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sexta-feira, junho 25, 2004

Só para quem quer ver 


Entre a imprensa espanhola e inglesa não se viu uma análise consensual, nem declaradamente elogiosa para Portugal. Tivemos coração; nunca desistimos, apesar de termos sofrido um golo cedo; fomos uma equipa adulta - foi o que de melhor se disse sobre nós. De resto, fomos tidos como nervosos, incapazes de criar perigo, apesar das actuações de Figo (mesmo assim, para os espanhóis, Portugal só começou a jogar quando este saiu) e Ronaldo, nos extremos. Somos tidos como uma equipa boa, mas não excelente.
Os ingleses, por sua vez, jogaram muito bem, o melhor possível, segundo alguns comentadores. A sua defesa foi tida como extraordinária. Até Beckham foi elogiado - a melhor actuação do Europeu: tacticamente perfeito.
Sendo assim, porque é que os ingleses perderam? A lesão de Rooney (caso contrário teria feito a defesa portuguesa em frangalhos), a felicidade das substituições de Scolari e, sobretudo, a maldição das grandes penalidades.
Nem por um só momento vi escrito que Portugal foi muito melhor que a Inglaterra, que a vitória nos penaltis foi uma recompensa de algo que devia ter acontecido no prolongamento, depois daquele golo de antologia do nosso eterno maestro. A verdade é que nós fomos melhores, desde o minuto três, jogámos com a raça que a sorte acompanha. Os ingleses foram uma nulidade no ataque e o pouco perigo que causaram foi de bola parada ou em bolas longas, atabalhoadas,como o seu principal jogador, David Beckham, a mais aberrante estrela de futebol de sempre. É um bom jogador, que consegue pôr a bola onde quer, mas isso é claramente insuficiente para ser uma estrela. Nos momentos decisivos desaparece, escondido junto à linha lateral. Já nem de bolas paradas marca golos, pior, falha golos decisivos quando chamado à responsabilidade: falhou na Turquia, falhou contra a França e falhou contra Portugal.
A imprensa internacional (especialmente a anglo-saxónica) tem uma família de atletas e treinadores globais que são os únicos que podem brilhar e vencer. Maniche, Costinha ou mesmo o grande Ricardo Carvalho não fazem parte dessa família. E como tal, quando se trata de analisar o jogo, o que interessa é Cristiano Ronaldo (candidato a entrar para a família), Figo e Scolari. O resto é paisagem. Do lado inglês, como a Premiership League é a mais mediática do mundo, todos são vedetas, desde o caceteiro Campbell ao medíocre Gary Neville. Por isso estes não podem jogar mal, ninguém joga mal contra uma paisagem, dois jogadores e um treinador. Como tal, as únicas justificações são as substituições de Scolari e a má sorte dos penaltis e da lesão de Rooney. Ou então, a mais hilariante de todas as justificações: o árbitro porque anulou um golo à Inglaterra. Se entrar com o guarda-redes pela baliza dentro é legal, então junto a minha indignação à do tablóide The Sun...
Entretanto, nós vamos vencendo.

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