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quarta-feira, dezembro 05, 2007

Uma análise de treinador de bancada 

A vitória de ontem do Benfica na Ucrânia foi, sem grande margem para dúvidas, surpreendente. Poucos seriam aqueles que acreditavam que os pupilos de Camacho conseguissem ir ao outro lado da Europa derrotar uma equipa que tinha vencido na Luz por 2-0. Principalmente depois da derrota em casa frente ao Porto, em que foi gritante a falta de automatismos dos jogadores do Benfica, quando comparado com os azuis e brancos.
Sorte e força de vontade fizeram um resultado que garantiu a UEFA ao Benfica e o último lugar ao Shaktar. Contudo, nem esta foi uma participação feliz do clube da Luz, nem este resultado significou uma alteração radical na forma de jogar do Benfica. Não foi feliz porque a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões era um objectivo claro que deveria ter sido atingido num grupo onde nenhuma equipa (nem mesmo o AC Milan) demonstrou argumentos de peso. Em Milão o Benfica foi fraco, na Luz contra o Shaktar, miserável, e nos restantes jogos foi visível a falta de 'poder de fogo' da equipa. Só ontem a estória foi um pouco diferente. Óscar Cardozo fez aquilo que tem sido complicado para o Benfica: marcar. Podemos falar em mil e um argumentos quando uma equipa não vence, mas no fundo é nos golos que está o sucesso ou fracasso. Porque os golos não valem só por si, mas também pela influência psicológica na equipa que marca e na equipa que sofre. Uma equipa é mais forte se tiver de defender uma vantagem e não um empate. Uma equipa é mais fraca e arrisca menos quando sabe que o adversário, por este já o ter provado em campo, pode marcar novamente.
Tivesse o Benfica jogado com Nuno Gomes ontem à noite e provavelmente estaríamos aqui a falar da escandalosa oportunidade desperdiçada ao minuto 6 e do cruzamento inconsequente ao minuto 23. O resultado teria possivelmente sido uma vitória do Shaktar, eventualmente dilatada. E aqui entramos nos problemas estruturais da equipa. Como já dissemos a vitória de ontem só foi possível com sorte (no primeiro golo do Benfica) e com uma enorme força de vontade, que serviu para diminuir problemas persistentes na equipa. Contudo, eles permanecem, e como a sorte nem sempre está presente de forma tão clara e a força de vontade para defrontar os Navais deste mundo nem sempre é a mesma, só com a resolução ou minimização desses mesmos problemas poderá ser possível ao Benfica ambicionar a vitória nalguma competição. O primeiro problema, já aqui abordado, é a falta de capacidade de finalização da equipa. Cardozo mostrou ontem que afinal não é assim tão difícil marcar golos, tenha a equipa um homem alto na frente com alguma capacidade de finalização. Portanto, ficou ontem bem claro que na ausência de melhor, Cardozo é a única opção na frente de ataque. Como o jovem avançado ainda demonstra alguma irregularidade, poderia ser útil fazê-lo acompanhar de um segundo avançado, que o Benfica possui em grande número (Mantorras, Nuno Gomes, Bergessio, Adu...). Isso obrigaria naturalmente a uma mudança do sistema táctico, com um dos médios a ter de sair. Para além da finalização o Benfica é uma equipa desorganizada defensivamente. Independentemente dos elementos em campo, as dinâmicas defensivas são muitas vezes atabalhoadas com vários homens a correrem atrás da bola, deixando muito espaço vazio para eventuais subidas no terreno do adversário. Em San Siro, o segundo golo do Milan foi um exemplo disso mesmo. Ao nível individual, parecem haver claras falhas na equipa. Luís Filipe não parece ser bom o suficiente para títular no Benfica e Nélson é demasiado inconstante para igualmente assumir o lugar. Como tal, resta o mercado de Janeiro para resolver o problema ou talvez a adaptação de Maxi Pereira. Contudo, no centro da defesa as coisas não estão muito melhores. Luisão está a fazer a pior época desde que chegou ao Benfica, o que nos permite questionar se não é altura de mudar de ares, e David Luiz não pode, pela sua idade, ser títular indiscutível. Léo, a única peça segura na defesa encarnada, parece estar de saída...
Por fim, uma nota para os alas. Maxi Pereira como médio não parece ser a melhor opção para uma equipa que joga com um ponta-de-lança e como tal necessita de médios com capacidade ofensiva. O golo contra o Milan foi mais uma excepção que a regra de um jogador que não é mau, mas também não é muito bom. Di Maria, por seu turno, parece necessitar de tempo de adaptação, o que deixa o Benfica com Rodriguez como único ala com lugar assegurado.
Em suma, apesar da boa vitória de ontem, o Benfica continua a precisar de mudar muita coisa caso tenha ambições de vencer algo esta época.

Comments:
Passa pelo Bola na Trave e diz-nos qual a tua selecção da 1ª volta.

Abraço e boas festas
 
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