<$BlogRSDURL$>

sexta-feira, junho 30, 2006

De vencedores antecipados a derrotados antecipadamente 

Um dos fenómenos mais interessantes de uma competição como o Mundial ou o Europeu é o peso extremamente diferenciado que cada jogo tem. Na fase de grupos, a importância do primeiro jogo é somente anímica, não tendo na prática qualquer correlação obrigatória com o desempenho de uma equipa na competição, como Portugal demonstrou no Euro2004. O segundo jogo normalmente é o mais importante. Permite garantir um lugar na fase seguinte antecipadamente ou então manter viva a esperança, em caso de derrota no primeiro encontro. Em boa parte dos casos, o terceiro jogo ou serve para cumprir calendário ou torna-se verdadeiramente decisivo. Somente a partir daqui é que a importância de uma ronda passa a ser igual para todas as equipas: quem perde sai, é o mata-mata brasileiro. Contudo, para aqueles que têm necessidade de criar de vencedores antecipados, o primeiro jogo acaba por ser o mais importante.
Por exemplo, na curta caminhada espanhola neste Mundial, o resultado que interessou foi a goleada à Ucrânia. A vitória in extremis sobre a Tunísia e o magro resultado frente à Arábia Saudita não demoveram a imagem de uma Espanha avassaladora criada no primeiro jogo. Frente à França, pela primeira vez em muitos anos, Espanha era vista como a clara favorita a passar aos quartos-de-final. Os franceses como só se tinham apurado no último jogo do grupo, sem nunca jogarem um futebol minimamente atractivo, tinham o destino antecipadamente traçado. Não havia a mais pequena hipótese de derrotarem uma selecção que tinha 'espetado' quatro golos nos ucranianos. Para mais, principalmente segundo a imprensa espanhola, Zidane estava velho e Henry em baixo de forma. De uma forma claramente demagógica, sub-valorizou-se de uma vez só dois dos maiores jogadores de sempre do futebol mundial, em detrimento dos jovens Joaquins e Torres, que por muito futuro que tenham, não deixa de ser futuro. Da parte dos espanhóis é natural este tipo de atitude, uma arrogância infundada, normalmente contrariada a posteriori pelos resultados. O que não se compreende é que a imprensa mundial, em geral, tenha seguido esta mesma tendência.

Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?