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domingo, setembro 17, 2006

Percepcao 

«Se o golo foi com a mão? Não, não foi com a mão. Apareci bem na área e tive a felicidade de fazer o golo. Foi uma jogada muito rápida, não tive a percepção de a bola me bater na mão, só sei que foi golo.

Ronny, jogador do Pacos de Ferreira

Algo mais 

A derrota do Sporting em Alvalade frente ao Pacos de Ferreira tem ares de manifesta continuidade em relacao a varios jogos caseiros dos leoes na ultima epoca. Depois do Estrela, Maritimo e Naval, alem de outros, foi a vez da equipa da capital do movel morder o calcanhar aos lagartos em casa propria. Por muito que se fale dos "erros" da arbitragem(continuando o Sporting a ser o mais prejudicado dos tres grandes - e aparenetemente o unico clube cujos dirigentes nao foram apanhados no Apito Dourado), o Sporting de Paulo Bento continua a ser uma equipa com muitas dificuldades em marcar golos. Nisso, e em muitas outras coisas, a equipa reflecte o que foi o jogador Paulo Bento: binomio defesa-ataque, lateralizacao, circulacao de bola, forte recuperacao defensiva, mas sem profundidade ou criatividade atacante. Paulo Bento estancou o buraco negro defensivo leonino que predominava de ha muitos anos para ca, mas continua sem solucoes que contribuam para uma producao atacante de nivel aceitavel. Nao ´e por acaso que o Sporting tem ganho muitos jogos atraves de golos singulares(vide UM!) de grande espectaculo: Caneira frente ao Inter, Nani frente ao Nacional, ect. O paradoxo reside no facto da excepcao criativa continuar a ser o factor determinante nas vitorias de um Sporting defensivamente forte, mas acutilantemente previsivel.
Nao se poe aqui em causa a qualidade de Paulo Bento, este ´e sem duvida um dos melhores treinadores leoninos dos ultimos 15 anos. Mas que ainda ali falta qualquer coisa, la isso falta.

domingo, setembro 10, 2006

Tenebroso ou catastrófico? 

A exibição do Benfica ontem no Bessa foi tenebrosa. E foi tenebrosa não só pelo resultado (não me lembro do Benfica iniciar o campeonato com uma derrota por 3-0), como sobretudo pelas indicações dadas pela forma como a equipa (não) jogou.
Há dois tipos de más exibições, as pontuais, em que uma boa equipa num determinado dia, pura e simplesmente não rende o esperado; e as estruturais, em que a má exibição não deriva de um dia mau, mas sim de deficiências na elaboração do plantel, sistema táctico, preparação dos jogadores, que leva a que a repetição dessa mesma má exibição seja o mais provável. Se virmos bem, ontem foi só mais um episódio numa saga que já vem da pré-época. O número e volume (3-o contra o Sporting...) das derrotas deste Benfica 2006/2007 é muito mau, mau de mais. Não fosse o miserável Áustria de Viena (onde nem lá o Benfica conseguiu vencer) e derrotas seria tudo o que Fernando Santos teria para mostrar.
São tantos os problemas deste Benfica, que receio esquecer-me de algum. O primeiro problema está no Presidente Luís Filipe Vieira, há vários meses mais ocupado em gerir a sua relação pessoal com o bolorento mundo do futebol português que em cumprir de forma competente as suas funções. Talvez por isso a escolha de treinador e o critério de formação do plantel não tenha obedecido a qualquer lógica desportiva. Fernando Santos nunca foi querido pelos adeptos benfiquistas e com razão: é o único treinador em Portugal que numa época não conseguiu ser campeão com Jardel em plena forma, deixou o Sporting perder pontos atrás de pontos na parte decisiva da época e ainda perdeu o título grego na última jornada do campeonato.
Mas mesmo com Fernando Santos, as coisas podiam correr bem, tal como correram no Porto do penta. A catástrofe seguinte foi a elaboração do plantel e aí as culpas já são repartidas entre LFV, Veiga e Fernando Santos. Marcel, foi a primeira aberração. Goleador na Académica, veio para o Benfica na condição de emprestado com opção de compra. Sem qualquer golo marcado (longe disso), mereceu a confiança de LFV que pagou os 3,5 milhões de euros pela activação da cláusula de compra. Passado umas semanas estava em Braga, na condição de emprestado...
Seguiu-se a novela Simão, com este mais uma vez metido em aviões para ser vendido para o estrangeiro. Julgando-se sem o 20 da Luz, Santos começou a construir um plantel à medida do seu sistema táctico, onde os extremos não têm lugar. Os jogadores que foram chamados a cumprir no plantel essa posição não tinham nem de perto nem de longe a titularidade à vista. Paulo Jorge e Manú vieram para o plantel na condição de alternativas, não de titulares. Titular seria Katsouranis, menino bonito de Santos no AEK de Atenas. Assim como Karagounis, porque era grego e Santos gosta de gregos.
Foi até na Grécia, depois de mais uma miserável exibição frente ao AEK, em vésperas de estreia na Liga dos Campeões, que Santos reparou que tinha um grande problema em mãos: é que já tinham passado várias semanas e a equipa não se parecia adequar ao seu sistema táctico, diferente do do Benfica das épocas anteriores. Foi então que chegou à brilhante conclusão que tinha de arrepiar caminho e adequar-se ao sistema que mais agradava aos seus jogadores. Nessa noite em Atenas ficou visível o que iria ser o Benfica de início da época 2006/2007 - um caos.
O Benfica de ontem, tal como noutros jogos de pré-época não era passivo, não pressionava, não obedecia às indicações do treinador, estava nervoso e indisciplinado. O pior era contudo o facto de, mais uma vez num padrão que se repete há vários jogos, não conseguir ter o menor fio de jogo.
Quem vir esta equipa a jogar, sem conhecer os jogadores, nem outras épocas diria que o Benfica tem uma defesa fraca, dois trincos estáticos, dois extremos sem nível para possuirem a titularidade no Benfica, um médio-ofensivo incapaz de suster a pressão que é exercida sobre ele pelo adversário que só se tem de preocupar com Nuno Gomes, e que como tal fica com vários jogadores livres para pressionarem o pivot do jogo ofensivo. Os médios não sobem, os extremos não desequilibram e o avançado não tem nem cria oportunidades. Só a chegada de Simão e Miccoli pode alterar algo nesta equipa, que nesse caso voltará a ficar dependente destes dois jogadores.
Segue-se Copenhaga, a primeira final para Fernando Santos. Extraordinário como um treinador pode ter a cabeça a prémio logo no início do campeonato. Extraordinário também, será se o Engenheiro do Penta conseguir reverter esta tendência negativa. Conseguirá?

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