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terça-feira, junho 22, 2004

O acaso 

Dez dias volvidos, e já não somos cépticos optimistas, somente optimistas. Ao contrário de 2000, Portugal ainda não fez nenhum jogo espectacular, como contra a Inglaterra, nem tão categórico, como contra a Alemanha e Turquia. Contra a Grécia fomos miseráveis, contra a Rússia cumpridores e contra a Espanha valentes, dignos de qualquer padeira. Em nenhum deles, no entanto, esmagamos o adversário. Pelo contrário, em todos eles estivemos entre a desgraça e a glória. Será que não tinhamos ganho à Grécia se o Paulo Ferreira não tivesse falhado aquele passe? E o que aconteceria se o Ricardo Carvalho não tivesse impedido o avançado russo de empatar o jogo? E no Domingo, se o remate do Nuno não tivesse entrado, se a bola do Fernando Torres tivesse ido um pouco mais para a direita ou se o sempre presente Ricardo Carvalho não tivesse tirado uma bola da linha de golo?
O nosso apuramento tem sido feito - e creio que o mesmo se pode dizer das restantes equipas deste Europeu - por um conjunto de pequenas acções determinantes. Numa competição tão equilibrada como esta, é difícil que as coisas se decidam de outra forma. Mesmo o resultado mais desnivelado do torneio - a vitória da Suécia frente à Bulgária - foi conseguida devido a um pequeno momento determinante. Não tivesse Larsson feito o 2-0 numa altura em que a Bulgária estava mais perto do empate (início da segunda parte) e esta podia mesmo ter dado a volta ao jogo. Até então o domínio sueco não tinha sido nada evidente. Em boa verdade, este Europeu ainda não teve nenhuma selecção dominante e o mais provável é que assim permaneça até ao fim. Tudo isto para dizer que o desenlace deste Europeu é uma incógnita. Em 2004, quase tudo se decidirá por vontado do acaso.
E, apesar de tudo isto, confiamos na nossa selecção, como se de imparável se tratasse. Não consideramos que tal seja um optimismo desmido, somente a constatação de um facto inabalável, quase sempre aliado da vitória: o povo português, na sua eterna sabedoria, apoia uma selecção que ao fim de três jogos demontrou ter 'raça'. Porque sabe que essa é a única forma de o ter do nosso lado, o acaso, é claro. Este parece gostar de equipas que correm do princípio ao fim, sempre concentradas no que estão a fazer, com uma vontade tremenda de chegar à bola antes do adversário. Em certas alturas, o acaso vira mesmo guarda-redes (visível no remate de Fernando Torres que enviou para o poste, ou até avançado carraça, que obriga os adversários a errar passes para trás (como o de Gerrard frente à Espanha). Em troca, só exige uma coisas - entrega total.
Sendo assim, não nos restam grandes alternativas para quinta-feira: ou lhe damos o que ele quer ou ele tira-nos o que nós queremos.

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