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quinta-feira, novembro 22, 2007

Uma questão de cultura 

Uma das melhores formas de medir a competência de um país numa determinada modalidade é praticar essa mesma modalidade com os cidadãos comuns, pois por muitas academias e centros de excelência, é nessa cultura popular que os jogadores crescem e em momentos de tensão é provavelmente a esse background que vão procurar as soluções para problemas imediatos.
Tudo isto para dizer que tenho, aqui em Inglaterra, tido a oportunidade de jogar futebol regularmente com 'nativos'. E se a priori o futebol tem uma linguagem universal, aqui essa linguagem tem um sotaque muito acentuado, que por vezes torna díficil perceber a mensagem. Pior ainda, há por estas terras deteminados conceitos que simplesmente não existem, senão vejamos. 'Pensar o jogo', expressão regularmente utilizada em 'futebolês' aqui é mera ficção. Só uma pessoa pensa o jogo, o guarda-redes. Pensa o jogo quando tem a bola nos pés e tem de decidir se chuta para a área contrária mais para o lado direito ou para o lado esquerdo. 'Linhas de passe' é outra expressão sem lógica aqui. Em primeiro lugar porque raramente um jogador pensa em passar a bola, em segundo porque os passes raramente se fazem pelo chão e em terceiro porque quase nunca se fazem passes a menos de 20 metros. Um conceito tão querido dos portugueses como a 'tabelinha' é perfeitamente impossível de executar aqui. Isso significaria pensar o jogo, executar um passe curto e, ainda mais impensável, passar a bola a uma distância da baliza inferior a 20 metros. Pois é, é que aqueles 'tiros' de fora de área tão comuns no futebol inglês, começam no futebol entre os comuns dos mortais. No fundo, os ingleses com quem jogo (e ainda são muitos) são uma espécie de Lampards de quinta categoria: raçudos, com uma enorme vontade de correr, chutar e correr.
Ontem, perante uma Croácia organizada e que sabia pensar o jogo, cada vez que via os jogadores ingleses a tentarem desesperadamente marcar mais um golo lembrava-me dos meus 'colegas' de futebol aqui em Inglaterra: pontapés para a frente, sem nexo, na esperança da bola cair num sítio propício para chutar à baliza. Na verdade, não me espanta nada que nenhuma das 'Home Nations' tenha conseguido o apuramento para o Europeu. O que me espanta é que o futebol tenha nascido aqui.

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