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domingo, setembro 09, 2007

Portugal 

Futebol, basquetebol e râguebi. Provavelmente as três modalidades colectivas com mais impacto a nível internacional. Portugal jogou este fim de semana em todas elas. E que diferença de expectativas, de recursos e de empenho. No futebol fazemos parte da elite, participamos (desde os anos 90) com regularidade nas fases finais das competições internacionais e os três grandes têm um impacto significativo no futebol europeu. Em qualquer descrição de Portugal no estrangeiro, o termo 'football-mad' é normalmente associada à caracterização do país. A quem não acontece, quando menciona a nacionalidade portuguesa no estrangeiro, ser imediatamente relembrado de Portugal ser igualmente o país de Luís Figo, Eusébio, ou agora Cristiano Ronaldo? Portugal e futebol são, com efeito, sinónimos.
No basquetebol, apesar de termos um liga profissional, os recursos e, sobretudo, a atenção dedicada à modalidade são muito menores, quando comparado com o futebol. E apesar de tudo, Portugal conseguiu pela primeira apurar-se (nos anos 50, na sua única participação, Portugal entrou como convidado) para o Campeonato Europeu de Basquetebol. Para espanto de todos conseguiu até qualificar-se para a segunda fase da competição e hoje, depois de derrotar Israel, tem ainda hipótese de se qualificar para os quartos de final. Para quem de basquetebol nada sabe, é de clarificar que a grande maioria das selecções em prova conta com jogadores seus na NBA, alguns estrelas da competição como Pau Gasol (Espanha), Dirk Nowitski (Alemanha), ou Tony Parker (França), para além de muitos outros a jogar nos principais clubes europeus (com orçamentos incomportáveis para a esmagadora maioria dos clubes da I Liga de futebol portuguesa). Praticamente todos os países em prova apresentam equipas extremamente competitivas ao nível de competições europeias de clubes e o basquetebol é, nestes países, levado muito a sério.
Finalmente o râguebi. O Campeonato do Mundo é o terceiro evento desportivo mais visto no planeta e todas as equipas são, neste torneio, profissionais. Todas, com a excepção de Portugal, equipa amadora que conseguiu um apuramento impensável e de quem todos esperavam perder por 100 ou mais pontos nos seus 3 primeiros jogos (Escócia, Nova Zelândia e Itália).
Três desportos colectivos de grande impacto internacional, três formas de estar de Portugal. No futebol Portugal é (agora) vista como uma selecção problemática, capaz de jogar ao mais alto nível, mas normalmente mais preocupada em discutir com o árbitro e em simular faltas, do que propriamente em jogar. Neste apuramento para o Europeu começa igualmente a transparecer a ideia de empenho esporádico, normalmente só quando sob pressão. Portugal é hoje uma equipa desequilibrada, que tanto pode derrotar a Bégica por 4-0 como fazer um resultado miserável na Arménia. O empate com a Polónia pode ser visto como falta de sorte, mas a verdade é que Portugal teve de gastar energias extra para virar um resultado que só era desfavorável por falta de concentração defensiva e de empenho eficaz no ataque e tivesse jogado concentrado do inicío ao fim o resultado podia e devia ter sido uma vitória clara.
Ao invés, no basquetebol Portugal apresenta uma imagem de equipa com grande coração, que chegou onde chegou pelo bom trabalho realizado. Um trabalho que lhe permite não só estar entre os melhores, como ganhar aos melhores.
Não ao mesmo nível mas com um coração ainda maior, a equipa de râguebi conseguiu o até então impossível: qualificar-se para um Mundial, com um plantel amador. No jogo de hoje contra a Escócia (de outro planeta), os jogadores portugueses deixaram tudo em campo, levando um comentador inglês à conclusão de que Portugal devia estar muito orgulhoso desta equipa.
Como pode Portugal deixar três imagens internacionais tão diferentes deve ser algo a pensar. Talvez o mundo seja mais do que futebol e talvez os portugueses sejam afinal empenhados e trabalhadores. Talvez algo precisa de mudar na relação de Portugal com o futebol.

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