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terça-feira, abril 25, 2006

Herói Acidental II e outros acidentes 

Pelo segundo ano consecutivo temos um campeão acidental. Depois do reinado de Mourinho onde Camacho também merecia ter sido campeão, nunca mais ninguém dominou o campeonato, nem mereceu ser campeão. O ano passado só à custa de muita transpiração, sorte e sobretudo falta de capacidade da concorrência foi o Benfica campeão. Este ano o Porto venceu sem convencer: eliminado de um grupo fácil da Liga dos Campeões, acabou por beneficiar internamente desse facto, para se desgastar menos que o seu mais directo rival Benfica. No entanto vai acabar o campeonato com somente 4 pontos em 12 nos confrontos com Sporting e Benfica e com uma maioria de vitórias medíocres por 1-0. Nem frente ao Penafiel foi capaz de fazer melhor...
Quanto ao Benfica este fez o que o Porto tinha feito na época passada, cometeu suicídio, mas de um tipo diferente. O Porto 2004/2005, com um plantel bom, andou a trocar de treinadores; o Benfica de 2005/2006, com um plantel bom, andou a trocar de jogadores. No fundo Vieira, Veiga e Koeman não tiveram arte nem engenho para contratarem bem (no caso dos dois primeiros) nem para gerirem bem um plantel que lutava em 3 frentes (no caso de Koeman). As entradas de Moretto, Karagounis, Robert, Marcel e Manduca nada de novo trouxeram a uma equipa que estava a jogar bem, entrusada e, sobretudo, a ganhar. Se os clubes em Portugal ainda são dos sócios há medidas que deviam ser explicadas em público: como por exemplo, o porquê da troca de Quim por Moretto. Não está em causa as qualidades nem de um nem de outro, simplesmente não se troca um guarda-redes internacional, campeão e que não sofria golos há vários jogos por um brasileiro desconhecido por muito bom que seja (o que nem é o caso), de um dia para o outro. Como também não se anuncia a meio da época que um dos jogadores mais decisivos do título da época anterior e que este ano também deu várias alegrias aos adeptos poderá ser emprestado no ano seguinte. Creio que estas duas razões por si justificariam o despedimento de qualquer treinador, sobretudo de um que nada ganhou.
Por fim, o Sporting. Com uma gestão financeira tão rigorosa que deixou o clube no abismo, Paulo Bento fez aquilo que muito julgavam impensável: lutou pelo título quase até ao fim. Contudo, tal como o segredo da Velha Raposa o ano passado dificilmente poderia ser aplicado duas vezes seguidas, também me parece que este Sporting joga demasiado mal para ter algum futuro.
Em suma, não foi uma época boa. Para piorar um pouco temos os paradoxos habituais num campeonato que já nos habituou ao estranho e ao bizarro: um clube com muitos adeptos, óptimas condições, um treinador capaz e ordenados em dia está à beira de descer de divisão - o Guimarães; enquanto isso, os clubes dos estádios vazios, como Naval, Amadora e Leiria ou até dos estádios inexistentes, como o Nacional vão continuar a dar o seu contributo vazio à I Liga. Vazio de dinheiro, mas também na I Liga e na Taça UEFA (!) continuará o V. Setúbal. É verdade que é um histórico do nosso futebol, mas será que devia ter autorização para se inscrever na próxima época sem garantias bancárias REAIS? E será que com a redução para 16 podíamos passar a ter mais jogadores portugueses e melhores jogadores brasileiros? E será que podíamos passar a ter um Presidente em vez de um Major à frente da Liga?
Soares Francos, Desportivos das Aves, Veigas, Paulos Bentos e Juniores Bahias fazem-me acreditar pouco que alguma coisa vá mudar.

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