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sexta-feira, junho 11, 2004

Até onde? 



É amanhã. Portugal vai ter o jogo mais importante do torneio. Numa selecção que ainda não provou nada, o primeiro jogo vai servir para medir o pulso às suas capacidades. Os jogos que se seguem serão vitórias certas, ou 180 minutos de sofrimento, consoante o jogo de amanhã.
Todo o país aguarda expectante: um resultado que não uma vitória convincente dos nossos rapazes aumentará o cepticismo em relação às suas capacidades. Pelo contrário, uma boa exibição lançará o país numa onda vermelha e verde de entusiasmo e esperança.
Vivemos hoje um sentimento diferente do das últimas competições em que participamos. Se é por jogarmos em casa, se é de não termos tido jogos 'a sério' desde 2002, ou se é dos resultados dos amigáveis, a verdade é que não sabemo ao certo que esperar, o que contrasta com o passado recente.
Em 1996 entramos felizes. Estar numa competição internacional 12 anos depois já era suficientemente bom. Chegar aos quartos-de-final foi um sonho e ficar por aí, aos pés de Poborsky não foi um drama, mas algo de natural. Triste, mas natural.
Em 2000, o sentimento já foi diferente. Tínhamos feito um bom apuramento e sabíamos das qualidades de uma selecção em que Figo e Rui Costa estavam no topo das suas capacidades. Contudo, o nosso grupo era difícil o suficiente para as nossas expectativas serem baixas. A nossa esperança foi crescendo à medida que a selecção ia ganhando, chegando ao ponto de a goleada à Alemanha com uma equipa de suplentes ter sido aceite com naturalidade. Neste contexto a mão de Abel Xavier foi um rude golpe num país que julgava estar a mudar, ser capaz de vencer nos momentos decisivos, perder os seus complexos de inferioridade.
Se em 1996 entrámos satisfeitos e em 2000 confiantes mas realistas, em 2002 apresentamo-nos como os melhores do mundo. A boa prestação de 2000 ainda estava bem presente e a extraordinária prestação durante a fase de qualificação num grupo que incluía a Irlanda e a Holanda levaram mesmo o nosso primeiro-ministro a dizer "tragam a taça". Tudo menos que isso era uma derrota. No jogo inaugural contra os EUA, o título de um jornal dirário era "Hoje somos nós a potência". A confiança dissolveu-se toda em 90 minutos.
Creio que, neste momento, somos todos cépticos optimistas. Criticamos a selcção, achamos que jogam mal, mas, no fundo, todos temos a impressão que, com aqueles jogadores, poderemos ir longe. Esperamos tudo e ao mesmo tempo não esperamos nada. Vemos em Figo e Rui Costa estrelas em decadência, mas ainda estrelas, conscientes que este é a última oportunidade que têm para brilhar, para materializar uma década de esperança que começou em Riade, se exponenciou na Luz para, desejosamente, terminar aí, 13 anos depois. Em Pauleta temos o homem-golo que nunca tivemos, o tal jogador 'assassíno'. Em Costinha, Petit, Maniche, Paulo Ferreira, Maniche e Simão temos a certeza que em cada jogo darão tudo o que têm. Em Couto vemos o capitão seguro, o mesmo não se podendo dizer do seu colega Jorge Andrade cujas qualidades não fazem esquecer o suplente Ricardo Carvalho, que ainda temos esperança de ver como titular. Por fim, Deco e Ronaldo. Acredito que boa parte das hipóteses de Portugal se jogarão no luso-brasileiro e no jovem madeirense. Terá Deco a capacidade para ser decisivo numa selecção que não tem o mesmo espírito de sacrifício que o Porto campeão europeu? E Ronaldo? O míudo já demonstrou ter um potencial para fazer parte da galeria dos imortais. Será 2004 demasiado cedo?
Amanhã às 19h todo este sentimento, todas estas dúvidas se vão desvanecer: ou ficaremos só cépticos ou só optimistas; Figo Rui Costa, Deco e companhia ou serão os melhores ou os piores do mundo; Portugal será o país da retoma ou voltará ao quasi-estruturante estado de crise. É um país que se vai decidir em 90 minutos.

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