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quinta-feira, abril 07, 2005

Falhas do sistema 

Eu sei que hoje joga o Sporting contra o Newcastle, que na Terça houve o clássico Liverpool-Juventus e ontem o Chelsea mostrou, uma vez mais, que o título europeu só lhe poderá ser tirado por algum tipo de kryptonite transalpina (assunto sobre o qual escreverei brevemente). Contudo, é de outra coisa que me apetece escrever: os clubes sem adeptos.
Tirando Portugal, o único exemplo que me vem à memória (agradecia, se se lembrarem de mais algum, que mo dissessem) é o do Wimbledon. Clube maldito, clube sem terra, só nos anos 80 começou a criar uma massa adepta em torno de si. Mais do que qualquer particularismo local, era a sua atitude irreverente, anti-sistema, que levou milhares de pessoas a interessarem-se pelo Wimbledon. A verdade é que andou praticamente 20 anos na alta roda do futebol inglês, tendo mesmo conquistado uma FA Cup ao mítico Liverpool. Dennis Wise, o intratável pequeno trinco, mais tarde capitão do Chelsea, levantaria um troféu, que simbolicamente representava a democracia do futebol. A realidade, contudo, seria implacável para o clube e depois dos gloriosos anos do Crazy Gang, o fim seria o destino a esperar. Hoje são os Milton Keynes Dons FC (tal como a Fiorentina em Itália, a falência financeira exigiu a mudança de nome) e a descida à II divisão B está bastante mais próxima que a Premiership League. O Wimbledon foi uma moda passageira.
Em Portugal abundam exemplos de clubes semelhantes ao Wimbledon, não no sentido de não terem terra, mas de não terem adeptos. O mais grave no caso português é que nem têm, nem conseguem conquistar.
União de Leiria, Estrela da Amadora e Naval 1º de Maio, são os exemplos, que rapidamente me vêm à memória. Nenhum destes clubes consegue levar mais de 5 mil pessoas a um estádio e, no entanto, permanecem bem vivos entre a Superliga e a Liga de Honra. O mais certo é termos os 3 na mais alta-roda do futebol, na próxima época. Nos EUA, onde para uma cidade ter uma equipa tem de garantir mínimos em termos de mercado, já não exisitiriam, certamente. Mas na Europa, felizmente, as coisas não são tão matemáticas (embora caminhem nessa direcção...). No entanto, não deixa de ser estranho, absurdo, que clubes como estes consigam sobreviver. Se não há ninguém a quem contentar ao Domingo à tarde, se ninguém se interessa pelas suas vitórias e derrotas para quê existir?
É curioso que apesar de não se poder utilizar o argumento financeiro para os retirar de actividade (é no campo que se decide quem ganha), é pelo argumento financeiro que eles vão sobrevivendo, por intermédio de messias, sem projectos sustentados, mas com enorme vontade de protagonismo. Na verdade não tenho respostas para estes fenómenos. Não são modas passageiras, pois nem são modas, nem estão somente de passagem. No fundo, são falhas de um sistema à espera de correcção.

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