eles estivemos entre a desgraça e a glória. Será que não tinhamos ganho à Grécia se o Paulo Ferreira não tivesse falhado aquele passe? E o que aconteceria se o Ricardo Carvalho não tivesse impedido o avançado russo de empatar o jogo? E no Domingo, se o remate do Nuno não tivesse entrado, se a bola do Fernando Torres tivesse ido um pouco mais para a direita ou se o sempre presente Ricardo Carvalho não tivesse tirado uma bola da linha de golo?
O nosso apuramento tem sido feito - e creio que o mesmo se pode dizer das restantes equipas deste Europeu - por um conjunto de pequenas acções determinantes. Numa competição tão equilibrada como esta, é difícil que as coisas se decidam de outra forma. Mesmo o resultado mais desnivelado do torneio - a vitória da Suécia frente à Bulgária - foi conseguida devido a um pequeno momento determinante. Não tivesse Larsson feito o 2-0 numa altura em que a Bulgária estava mais perto do empate (início da segunda parte) e esta podia mesmo ter dado a volta ao jogo. Até então o domínio sueco não tinha sido nada evidente. Em boa verdade, este Europeu ainda não teve nenhuma selecção dominante e o mais provável é que assim permaneça até ao fim. Tudo isto para dizer que o desenlace deste Europeu é uma incógnita. Em 2004, quase tudo se decidirá por vontado do acaso.
E, apesar de tudo isto, confiamos na nossa selecção, como se de imparável se tratasse. Não consideramos que tal seja um optimismo desmido, somente a constatação de um facto inabalável, quase sempre aliado da vitória: o povo português, na sua eterna sabedoria, apoia uma selecção que ao fim de três jogos demontrou ter 'raça'. Porque sabe que essa é a única forma de o ter do nosso lado, o acaso, é claro. Este parece gostar de equipas que correm do princípio ao fim, sempre concentradas no que estão a fazer, com uma vontade tremenda de chegar à bola antes do adversário. Em certas alturas, o acaso vira mesmo guarda-redes (visível no remate de Fernando Torres que enviou para o poste, ou até avançado carraça, que obriga os adversários a errar passes para trás (como o de Gerrard frente à Espanha). Em troca, só exige uma coisas - entrega total.
Sendo assim, não nos restam grandes alternativas para quinta-feira: ou lhe damos o que ele quer ou ele tira-nos o que nós queremos.

segunda-feira, junho 21, 2004

A marca da nossa alegria 


quinta-feira, junho 17, 2004

O Anjo das pernas direitas 



De quando em vez os deuses do futebol decidem-nos entreter, concedendo, para tal, poderes especiais a alguns mortais. Por mania dos deuses, estes costumam ser originários de famílias humildes, facto que lhes deve dar uma motivação extra, um institinto apurado de sobrevivência, no meio de tanta perna adversária. Geralmente passam por humanos, nunca se descobrindo a sua verdadeira identidade. Que me lembre, só houve um cuja verdadeira identidade foi descoberta - Mané Garrincha, o Anjo das Pernas Tortas. As suas fintas eram divinais, a forma como passava pelos adversários oscilava entre a beleza e a maldade. A tal ponto que uma vez um árbitro o ameaçou expulsar se continuasse a fintar os defesas daquela maneira.
Quarenta anos volvidos e surge um novo anjo, sem deformações físicas, mas com a mesma genialidade técnica - Cristiano Ronaldo. Tal como Mané, Ronaldo não tem jeito para ocultar a sua própria identidade e por isso eu e muita gente já constatou o óbvio - só pode ser anjo.
Ontem na Luz, a iluminação foi reforçada durante pouco mais de 15 minutos, tempo que o jovem madeirense esteve em campo. Fintas, cruzamentos e uma assistência para golo, com um misto de calma velocidade e suavidade no trato da bola. É verdade que por vezes perde-se um pouco nas suas próprias capacidades, mas isso explica-se: quem não se perderia temporariamente nos seus próprios poderes, se descobrisse que era mais que um ser humano? Pois, Ronaldo ainda o está a descobrir. Há-de chegar o dia em que descobrirá como os usar em prol da equipa. Aí seremos certamente campeões.
Para já, enquanto anda nesse processo interior, já marcou um golo e fez uma assistência para outro, em pouco mais de sessenta minutos. Domingo há mais, garantidamente.


O Imperador 



Ontem vencemos. Jogamos pouco, mas o suficiente para derrotar uma frágil Rússia, demasiado frágil para estar numa competição como o Euro. Também nós apresentamos fragilidades, sobretudo no ataque, sendo incapazes de criar tantas ocasiões de golo como noutros anos e incapazes de concretizar as poucas de que dispomos.
A novidade foi na defesa, muito mais segura que o normal. Se a entrada de Nuno Valente não mudou grande coisa no lado esquerdo, porventura alguma maior acutilância ofensiva, Miguel trouxe uma grande velocidade ao lado direito da selecção. Contudo, o que mudou realmente foi o eixo da defesa, com a entrada de Ricardo Carvalho. Com ele a seu lado, Jorge Andrade é um jogador mais confiante porque sabe que as suas falhas ocasionais são compensadas pelo posicionamento magnífico do central portista.
De todos os centrais que surgiram após o reinado de Beckenbauer, Ricardo Carvalho é o que mais se aproxima do Kaiser: magistral a defender, confiante a conduzir a bola para o ataque, só peca por não assumir mais vezes essa liderança ofensiva - algo que se resolveria se jogasse num sistema de três centrais. De qualquer forma, creio que mais do que Maniche, foi Ricardo Carvalho o principal responsável pela nossa vitória. Em pelo menos duas ocasiões, os russo só não marcaram, nem sequer remataram, porque o central estava lá. Isto quando o resultado estava em 1-0. Com esta defesa será difícil à Espanha marcar-nos qualquer golo. Resta saber se nós conseguiremos marcar.

quarta-feira, junho 16, 2004

Não podemos cair 


terça-feira, junho 15, 2004

Grupo D 

É o chamado “grupo da morte”. Com Alemanha e Holanda à cabeça e os Checos a espreitarem a sua oportunidade, será possivelmente o mais equilibrado de todos os agrupamentos. A Alemanha de Rudi Voeller terá a oportunidade de confirmar a boa campanha asiática de há dois anos. Sem as estrelas do passado recente que deram títulos aos germânicos durante grande parte da década de noventa (Klinsmann, Matthaeus, Brehme, Kohler), mantém porém um espírito de equipa inigualável, muito por mérito de Voeller, possivelmente o melhor seleccionador alemão desde Beckenbauer. Com a jovem estrela do Estugarda, Kevin Kuranyi, secundado pelo exímio goleador Miroslav Klose, os teutónicos terão em Portugal a oportunidade de provar que, “when it matters”, sabem apresentar resultados.
Já a Holanda de Advocaat continua a ser uma equipa de egos bem marcados. Á laranja mecânica falta-lhe aquilo que os alemães têm de sobra, o já referido espírito de equipa. Na selecção laranja cada um puxa por si, Seedorf não fala com Van Nistelrooy, este não dialoga com Advocaat, Kluivert diz que está melhor bem sozinho lá à frente...Sobra-lhes talento, mas falta a vontade. Possuem decerto uma das melhores linhas avançadas do mundo – Van Nistelrooy, Kluivert, Makaay, Van der Vaart, Jimmy Hasselbaink, mas mantêm grandes handicaps na zona defensiva. Têm potencial para ser campeões da Europa, mas para isso precisariam de saber o que é uma equipa. Que Advocaat os ponha a ver vídeos do Euro-88...
No que diz respeito à simpática Letónia, irá sobretudo marcar presença. Não acredito que sofra goleadas, mas será improvável que conquiste uma vitória que seja. São um grupo engraçado e esforçado, com Verpakovskis e Stolcers à cabeça, mas falta-lhes traquejo internacional para saberem discutir jogos em competições tão importantes. E no entanto, venceram em Estocolmo e empataram na infernal Istambul...
A República Checa poderá ser a grande surpresa desta prova. Depois da final de 1996, e da desilusão nos países baixos, os checos terão em Portugal oportunidade de ouro para se poderem (con)sagrar como uma equipa verdadeiramente campeã. Homens como Pavel Nedved, Milan Baros, Tomas Rosicky, Jan Koller e o nosso bem conhecido Karel Poborsky fazem o sonho de qualquer treinador. Sabem jogar como equipa e têm a vantagem de saber que, caso se qualifiquem no seu grupo, evitam selecções como a França, Inglaterra, Espanha e Portugal(?) nos quartos-de-final. Com a confiança ganha nos jogos do seu agrupamento, e entrando bem nas meias, quem sabe se o troféu Henry Delaunay não acabará por terras de Praga?

segunda-feira, junho 14, 2004

Zidane vs Beckham 



Ficou ontem bem patente a diferença entre o melhor jogador europeu de todos os tempos (segundo a UEFA) e o 22º. Sem fazer um grande jogo, Zidane deu uma vitória milagrosa à França; também sem jogar muito, Beckham não conseguiu confirmar a vitória ante a França, ao falhar uma grande penalidade, à medida do que tinha feito em Istambul na fase de apuramento.
Se o facto de Beckham falhar e não fazer um grande jogo não estranha ninguém, o mesmo não acontece com Zidane. É verdade que o franco-argelino fez um fim de época miserável no Real Madrid, mas de Zidane espera-se sempre mais. Por coincidência, tanto o Real como a França apresentaram um jogo extremamente centralizado, jogando só com um ala - Pires - que frequentemente ocupava a faixa central do terreno, à semelhança de Figo no Real Madrid. Sem opções nas faixas laterais, os defesas adversários puderam-se aglomerar no centro - zona onde Zizou mostra o seu potencial. Sem a frescura física de um Deco para fugir com a bola para outros terrenos, a sua magia fica condicionada. Condicionada ao tempo de compensação, onde em duas bolas paradas resolveu um jogo que a França, muito por culpa da teimosia do seu treinador, não mereceu ganhar.
Para a história, contudo, fez-se justiça: Zidane derrotou Beckham.

sexta-feira, junho 11, 2004

Grupo C 

A Itália é sem dúvida a grande favorita do grupo, por sinal o mais desequilibrado dos quatro. Apontada por muitos como uma das grandes favoritas ao título, o grupo de Trappatoni possui atributos suficientes para alcançar um lugar nas meias-finais, tal como Portugal. Com um ataque rejuvenescido, composto pelo duo romano Totti-Cassano (este último a nova grande esperança transalpina, a par de Gilardino, jogador ainda nos Sub-21) e bem acompanhado na frente pelo inefável Christian Vieri, é no entanto a defesa que poderá tornar-se na grande dor de cabeça de Il Trap. Perdidas as referências Costacurta e Maldini, a juventude da linha mais atrasada dos azuis poderá neste campeonato funcionar ainda como handicap para a renovada selecção. Trappatoni terá que abandonar o seu tradicional jogo defensivo e apostar tudo nas jovens estrelas da sua linha média e avançada, sob pena de encontrar uma nova Coreia que saiba encarar de frente o “wait-and-see” transalpino.
A Suécia é claramente a favorita ao segundo lugar do grupo, e, quiçá, a algo mais neste campeonato. Apesar de não ter impressionado no recente amigável com Portugal, os suecos contam com o regresso do fabuloso Henrik Larsson, veterano avançado do Celtic que poderá muito bem ser uma das surpresas deste torneio. Acompanhado de jovens esperanças como Kim Kallström (o tal do livre directo que bateu-literalmente- Ricardo) e da estrela do Ajax, Zlatan Ibrahimovic, os “canarinhos” da Escandinávia ambicionarão por decerto um lugar nos quartos, e, por que não, nas meias-finais da prova. Resta saber se a dupla-siamesa Soderberg-Lagerback consegue fazer jus à máxima de que duas cabeças pensam melhor que uma...
Bulgária e Dinamarca terão que fazer pela vida se pretendem realmente lutar por algo mais que a presença neste torneio. Os búlgaros estão longe de ser a ambiciosa selecção de há uma década atrás. Sem estrelas como Stoichkov, Balakov&Co, o conjunto dos balcãs dependerá da inspiração de Stilian Petrov, creativo médio do campeão escocês, Berbatov, médio do Leverkusen, e do avançado Manchev, que despontou este ano ao serviço dos franceses do Lille.
Já da Dinamarca poder-se-ia esperar mais. Orientados pelo experiente Morten Olsen, os dinamarqueses que tamanho furor provocaram no início da década de 90 continuam a ser uma das selecções mais acarinhadas na Europa. Em 98 fizeram frente ao Brasil nos quartos de final do campeonato do mundo, então ainda com os Laudrup e Peter Schmeichel. Hoje, e apesar de possuírem nos seus quadros jovens esperanças e alguns valores certos como Rommedahl e Tomasson, perderam as referências do passado que tanto contribuíram para elevar a pequena nação escandinava ao topo do futebol europeu. Mas com a Dinamarca nunca fiando...

Grupo B 

É um grupo feito à medida para França e Inglaterra. A selecção gaulesa, de longe a melhor da Europa e porventura do mundo, terá em Portugal a oportunidade de apagar a má imagem deixada em terras asiáticas. Com uma espinha dorsal que se mantém inalterada há pelo menos 4 anos, destacam-se, para além do mítico franco-argelino Zinedine Zidane, aqueles que jogam há várias épocas na hiper-competitiva Premiership. Henry, Vieira, Pires, Gallas, Desailly, Saha, jogadores há muito habituados a competir ao mais alto nível, terão apenas como handicap o cansaço acumulado nas respectivas competições domésticas e da Uefa. Jacques Santini, treinador dos franceses, não terá vida fácil, sobretudo após ter decidido comprometer-se com o Tottenham ainda antes do início do campeonato. Apesar de ser uma das grandes favoritas, a selecção francesa irá terá que saber ultrapassar as suas mais recentes carências ofensivas – Trezeguet teve uma época para esquecer na Juventus, e o grande talento do Auxerre/Liverpool Djibril Cissé está suspenso pela Uefa...ahhh se Didier Drogba, jovem avançado do Marselha, não jogasse pela Costa do Marfim....Muito vai depender dos momentos de génio de Zizou e Henry...
Já a Inglaterra de Eriksson demora a convencer. Com exibições por demais irregulares (aquele empate em casa com a Macedónia na fase de qualificação...), os ingleses possuem no entanto jogadores capazes de decidir uma partida em puros momentos de genialidade. Michael Owen, jovem atacante mas já consagrado pela France Football com o seu Ballon d´Or, terá agora oportunidade de recuperar a magia de outros tempos (quem não se lembra das memoráveis exibições no mundial 98? O golo contra a Argentina é sinal evidente de estarmos na presença de um pequeno deus da bola). Owen, que ainda não aceitou a proposta de renovação do seu Liverpool, pretenderá também encantar aqueles que por terras de Espanha e Itália o observam há já muitos anos. E se Owen se transformasse no novo galáctico madrileno 04/05?
Quanto a Croácia e Suiça, estão uns bons furos abaixo dos seus 2 adversários. Os croatas de Baric têm apesar de tudo capital humano suficiente para provocar uma ou outra surpresa...com uma linha avançada composta por Olic, agora treinado por Artur Jorge no CSKA de Moscovo, e o nosso conhecido Tomo Sokota, os de Zagreb terão que mostrar mais consistência do que aquela demonstrada em 2002. Capazes de bater a poderosa Itália, mas incapazes de não sucumbir ás mãos do frágil Equador...
A Suiça, uma das surpresas da fase de qualificação, possui um grupo de jogadores com pouca experiência nestas andanças. Baseando-se no grupo campeão do FC Basileia (aquele que encantou a europa dos campeões há pouco mais de dois anos), a selecção dos Alpes debate-se com inúmeras lesões de jogadores-chave. Mantendo o veteraníssimo Stephane Chapuisat como cabeça de cartaz, será difícil aos suiços evitar o último lugar do grupo.

Até onde? 



É amanhã. Portugal vai ter o jogo mais importante do torneio. Numa selecção que ainda não provou nada, o primeiro jogo vai servir para medir o pulso às suas capacidades. Os jogos que se seguem serão vitórias certas, ou 180 minutos de sofrimento, consoante o jogo de amanhã.
Todo o país aguarda expectante: um resultado que não uma vitória convincente dos nossos rapazes aumentará o cepticismo em relação às suas capacidades. Pelo contrário, uma boa exibição lançará o país numa onda vermelha e verde de entusiasmo e esperança.
Vivemos hoje um sentimento diferente do das últimas competições em que participamos. Se é por jogarmos em casa, se é de não termos tido jogos 'a sério' desde 2002, ou se é dos resultados dos amigáveis, a verdade é que não sabemo ao certo que esperar, o que contrasta com o passado recente.
Em 1996 entramos felizes. Estar numa competição internacional 12 anos depois já era suficientemente bom. Chegar aos quartos-de-final foi um sonho e ficar por aí, aos pés de Poborsky não foi um drama, mas algo de natural. Triste, mas natural.
Em 2000, o sentimento já foi diferente. Tínhamos feito um bom apuramento e sabíamos das qualidades de uma selecção em que Figo e Rui Costa estavam no topo das suas capacidades. Contudo, o nosso grupo era difícil o suficiente para as nossas expectativas serem baixas. A nossa esperança foi crescendo à medida que a selecção ia ganhando, chegando ao ponto de a goleada à Alemanha com uma equipa de suplentes ter sido aceite com naturalidade. Neste contexto a mão de Abel Xavier foi um rude golpe num país que julgava estar a mudar, ser capaz de vencer nos momentos decisivos, perder os seus complexos de inferioridade.
Se em 1996 entrámos satisfeitos e em 2000 confiantes mas realistas, em 2002 apresentamo-nos como os melhores do mundo. A boa prestação de 2000 ainda estava bem presente e a extraordinária prestação durante a fase de qualificação num grupo que incluía a Irlanda e a Holanda levaram mesmo o nosso primeiro-ministro a dizer "tragam a taça". Tudo menos que isso era uma derrota. No jogo inaugural contra os EUA, o título de um jornal dirário era "Hoje somos nós a potência". A confiança dissolveu-se toda em 90 minutos.
Creio que, neste momento, somos todos cépticos optimistas. Criticamos a selcção, achamos que jogam mal, mas, no fundo, todos temos a impressão que, com aqueles jogadores, poderemos ir longe. Esperamos tudo e ao mesmo tempo não esperamos nada. Vemos em Figo e Rui Costa estrelas em decadência, mas ainda estrelas, conscientes que este é a última oportunidade que têm para brilhar, para materializar uma década de esperança que começou em Riade, se exponenciou na Luz para, desejosamente, terminar aí, 13 anos depois. Em Pauleta temos o homem-golo que nunca tivemos, o tal jogador 'assassíno'. Em Costinha, Petit, Maniche, Paulo Ferreira, Maniche e Simão temos a certeza que em cada jogo darão tudo o que têm. Em Couto vemos o capitão seguro, o mesmo não se podendo dizer do seu colega Jorge Andrade cujas qualidades não fazem esquecer o suplente Ricardo Carvalho, que ainda temos esperança de ver como titular. Por fim, Deco e Ronaldo. Acredito que boa parte das hipóteses de Portugal se jogarão no luso-brasileiro e no jovem madeirense. Terá Deco a capacidade para ser decisivo numa selecção que não tem o mesmo espírito de sacrifício que o Porto campeão europeu? E Ronaldo? O míudo já demonstrou ter um potencial para fazer parte da galeria dos imortais. Será 2004 demasiado cedo?
Amanhã às 19h todo este sentimento, todas estas dúvidas se vão desvanecer: ou ficaremos só cépticos ou só optimistas; Figo Rui Costa, Deco e companhia ou serão os melhores ou os piores do mundo; Portugal será o país da retoma ou voltará ao quasi-estruturante estado de crise. É um país que se vai decidir em 90 minutos.

quarta-feira, junho 09, 2004

Grupo A 



É um grupo acessível para as selecções de Portugal e Espanha, que deverão chegar ao encontro de Alvalade com a qualificação garantida, “escolhendo depois entre si quem preferem defrontar nos quartos-de-final- França ou Inglaterra. Apesar de tudo, deve-se desconfiar da Grécia, selecção orientada pelo competente Otto Renhagel, o carismático treinador alemão que revolucionou a tradicionalmente indisciplinada selecção helénica. Conquistar o grupo de qualificação à frente de Espanha e Ucrânia é feito meritório, e os gregos quererão mostrar em Portugal que têm equipa para disputar a entrada nos quartos. Com o experiente guardião Nikopolidis (que esteve em muito bom plano no amigável de Aveiro), os laterais “portugueses” Seitaridis e Fyssas, os helénicos contam ainda com Giannakopoulos, jogador do Bolton que se destacou na equipa das Midlands, e com o ex-futuro leão Nikolaidis(que poderá não jogar devido a lesão) e com as revelações Charisteas (campeão pelo Werder Bremen) e Vryzas (muito respeitado em Itália). Não surpreenderá de todo se os gregos conseguirem arrancar um empate à equipa das quinas no relvado do Dragão...
Já da Rússia chega-nos uma equipa sem convicções. Individualistas por excelência, há muito que se perdeu o espírito de grupo e a disciplina táctica tão características da defunta selecção da URSS de finais da década de 80. Há pouco mais de 20 anos, a selecção orientada pelo ucraniano Valeri Lobanovsky produzia autênticos recitais da arte da bola, dando uso à pouco ortodoxa táctica do seu treinador – 5 minutos de balanceamento TOTAL no ataque, asfixiando por completo o seu adversário, fosse ele a Islândia ou a poderosa Itália com o seu catennacio – seguido de 10 minutos de troca de bola, o chamado repouso activo...Apenas a laranja mecânica de Van Basten&Co conseguiu dobrar os pupilos do velho lobo.
Hoje, a selecção da Rússia é uma das selecções mais incaracterísticas da europa do futebol. Porventura espelhando as incoerências socias da própria nação, a equipa de Yartsev é um grupo indisciplinado, sem chama, que bastas vezes se esquece de jogar futebol. Com o influente Yegor Titov afastado por consumo de substâncias proibidas aquando da eliminatória com o País de Gales (Ahhh, que bom seria ter Cardiff em peso no nosso país, com jogadores como Ryan Giggs e Craig Bellamy), e tendo perdido a sua dupla de centrais por lesão, Yartsev terá que depositar as suas esperanças na inspiração de Alenitchev, motivadíssimo após a conquista da Liga dos Campeões, e pelo genial capitão do Lokomotiv de Moscovo, Dmitri Loskov, jogador muito parecido na forma de abordar o jogo com o monegasco Ludovic Giuly (infelizmente afastado da selecção francesa por lesão). Surpreendido ficarei se os russos não terminarem o grupo na última posição...

Previsível... 

O Benfica não poderia ter começado de pior maneira a preparação da próxima época. E logo aquela que, devidamente preparada, poderia garantir o título à formação da Luz, 11 anos depois da equipa de Toni o ter conquistado. A novela Scolari, o caso Tiago, a saga Sokota, tudo tão previsível...A dupla Vieira-Veiga deixa cair a máscara e promete afundar o barco encarnado. Se não vejamos: A saída de Camacho era um dado adquirido, com ou sem o convite do Real Madrid. Veiga e Camacho seriam incompatíveis, sendo certo que o treinador espanhol, homem de grande carácter, nunca permitiria as previsíveis ingerências de Veiga na gestão do futebol do Benfica. Desde contratações de jogadores aconselhados pelo empresário até à promiscuidade no balneário que se adivinha, Camacho certamente bateria com a porta ainda antes do inicio da época, tal como fez a Lorenzo Sanz no Real Madrid há pouco mais de 5 anos. Sem o convite do Real, a dupla Vieira-Veiga lançaria nos jornais a ideia de que o Benfica não poderia suportar o alto ordenado de Camacho, as negociações encalhariam e nuestro hermano acabaria por sair a “bem”...A novela Scolari é apenas a cereja no topo do bolo ...Parece evidente que Vieira nunca equacionou de uma forma séria a contratação do seleccionador nacional, até pelo facto de este nunca ter dado real importância aos comentários que iam saindo nos jornais. No entanto, o descaramento de se dar como garantida a contratação do técnico brasileiro, poucos dias antes do inicio do Europeu, foi a gota que fez transbordar o copo...Scolari explodiu, e a máscara da dupla maravilha Vieira-Veiga caiu com estrondo...As operações de propaganda de Vieira começam cada vez mais a assemelhar-se com as novelas de Vale e Azevedo...Ricardo...Rui Costa...Scolari...Junior...
A época de 2004/05 tinha tudo para consagrar o clube da águia...O Porto sem Mourinho levará pelo menos uma época a recuperar, a sangria no Dragão e a entrada do inexperiente Del Neri, treinador sem conhecimento cabal do futebol português, irá emperrar a máquina portista no mínimo durante um semestre(lembram-se da saída de Artur Jorge e de Tomislav Ivic? Del Neri poderá ser o que Quinito foi no Porto em 1988). Com o Sporting em regime de contenção e com um treinador por demais inexperiente nas andanças da SuperLiga (subir o Nacional e deixá-lo a meio da tabela não me parece grande cartão de visita), teremos decerto um campeonato muito disputado na época que se avizinha...mas quiçá nivelado por baixo...

terça-feira, junho 08, 2004

Tiago e o interesse do Benfica 

É no mínimo estranho que Tiago decida começar a atacar os dois homens fortes do Benfica, de uma forma tão violenta e quando se encontra ao serviço da selecção. A marca do dragão parece evidente nestas declarações, mas mais evidente é a pertinência das acusações.
A Filipe Vieira, acusa-o de o ter acusado de algo que diz ser mentira, mas que ao tomar este comportamento, prova ser verdade - o Tiago joga por dinheiro e considera-se injustiçado dentro do plantel por ser dos jogadores mais mal pagos. Ninguém pode censurar um profissional por querer ganhar mais. Contudo, talvez a praça pública não seja o melhor sítio para resolver o problema. Mas tal só aconteceu devido à falta de capacidade de Filipe Vieira que por uma e outra vez já demonstrou ser um presidente com grandes limitações. A ser verdade que o Barcelona quis contratar Tiago, foi um erro tremendo do presidente do Benfica não o vender - era bom para o clube e para o jogador. Outro exemplo recente de má gestão é a forma como tem gerido o processo de renovação de Sokota. É preciso esperar até ao final da época, altura em que os jogadores se valorizam, para renovar o contrato do croata? Para não falar na triste figura que fez em frente às câmaras da televisão, quando achou que os interesses do Benfica se defendiam na base da peixeirada. Sendo provas de má gestão, não deixam de ser problemas pontuais que o presidente do Benfica vai ultrapassando.
Mais problemáticas foram as afirmações em relação a José Veiga. Se bem que o Tiago deixou bem claro que diz o que o seu empresário quer que diga, não deixa de ter razão. É totalmente incompatível a profissão de José Veiga com o cargo que ocupa no Benfica - como o Tiago poderão surgir outros casos de jogadores, bastando que o empresário seja outro, que não o próprio Veiga. Isto significa que o Benfica passa a ficar refém das relações pessoais e, sobretudo, dos interesses pessoais do ex-agente da FIFA. Poder-se-á argumentar que o interesse de Veiga será o interesse do Benfica porque só as vitórias lhe permitirão rentabilizar o investimento feito no clube. A questão está em saber até que ponto é que os interesses de uma institituição com a dimensão do Benfica coincidem com os de um empresário de futebol no longo-prazo. É que há alguns meses, o próprio Veiga em entrevista ao Expresso disse que o que lhe interessava era que os jogadores estivessem sempre a entrar e sair dos clubes. E isso não parece ser o interesse do Benfica...

quinta-feira, junho 03, 2004

Poucos, mas bons 



Diz-se que há alturas em que os golos valem mais, são mais importantes para o desenrolar do jogo. Geralmente, são determinantes os golos nos extremos de cada parte de um jogo - início, perto do intervalo, logo no início da 2ªparte, no fim do jogo.
A verdade é que muitas vezes, mais do que a altura, é determinante a forma como o golo é obtido. Um golo de cabeça de Jardel é um golo matemático, um golo de pénalti é, muitas vezes, um mal necessário, precedido de uma jogada em que se não fosse falta era golo. Agora, um grande golo vale mais do que o próprio golo. Tem um efeito devastador no adversário - fá-lo sentir diminuído face a tamanha obra de arte.
Lembram-se "daquele" golo do João Pinto em Alvalade? É certo que marcou três, mas o primeiro foi magistral. E a verdade é que a partir daí o Sporting que estava a ganhar, desapareceu do jogo, tendo o 6-3 sido um resultado suave para tamanho domínio do Benfica (por isso se explica que aos 7-1 os benfiquistas contra-argumentem com este jogo, apesar de no outro o Sporting ter ganho por 6 golos de diferença). E quem se pode esquecer do primeiro golo de Figo contra a Inglaterra no Euro 2000, quando os ingleses venciam por 2-0? Após aquele remate a atmosfera do estádio mudou, tornou-se electrizante, parecendo perfeitamente normal que Portugal vencesse o jogo, quando, mesmo assim, perdia por 2-1.
Ontem foi a vez de Lourenço. Jovem, por vezes incompreendido tanto no Sporting como na Selecção, marcou um golo que acabou com o jogo. Todos sabíamos que a partir daí não havia volta a dar - Portugal estava nas meias-finais. Com efeito, o que aconteceu ontem foi também a prova de outra consequência dos grandes golos - trazem sorte à equipa que o marca.
Na época passada a Académica tinha que derrotar o Sporting de Braga em casa, na última jornada, e esperar que uma combinação de resultados em dois outros estádios lhes garantisse a manutenção. Ao intervalo a Académica estava na Liga de Honra. Na segunda parte, Paulo Adriano, jogador da casa, marcou um grande golo de fora da área e pôs o resultado em 1-0. A Académica não marcaria mais nenhum golo e o jogo terminaria assim. Mas os restantes resultados foram-se compondo e possibilitaram a manutenção da Briosa.
Por isso e tendo em conta o hábito que temos em utilizar a calculadora para tudo o que é apuramento, a táctica para a selecção no Euro 2004 é simples: poucos, mas bons.


quarta-feira, junho 02, 2004

Lá modesto não és... 




"We(Chelsea) have top players and, sorry if I'm arrogant, we have a top manager too. I am European champion and I am special." - Mourinho em Londres, 2/06/04 - The Guardian


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