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quinta-feira, junho 03, 2004

Poucos, mas bons 



Diz-se que há alturas em que os golos valem mais, são mais importantes para o desenrolar do jogo. Geralmente, são determinantes os golos nos extremos de cada parte de um jogo - início, perto do intervalo, logo no início da 2ªparte, no fim do jogo.
A verdade é que muitas vezes, mais do que a altura, é determinante a forma como o golo é obtido. Um golo de cabeça de Jardel é um golo matemático, um golo de pénalti é, muitas vezes, um mal necessário, precedido de uma jogada em que se não fosse falta era golo. Agora, um grande golo vale mais do que o próprio golo. Tem um efeito devastador no adversário - fá-lo sentir diminuído face a tamanha obra de arte.
Lembram-se "daquele" golo do João Pinto em Alvalade? É certo que marcou três, mas o primeiro foi magistral. E a verdade é que a partir daí o Sporting que estava a ganhar, desapareceu do jogo, tendo o 6-3 sido um resultado suave para tamanho domínio do Benfica (por isso se explica que aos 7-1 os benfiquistas contra-argumentem com este jogo, apesar de no outro o Sporting ter ganho por 6 golos de diferença). E quem se pode esquecer do primeiro golo de Figo contra a Inglaterra no Euro 2000, quando os ingleses venciam por 2-0? Após aquele remate a atmosfera do estádio mudou, tornou-se electrizante, parecendo perfeitamente normal que Portugal vencesse o jogo, quando, mesmo assim, perdia por 2-1.
Ontem foi a vez de Lourenço. Jovem, por vezes incompreendido tanto no Sporting como na Selecção, marcou um golo que acabou com o jogo. Todos sabíamos que a partir daí não havia volta a dar - Portugal estava nas meias-finais. Com efeito, o que aconteceu ontem foi também a prova de outra consequência dos grandes golos - trazem sorte à equipa que o marca.
Na época passada a Académica tinha que derrotar o Sporting de Braga em casa, na última jornada, e esperar que uma combinação de resultados em dois outros estádios lhes garantisse a manutenção. Ao intervalo a Académica estava na Liga de Honra. Na segunda parte, Paulo Adriano, jogador da casa, marcou um grande golo de fora da área e pôs o resultado em 1-0. A Académica não marcaria mais nenhum golo e o jogo terminaria assim. Mas os restantes resultados foram-se compondo e possibilitaram a manutenção da Briosa.
Por isso e tendo em conta o hábito que temos em utilizar a calculadora para tudo o que é apuramento, a táctica para a selecção no Euro 2004 é simples: poucos, mas bons.


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