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segunda-feira, maio 12, 2008

Futebol 

Tem sido pouca a vontade de escrever sobre futebol. Seja pelo facto de em Portugal, à fraca qualidade do futebol, se ter agora juntado a ilusão de justiça (só pode ser ilusão quando é possível distinguir entre tipos de corrupção e quando é possível pelo mesmo crime castigar os culpados envolvidos com penas referentes a diferentes crimes), seja pelo facto de o futebol europeu ter passado a ser a Taça de Inglaterra (e a Taça de Inglaterra o pão dos pobres), seja ainda pelo crescente distanciamento entre adeptos e clubes, tanto pela forma como estes exploram aqueles (em Inglaterra há pelo menos três clubes criados por adeptos, depois de considerarem não mais se reverem nos seus próprios clubes, a saber, Manchester United, Liverpool e Wimbledon), como pela forma como estes passaram a funcionar de forma totalmente despótica, sem nenhuma consideração pela opinião geral (os casos do despedimento de Mourinho, ou agora mais recentemente de Sven Goran Erickson, são bons exemplos disso mesmo), a verdade é que o futebol perdeu interesse. Curioso dizer isto na mesma altura em que a Primeira Liga Inglesa apresenta um número crescente de espectadores ou numa altura em que é visível o crescente impacto mediático do futebol a nível global. Resta saber se esse impacto, por ser mediático, não se poderá desvanecer assim que outros mediatismos se afirmem mais interessantes.
À vaga de adeptos de futebol (e não me refiro aqui a uma eventual tribo do futebol, tal como descrita por Desmond Morris, mas sim a todos aqueles que vivem o futebol, independentemente da intensidade, pelo prazer da modalidade, quer ao nível estético, quer ao nível social - sentimento de pertença) juntou-se a vaga dos mediatizados, isto é, todo um grupo de seres humanos cujo interesse primário por um determinado fenómeno social não está ligado ao fenómeno em si, mas à cobertura mediática de que é alvo - vulgo 'estar na moda'. A questão que fica, e obviamente em relação a isto não há dados estatísticos, é o que será do futebol quando tal mediatização diminuir, quando uma outra modalidade se afirmar no panorama mundial. Eu sei que visto de Portugal onde o futebol carece de superlativos de mediatização nestes últimos anos (em constraste com o vazio dos estádios - talvez uma prova dessa tal diferença entre adeptos de futebol e espectadores mediatizados) parece ser difícil considerar tal cenário. Mas é bem possível que aconteça, quanto mais não seja numa lógica puramente empresarial (a recém criada Primeira Liga Indiana de... cricket poderá ser um caso a seguir...). Quando isso acontecer e os mediatizados forem para outras paragens interessará saber o que fica do futebol.
A memória futebolística de Rui Costa ficará certamente. E foi a despedida desse grande jogador que me fez hoje voltar a escrever sobre futebol.

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