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domingo, janeiro 29, 2006

Erros laterais 

Aqui há umas semanas um colunista do Record salientava a ideia de que o Benfica, que andou tanto tempo a procurar um nº10, era para Koeman dispensável. Até certo ponto tinha razão. A equipa era forte nas alas, onde Nélson e Léo subiam bem no apoio a Geovanni e Simão. Era um futebol que passava muito pelas dinâmicas que se desenvolviam nas faixas laterais. Só assim é possível que uma equipa se dê ao luxo de jogar sem um verdadeiro organizador de jogo.
Ontem, tal como nos últimos jogos, Koeman desfez essa dinâmica. Nélson passou para a esquerda e no seu lugar jogou Alcides, central ainda muito inexperiente. Léo, jogador com lugar na melhor selecção do mundo, aparentemente já não tem lugar no 11 benfiquista, pois Nélson, lateral direito de raíz e pouco habilidoso com o pé esquerdo, era para Koeman uma melhor opção. Basicamente, o holandês trocou tudo, qual jogador amador de Championship Manager ansioso por novas sensações. A partir daí tudo ficou condicionado. Sem apoios, Simão e Geovanni nada faziam. Sem estes, a bola nunca chegou em condições a Manduca e Nuno Gomes.
Esta opção não explica tudo, como é óbvio. Não explica o porquê da insegurança de Moretto (que por sua vez não explica a saída de Quim...); não explica a péssima exibição de Anderson e Alcides; e não explica o porquê do meio-campo encarnado perder todas as bolas para os jogadores do Sporting. No geral, a explicação está na falta de atitude dos jogadores, em contra-ponto à humildade exibida pelos jogadores sportinguistas. Mas isso é algo que para além da capacidade mental de cada um, passa e muito (como Mourinho muito bem sabe) pela mensagem que o treinador faz passar.
Em suma, Koeman acertou quando disse que tinha o melhor plantel do Benfica dos últimos anos. Provavelmente, de forma inadvertida, não reparou que isso reduz a sua margem de erro. Não ser campeão poderá significar o fim da experiência portuguesa de Koeman.
P.S. Acho sempre interessante quando os treinadores analisam o desempenho da sua equipa como se fossem seres exteriores a esta...

sábado, janeiro 28, 2006

Dia de derby 

Um derby é um derby. Por isso é diferente um Benfica-Sporting de um Benfica-Porto. Este último nada tem de amigável. É uma rivalidade doentia, a partir da qual se faz a identidade portista, que permite para ganhar eleições no Benfica. Nada tem a ver com o desporto, é muito mais que isso. Derbies são diferentes, porque apesar da enorme rivalidade, há a noção de que se trata de um desporto e de que no final, todos terão de continuar a conviver. Não existem divisões geográficas que nos afastem depois do jogo. Afinal, são os nossos vizinhos. Como tal, há um certo sentido de festa, de procura pelo espectáculo. Em suma, é uma rivalidade diferente.
E isto é algo que se verifica um pouco por toda a Europa. Em Espanha, Real e Atlético quando jogam entre si não atingem o nível de ódio que existe num jogo do Real contra o Barcelona. Em Inglaterra Liverpool-Man Utd é o maior clássico de todos, mas um Liverpool-Everton tem sempre um saber especial. Em Itália, Inter-Milan é um jogo muito apetecível, mas é a Juve que ambos realmente odeiam.
A principal excepção verifica-se na Escócia, onde Ranger e Celtic se 'amam' de morte. Mas aí entram em jogos dois factores. Em primeiro, o factor sócio-religioso, inexistente nos outros contextos; e em segundo, a ausência de uma outra equipa escocesa forte. Mas isso é lá. Cá, é dia de derby.

domingo, janeiro 22, 2006

Tristes figuras 2 

Segundo Jean-Jacques Eydelie, ex campeão da Europa pelo Marselha na época 1992/1993, a equipa estava 'dopada' no jogo da final da Taça dos Campeões contra o AC Milan, que acabaria com a conquista da até hoje única Taça dos Campeões a ser vencida por um clube francês. Depois de ter visto retirado o título nacional ganho nesse mesmo ano, o Marselha pode agora ficar sem o seu mais precioso troféu. Uma equipa de grandes jogadores, manchada por uma gestão terrível...

Tristes figuras 

"Esta arbitragem foi miserável. Fomos prejudicados em quase todos os lances, mas faremos as devidas queixas, pois este senhor não pode apitar jogos da Liga, e muito menos do Sporting."
Soares Franco, 21/01/06
Parece começar a ser uma imagem de marca do Sporting, quase parte da sua identidade: só há um culpado para quando o Sporting não vence, o árbitro. Pelo menos desde o insólito 'luto' contra a arbitragem que esta situação se repete vezes sem conta ao longo de cada época. Dias da Cunha começou mesmo a subir na escala, declarando cada derrota como culpa do sistema. Atendendo às declarações de Soares Franco de ontem, tudo leva a crer que num futuro próximo recorrerá a identidades divinas para explicar as ausências de vitórias para os lados do José de Alvalade. A verdade é que se o árbitro esteve longe de ser brilhante, teve como erro mais grave a marcação de um livre indirecto dentro da área do Marítimo que não existiu. Na Tribuna d'O Jogo, para além do consenso em torno da inexistência de falta nesse lance, todos os outros merecem opiniões divergentes, de ex-árbitros que tiveram possibilidade de ver e rever os lances em questão.
O resumo de tudo isto é que enquanto os adeptos leoninos continuarem a 'comprar' estas justificações, continuarão a ter de olhar para cima na tabela classificativa...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Regulador de Inverno 

O mercado de transferências de Inverno, é, sobretudo, um instrumento que permite aos grandes ficarem ainda maiores e aos outros mais desfalcados, principalmente aqueles que ousam ocupar bons lugares da classificação. De um lado, clubes compradores, de outro, vendedores, a necessitar de rentabilizar as boas prestações da sua equipa. A saída de Nunes do Braga é um exemplo disso mesmo. Provavelmente, o principal jogador da equipa, sai a meio da época, quando o Braga devia antes procurar reforçar-se com o objectivo de atingir a Liga dos Campeões, ou até mesmo o Campeonato. A Académica, onde Marcel tinha marcado 9 dos 16 golos da equipa, vê-se 'obrigada' a vender/emprestar (ou lá o que é) o jogador, por este ter outras ambições a meio da época. O Setúbal, caso extremo de dificuldades económicas, mas com a defesa menos batida da Europa, perdeu um dos seus centrais e o seu guarda-redes. Na verdade, só uma caridade Tsunamiesca é que fez com que os sadinos acabassem por se reforçar com os empréstimos dos grandes.
Em suma, para além de todas as diferenças de potencial que os três grandes possuem em relação aos restantes clubes, o mercado de Inverno surge agora como um novo mecanismo de reforço dessas mesmas diferenças.
P.S. O caso Adriano surge como a segunda melhor trágico-cómica estória de mercado. Não fosse ocultar pressões e interesses, as afirmações do Presidente do Nacional, até teriam muita piada...

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Custo-Benefício 

Grandes jogadores num plantel têm um risco: não só há a questão das diferenças salariais dentro do plantel, mas essencialmente o aumento da competitividade e da insatisfação.É o Benfica de hoje: a um grupo unido (tem sido assim definido desde os tempos de Camacho e eu assino por baixo) juntaram-se 4 nomes em 3 dias. Um destabilizou as redes, outros os criativos insatisfeitos do plantel.
O incidente entre Luisão e Karagounis é normal de acontecer em todo o lado, mas penso que não é por acaso que aconteceu agora. Há que lutar por um lugar na equipa e para isso há que trabalhar mais. Já Karyaka optou por desabafar para a Russia, mas esses desabafos têm sempre o efeito boomerang: voltam sempre para donde saíram…

P.S. - O custo-benefício das chegadas de Moretto, Robert, Manduca e Marco Ferreira (ainda vêm mais?) só poderá ser analisado daqui a algum tempo. Até lá, Koeman tem a palavra.

domingo, janeiro 08, 2006

Empréstimos 


Por ironia do destino, o jogador que ontem praticamente afastou o Sporting do título pertence aos quadros do próprio clube... Wender. Num bom jogo de futebol, o brasileiro mostrou por um lado que tinha certamente lugar no plantel leonino, por outro que emprestar jogadores aos nossos próximos adversários pode não ser uma grande ideia. Mas mostrou mais, no geral, o caso de ontem serviu para pôr em evidência os paradoxos e aspectos negativos que o empréstimos de jogadores entre clubes da mesma divisão apresenta.
Em Inglaterra, até há bem pouco tempo, era proíbido emprestar jogadores a clubes do mesmo escalão. Só a crise financeira de alguns clubes e o excesso de jogadores de outros tantos rompeu o sistema. Hoje em dia, apesar de não tão utilizado como cá, o empréstimo é livre.
Em Portugal, não só é livre, como é parte estrutural do nosso campeonato. Não há quase clube nenhum que não tenha pelo menos um jogador emprestado (mesmo os grandes, de clubes estrangeiros) e vários há que dependem desses empréstimos para formar equipas com alguma coerência.
Este é um sistema que no fundo premeia a má gestão e quem não é capaz, ora de ter um orçamento que lhe permita ter uma equipa com um mínimo de qualidade (e aí pergunta-se, o que estão a fazer na I Liga?), ora de fazer um plantel equilibrado sem grande excedente de jogadores. A derrota do Sporting ontem, foi nesse aspecto um duplo erro de gestão: não só contrataram um jogador que pelos vistos não se adaptava à equipa, como o emprestaram, quando pelos vistos ele até tem capacidade para fazer parte do plantel (maioritariamente sub-19?) do Sporting.
Mas o maior problema do sistema de empréstimos é mesmo a criação de estruturas de dependência, o que por sua vez tem consequências directas na veracidade dos resultados desportivos.
Com este sistema passa a haver uma hierarquia rigidamente estabelecida entre os clubes: há os que emprestam e os que recebem (no caso do negócio Sporting-Braga houve um excepcional empréstimo mútuo), os ricos e os pobres que vivem da caridade dos primeiros. Para além de patética, esta situação tem naturalmente as já apontadas repercusões nos resultados desportivos. O caso Maciel é um exemplo directo disso mesmo - o jogador do Porto emprestado ao Leiria não jogou contra os Dragões porque estes não autorizaram. Isto significa que o Leiria quando joga contra o Porto joga com menos uma opção de plantel e nas restantes jornadas, o Porto joga com um jogador noutra equipa.
Num campeonato onde a falta de espectadores se explica em boa parte pelo descrédito dos actores que compõem o futebol nacional, o sistema de empréstimos só serve para reforçar essa mesma tendência.

sábado, janeiro 07, 2006

Questões 

O Estoril salvou-se de fechar as portas porque José Veiga arranjou uma solução. Desta notícias, duas questões: como é que é possível José Veiga ser em simultâneo administrador do Benfica e accionista maioritário do Estoril? e como é que é possível num quadro competitivo profissional onde antes de cada época é necessário apresentar as garantias bancárias que atestam a viabilidade dos clubes em competição, haver vários clubes a fechar as portas?

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