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quinta-feira, novembro 25, 2004

Números que valem mais que mil palavras 

Resultados e assistência da última jornada da Coca-Cola League Two (correspondente à nossa 3ª divisão):

Boston Utd 1 Oxford Utd 0 Att: 3,596

Bury 3 Yeovil 1 Att: 3,171

Darlington 1 Grimsby 0 Att: 4,807

Leyton Orient 1 Macclesfield 3 Att: 4,540

Mansfield 0 Bristol Rovers 2 Att: 5,709

Notts County 1 Chester 1 Att: 6,432

Rushden & D'monds 0 Kidderminster 0 Att: 2,699

Scunthorpe 3 Rochdale 1 Att: 4,409

Shrewsbury 0 Lincoln City 1 Att: 4,843

Southend 0 Cheltenham 2 Att: 5,332

Swansea 0 Northampton 2 Att: 9,578

Wycombe 2 Cambridge Utd 1 Att: 4,726

Média de espectadores: 4987
Média de espectadores da 10ª jornada da Superliga nos jogos que não envolveram nenhum dos 'três grandes': 3681

P.S. De referir que analisámos os números referentes à 10ª jornada da Superliga, porque os referentes à 11ª ainda não estão disponíveis em lado nenhum...

V V 

Um vendia pneus, o outro usava-os na sua lide diária; um era sócio do FC Porto por convicção, o outro por interesse. Agora são os dois dirigentes máximos do Benfica: um por interesse outro por vaidade. Infelizmente, nenhum dos dois tem noção do que isso significa: um julga que permite contratar brasileiros com impressionantes currículos como suplentes de clubes de menor importância; o outro que permite contratar todos jogadores (não interessa a nacionalidade) do seu anterior clube de menor importância. Este último, julga ainda que afirmações inflamadas, ameaças infundadas e aparições televisivas disparatadas ajudam a defender a imagem do seu clube.
Os dois acreditam que estar constantemente a trocar insultos de baixo nível com o ex-amigo ditador (desculpem-me os portistas, mas apesar de eficazes os métodos de PC são em tudo ditatoriais) e com o esclerosado anti-benfiquista primário do Campo Grande é bom para o interesse do Benfica.
Basicamente, nenhum dos Vs tem a noção do ridículo e o episódio de ontem com o Ministro foi só mais um episódio de um filme que dura há demasiado tempo para os lados da Luz.
Paulo Almeida? Everson? Jogadores do Alverca (que não o Deco)? Dos Santos? Estádio vazio? Preços iguais para ir ver o Rio Ave e o FC Porto? Portões só entreabertos em dia de jogo? Cativos só para sócios? Lateral-direito necessariamente estrangeiro? Exposições ao Governo, UEFA e FIFA?
Desculpem-me, mas estou farto deste dirigismo parolo-trágico!

terça-feira, novembro 23, 2004

Clássico Espanhol 

Era um dos jogos mais esperados deste final de ano: Barcelona e Real mediam forças depois de um deslize dos catalães que deixou os madridistas a apenas 4 pontos. A tradição jogava a favor do Barcelona mas o Real tinha vencido (com Carlos Queiróz) na última época no Nou Camp. A subida de forma dos madridistas prometia um duelo aceso. Na realidade, o que assistimos foi a um jogo mágico do Barcelona. Ronaldinho e Deco abriram o livro e não deram chances a Guti (o que é que ele podia fazer como médio defensivo?), Beckham e depois Zidane. O Barcelona apresenta o futebol mais fantasista da Europa. Conciliar, com sucesso, o talento de Ronaldinho, Xavi e Deco para apoiar a velocidade de Giuly e a explosão de Eto'o e Larsson é digno de destaque. Não são raras as vezes em que o Barcelona canaliza o jogo pelo meio até chegar à grande área, conseguindo então libertar jogo para a ala onde surge um cruzamento (do lateral) para 4(!) homens dentro da área (3 avançados e 1 médio centro - regra geral). Foi parecido o segundo golo apontado por Bronckhorst e é assim muitas vezes nas outras partidas. Quanto ao Real, foi muito mal dirigido por Garcia Remón. Formar um meio campo daquela forma só indicia que o Real continua a ser gerido pelos jogadores e não por dirigentes e treinadores. Jogaram os 11 mais "famosos" com uma táctica de solteiros e casados. Incompreensível lançar Solari a 8 minutos do fim quando Belletti teve o corredor inteiro para desiquilibrar consecutivamente o jogo (Zidane e Beckham raramente o acompanharam). Guti, que deveria ter sido expulso no lance do penalty, foi uma nulidade, incapaz de suster o ímpeto ofensivo dos catalães. Justificava-se Celades e Solari ao intervalo (entraram tarde de mais) para reequilibrar aquele meio campo. Beckham, Roberto Carlos, Raúl e Ronaldo foram sombras de si mesmos, Figo um lutador egoísta (tanta raiva acumulada só podia dar em falta de discernimento) e Zidane o único com lucidez numa equipa desunida. O Barcelona possui 7 pontos de vantagem e é o principal candidato ao título depois de demonstrar uma superioridade imensa (dentro de campo) sobre o 2º classificado. Rijkaard consegue provar que um 4*3*3 é muito mais do que isso mesmo. A dinâmica incutida a cada jogador é que desiquilibra o futebol de hoje em dia. Impressionante ver um 4*3*3 onde os extremos são os...laterais!

segunda-feira, novembro 22, 2004

A Charada 

No espaço de poucos dias, os jornais A Bola e O Jogo brindaram-nos com duas peças "jornalísticas" que começam a fazer escola em Portugal. O primeiro iluminou-nos a todos com uma reportagem sobre Carlos Freitas, ilustre director do futebol do Sporting. Uma reportagem deveras emocionante, onde o mister da Venda Nova nos é apresentado como figura ilustre, zé-ninguém que sobe a pulso na vida e que do nada faz do Sporting campeão, primeiro com Inácio, depois com Boloni. Carlos, arauto poliglota e conhecedor do mercado, faz do clube de Alvalade uma filial do Standard Liege, com passagem por Sao Paulo, via Corinthians. Já n´O Jogo, aparece-nos José Veiga, o empresário luso-luxemburguês, também ele subindo os longos degraus da vida, chegando finalmente á Luz qual São Sebastião em noite de nevoeiro. Ele disciplina o balneário. Ele constrói o Dream Team. Veiga e Freitas: dois destinos, a mesma luta...Só uma pergunta: Quanto é que custam 3 páginas de publicidade institucional nos jornais acima mencionados? Terá A Bola comprado parte dos passes de Pinilla e Enakharire? Terá O Jogo comprado o fabuloso Everson? E já agora...porque não boicotar as 2 publicações? E de permeio, a nossa querida Sport Tv...

A Miséria 

Algo de errado se passa no nosso futebol. Os principais intervenientes, os jogadores, não têm grande vontade de jogar: o Porto perdeu no tempo de compensações, depois de ter visto um dos seus jogadores expulso por uma infantil agressão; os jogadores do Sporting julgavam que o jogo acabava mesmo ao minuto 90 e não quando o árbitro apita; os do Benfica julgavam que era ao intervalo. Os jogos que envolvem os grandes são de fraca qualidade (não sei onde é que ontem a tão mal tratada bola da Luz proporcionou um excelente espectáculo) e os que envolvem os outros nem se fala.
Os treinadores continuam a não treinar: a qualidade de jogo do nosso futebol é baixa de mais para que os 'misters' estejam isentos de responsabilidades. Gostam de jogar com 5 trincos e contra-ataque, mesmo que estejam a jogar em casa com uma equipa do fim da tabela.
O público continua de costas voltadas: ontem, na Luz, nem 1/3 das bancadas estavam preenchidas, estranho atendendo a que se o Benfica ganhasse passava para primeiro. Mas não é só na Luz: tirando o Guimarães e os outros dois grandes, ninguém consegue chegar aos 10 mil por jogo, número aceitável na Segunda Divisão B em Inglaterra.
Os dirigentes continuam a não dirigir: a Liga marca jogos para uma Segunda-feira quando a selecção joga na Quarta e ainda acham que têm razão no diferendo com Scolari; os três grandes têm passivos gigantescos, o que é estranho para o mercado potencial que possuem; e até já há presidentes que se barricam nas sedes dos clubes, de tão agarrados ao poder que estão.
Assim sendo, tenho uma enorme dúvida: se nem jogadores, nem treinadores, nem público, nem dirigentes estão interessados em futebol, para que é que temos um campeonato nacional?

quarta-feira, novembro 17, 2004

Benfica - ponto de situação 

Era à partida, para muitos, o "grande" que mais expectativa trazia. A dupla Vieira-Veiga conseguiu ir buscar o mais conceituado e premiado técnico do mundo (para muitos) mas reforços de nível parecido ou ligeiramente inferior nem vê-los. A política passou por trazer alguém que não levantasse dúvidas e não pudesse ser criticado ao mínimo erro (Camacho era de difícil substituição). E assim tem sido. Trappatoni, convenhamos, tem errado! E muito! Errou nas substituições da Supertaça, errou no 11 para Bruxelas (Zahovic de fora, muitos miúdos de início), errou no 11 com o Porto (corrigiu à meia hora de jogo), até errou no treino em que Sokota fez 4 golos (uau) e ele pensou que Sokota estivesse no ginásio...mas também tem feito muitas coisas boas: o Benfica ainda só tem 3 derrotas em toda a época (nos 3 jogos de maior dimensão, problema que vem das épocas transactas. Aqui não piorou, apenas manteve), é 2º classificado (atrás do favorito Porto) na Superliga, tem uma das defesas mais bem organizadas do campeonato, lançou como indiscutível Manuel Fernandes, fez evoluir Karadas (quem o viu e quem o vê), consegue o unânime apoio (pelo menos do que está à vista) de direcção e jogadores, mas também de comentadores e jornalistas que, até agora, não têm feito grandes críticas ao seu trabalho (aqui o reconhecimento a Vieira-Veiga) e mais uma coisa: quando chegou disse que o presidente lhe tinha dito que iria ter 3 reforços de qualidade (qual discurso dito a Camacho). Desde essa altura, e já depois de ter percebido que esses reforços não iriam chegar, Trappatoni não mais falou nisso.
Relativamente á época transacta, os dois modelos tácticos utilizados são semelhantes: Zahovic ou um segundo ponta-de-lança é a interrogação (Paulo Almeida por Zahovic frente ao Moreirense é a excepção que confirma a regra). A diferença está na bola corrida: com Trappatoni, em caso de dúvida, a bola vai para o ar em direcção ao ponta-de-lança (a aquisição Karadas justifica-se com este futebol), um problema tem sido, quando isso acontece, por vezes é Nuno Gomes que está a jogar como ponta-de-lança, logo é bola perdida. O Benfica mantém a forma defensiva. Aparece um pouco mais aberto no meio campo (tanto a atacar como a defender), mas a eficácia é a mesma. E tal como Camacho, Trappatoni oscila 2-3 jogos sem sofrer com 2-3 golos sofridos pr jogo.
A produção da equipa é muito semelhante à do ano passado. A defesa está mais sólida (principalmente Luisão, tem-se mostrado integrado no futebol europeu), Manuel Fernandes substitui melhor na defesa Tiago (mas a produção ofensiva é muito menor), João Pereira está muito abaixo do ano passado, Geovanni continua nos seus altos e baixos, Zahovic é o mesmo, não muda, nem mexe, Simão desequilibra, mais na técnica que na velocidade e Nuno Gomes e Sokota passaram crises de confiança (será que já a passaram mesmo?). E é no sector atacante que o Benfica passou a produzir menos relativamente ao ano passado. Com Camacho, o Benfica atacava e rematava mais. A bola chegava aos avançados 5-10 metros mais à frente. Com Trappatoni, os avançados têm que recuar muito baixando por isso a produção ofensiva.
Com a fragilidade apresentada pelo Porto e a irregularidade patenteada pelo Sporting, o Benfica tem condições para chegar ao título. "Apenas" deve manter a regularidade apresentada até aqui, rezar para não se deixar fragilizar (ausência de jogadores influentes) e esperar que a "crise" afecte pontualmente o Porto e Sporting. De qualquer das formas, todos devem estar conscientes de que o Porto é o principal candidato ao título e o Sporting com Rochemback (seria 2º classificado o ano passado não fosse a sua lesão) é uma equipa forte.

P.S. - A febre do título não pode pairar sobre a Luz muito cedo. Faz mal aos jogadores (só Argel e Zahovic sabem o que é ser campeão) e aos adeptos (muitos deles pensam que o Eusébio ainda joga).
P.S. - Começa a ser por demais evidente as dificuldades do Benfica em jogos de importância capital. E os erros que comete são, normalmente, erros de principiante. Falta de qualidade dos jogadores (sobrevalorizados pela imprensa) ou faltas de concentração resultantes de lacunas no trabalho semanal e na responsabilização dos erros individuais de cada um?

segunda-feira, novembro 15, 2004

Golear para quê? 

O ano passado, com Mourinho, o Porto ganhava quase sempre por 1 ou 2 golos de diferença, raramente empatava e quase nunca perdia. A verdade é que mais do que pelas goleadas, os campeões fazem-se pelos pontos conquistados, o que, normalmente se faz com um simples golo de vantagem. Vencer por mais do que 2 ou 3 só se justifica se for uma eliminatória de uma competição europeia (onde os golos valem ouro), ou se o adversário for tão fraco, que marcar 5 ou 6 seja uma tarefa fácil. Até porque, numa equipa concentrada em ganhar tudo, não há tempo para isso.
Ontem no Sporting-Boavista, como na semana passada no Benfica-Setúbal, houve muito tempo. Em ambas as situações, os clubes da Segunda Circular vinham de duas derrotas por 3-0 e em ambos os casos, golearam o adversário seguinte. Também em ambos os casos, falta qualidade aos plantéis, as exibições são incertas e é frequente passarem de besta a bestial e vice-versa todas as semanas. Estas goleadas foram o espelho da fraqueza destas equipas, do facto de serem capazes do melhor e do pior, sem conseguirem encontrar um ponto de equilíbrio no seu fio de jogo. A instabilidade dentro e fora do campo são a sua imagem de marca.
Do outro lado, sem encantar minimamente, encontra-se o Porto, já em primeiro lugar, com vitórias sobre Benfica e Sporting. Que eu me lembre o resultado mais dilatado do Porto esta época foi a vitória por 3-0 ao Sporting, um resultado gordo, contra um adversário directo, mas sem entrar em excessos.
Até na vitória Benfica e Sporting mostram (pelo menos até Dezembro) não terem estofo de campeão.


domingo, novembro 14, 2004

Ainda o vazio... 

Ainda na sequência do excelente post do mês passado e dos comentários que foram feitos, gostava apenas de acrescentar algo. Primeiro, o futebol em Portugal sobrevive apesar da presença dos nossos 3 diários desportivos, e não por causa dos mesmos. A tablóidização do futebol, representado pelo Record, Bola e O Jogo e pela embriónica Sport Tv, mataram o que ainda havia de verdadeiramente saudável no mundo da bola. Não discutem futebol. Embriagam-nos com histórias de facas e alguidar, contos de empresários, discussões insanes, avaliações miseráveis, enfim, substituem-se a tudo o que possa significar magia e espectáculo. Assim como a Sky mata lentamente a Premiership - que não tem as assistências do início da década de 90 e anos 80- , assim como o Canal Plus espremeu a liga francesa e espanhola, assim como a nóvel Sky Italia enterra lentamente a famosa Série A.
Vitórias e derrotas nunca foram sinónimo de fracas assitências, pelo menos no que aos grandes diz respeito. Lembro-me bem de Alvalade no final dos anos 80 e inicio da década seguinte com assitências monumentais, lembro-me de me sentir esmagado (literalmente) enquanto assistia a um Sporting-Salgueiros ou Gumarães. A diferença? As 15 horas de qualquer domingo eram sagradas, aí se vivia o futebol, com bairrismo, as famosas febras, sem televisao e com pouco marketing...

Ricardo 

Ricardo não sabe estar. Perdeu o dom da humildade. O herói do Europeu, mais pelas circunstâncias que pela habilidade, teima em atirar as culpas para outrém. É tudo uma cabala. Mais um livro que se justifica. Os jornalistas detestam-no, o Baía não o suporta, os que o criticam não percebem nada de futebol. Pois assim seja. Ricardo é um tipo simpático, expert nas defesas por instinto. Péssimo nos cruzamentos, sofrível a sair dos postes. Merece a titularidade em Alvalade? Sim, mas conquista-a por defeito. Nélson e Tiago conseguem estar uns furos abaixo. Merece a baliza da selecção? Sim. Vítor Baía é por demais irregular, Moreira não logra prestações realmente convincentes (vide Estugarda), e o resto é paisagem...Ricardo titular, sim. Ma non troppo...

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