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sábado, março 04, 2006

Essas pequenas coisas 

O "drama" Madrid-Perez repete-se, salve a expressão, em Alvalade, com pequenas-grandes nuances. Cá, como lá, adapta-se uma visão puramente mercantilista do jogo da bola, sendo que cá, esta é tendencialmente miserabilista. Se no Barnabeu temos Zidanes e Pavones, no Campo Grande temos(tinhamos?) Pinillas e Nanis. Faça-se a ressalva do facto de todos os "Nanis" verde-e-brancos serem, grosso modo, atletas de qualidade e com franca margem de progressão. Mas os dirigentes leoninos continuam a pensar futebol como uma Wall Street dos pequeninos, com os resultados que se conhecem. Os 2 titulos (99/00 e 01/02) foram quiça até acidentais, o primeiro obra do génio modesto mas esforçado de Inácio e Acosta, o segundo entregue de bandeja por Mario Jardel. O que Roquette e companhia trouxeram ao Sporting e ao futebol português foi apenas e só uma certa dessacralização do que o futebol realmente representa, daquilo que significa para muitos de nós. O que pode "salvar" o Sporting é a carolice esclarecida de Paulo Bento, que segue na esteira de Augusto Inácio. A mesma carolice mais ou menos esclarecida que permitia até manter um pavilhão para as ditas amadoras (a fabulosa, e aqui sem ironias, Nave de Alvalade, bem pertinho da antiga 10A). A mesma carolice esclarecida aplicada por Vicente del Bosque no Madrid de final de século que tanto me encantava. Raul, Morientes, Casillas e demais. Depois perdeu o Madrid, perdeu o futebol, perdeu-se muita da inocência. Perdeu-se sobretudo, isto:

Toni, antigo jogador e treinador do Benfica
«Sou do tempo em que não se bebia água no treino, era proibido, os treinadores até pediam ao senhor Domingos Claudino para fechar as torneiras. Eriksson trouxe bidons e um líquido chamado XL1, para repor os níveis de sais que o desgaste obriga a recuperar. Parecia que tinha descoberto a pólvora. A bola começava logo a girar nos primeiros treinos da época, havia água nos treinos, os jogadores ficaram espantados e foram conquistados por essas pequenas coisas, que no fundo eram tão importantes.»

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