Teóricos da Bola

Comecei a interessar-me por futebol em pequeno, quando o Benfica estava num digno declínio e o Porto numa sustentada escalada para o sucesso. Até meados da década de 90, achava perfeitamente normal o Benfica fazer boas campanhas europeias: duas finais da Taça dos Campeões, uma meia final da Taça das Taças e várias vitórias contra equipas de renome internacional faziam-me crer como natural, o Benfica europeu. Veio depois a escuridão e os anos humilhantes, de onde só se saiu com Camacho, onde a Taça UEFA chegou a ser um sonho bonito.

Contudo, a recuperação total foi sempre adiada, pois a recuperação total na Europa só tem um nome - Liga dos Campeões.

Hoje o Benfica regressa ao jet set do futebol europeu, como aristocrata recuperado de tempos menos bons. A música preferida de Jaime Pacheco vai fazer-se ouvir pela primeira vez no novo Estádio da Luz; a Ford, a Mastercard e uma marca de cerveja que só conheço da Liga dos Campeões estarão a ocupar o lugar de Sapo's, PT's e afins...,; a equipa adversária não é somente uma mescla de brasileiros de segunda com portugueses recém-chegados da Liga de Honra. No fundo, tal como já acontece no Porto há várias épocas, vamos sentir-nos europeus por 90 minutos.

Na Europa do futebol, o nome Benfica ainda provoca algum respeito, mas o tempo passa e a ausência de resultados significativos a nível europeu apagarão essa marca, caso nada seja feito em sentido contrário. Para o Benfica, a Liga dos Campeões deste ano vale pois muito mais que o dinheiro que habitualmente oferece - vale o título de clube europeu.