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quarta-feira, abril 13, 2005

Os incidentes de S.Siro 

Enquanto acompanhava o jogo entre Bayern e Chelsea, ontem á noite, ia deitando um olho ao jogo do Giuseppe Meaza, transmitido em directo por um outro canal de televisão. Por sorte, num dos vários zappings da noite, aterrei em pleno relvado aquando da marcação do golo de Cambiasso, entretanto anulado pelo nosso bem conhecido árbitro-dentista, Markus Merk. O lance é duvidoso. As duas primeiras repetições em slow motion não pareciam mostrar qualquer irregularidade. Uma terceira e quarta amostra já dava a entender uma possível ligeira obstrução efectuada por um jogador do Inter (Cruz?) a Dida na sua pequena área. Seja como for, o golo do argentino ex-Real Madrid foi anulado. O que se seguiu é verdadeiramente inenarrável. Cambiasso e vários jogadores do Inter protestaram a decisão do árbitro, de forma veemente e modos acalorados. Até aqui nada de mais, é “normal”, e nada pareceu ultrapassar as regras do politicamente aceitável. Segundos depois, um dilúvio de objectos voadores não identificados começa a encharcar a grande área do guarda-redes do AC Milan. Começam por ser apenas garrafas. Seguem-se os isqueiros, adivinham-se já peças de fruta e telemóveis. Até que irrompem, quais deuses da noite os infâmes very-lights – lembram-se do Jamor? Um manto espesso de fumo cobre agora a área de jogo de Dida, que lá se vai mantendo na posição, ajudando alguns bombeiros a salvar a relva do fogo e imundice geral que por lá grassa. Até que um escarlate tubo de fumo decide aterrar suavemente nas costas do guarda-redes. Terá sido mais o susto do que outra coisa, talvez um ombro ligeiramente dorido, mas ainda assim. O árbitro suspende o jogo por 10 minutos – assim se lê nos seus lábios – “10 minutes, 10 minutes”, palavras dirigidas a ambos os capitães e ao director de campo. Cambiasso volta a confrontá-lo. “It´s your fault!”, diz-lhe. Roberto Mancini, treinador interista, repete o refrão de culpa. Os jogadores abandonam o relvado. Voltam passado os tais 10 minutos. Dida já lá não mora, substituído, á precaução, por Abbiati. O jogo recomeça. Durará mais 50 segundos. Uma segunda onda de foguetes invade a mesma grande área. O árbitro termina o encontro, desta vez em definitvo. Decididamente não há condições para continuar com a partida. Ivan Córdoba, defensor do Inter, aproxima-se de Merk, aplaudindo-o irónicamente, gritando “muito bem”. Véron repete-lhe na cara o já gasto “it´s your fault!”. Entretanto, os jogadores do AC Milan ensaiam uma aproximação aos seus adeptos, procurando-os saúdar pela vitória. As imagens mostram-nos entaõ o mesmo grupo de jogadores a voltar para trás. Á direita na imagem, discretamente, Carlo Ancelotti reclama a sua presença junto dele. As câmaras filmam o treinador, que diz a seus jogadores, de cara fechada, que “non è bello…non è bello…”. Ancelotti sabe que, naquele ambiente, a saudação aos adeptos poderia estragar ainda mais o espéctaculo. Foi, da parte de Ancelotti, uma poderosa demonstração de bom senso e fair play. Em verdadeira oposição às diatribes reaccionárias patenteadas por jogadores e equipa técnica do Internazionale. O Milan venceu porque foi claramente superior á “constelação” interista. Dentro e for a do campo.
A triste noite de S.Siro ficará marcada pelos energúmenos interistas. Mas também pela atitude sensata do homem do leme “rossonero”. Ancelotti foi o que é, um verdadeiro desportista. Sem necessidade de recorrer a teatro. Sem vontade de protagonismo bacoco. Tomara que muitos aprendessem com Carlo…

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