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quarta-feira, março 09, 2005

Mourinho 

De um lado uma equipa de bons jogadores, pragmática, cheia de crença nas suas capacidades. Do outro, a actual melhor equipa do mundo, com possibilidades de se tornar uma das melhores da história do futebol. Frente a frente Mourinho, o intratável, mas genial, treinador lusitano e Rijkaard, treinador promissor, mas que avançou na carreira muito à custa do seu passado enquanto craque do AC Milan.
Na verdade, Chelsea vs Barcelona não foi um simples jogo entre duas equipas: foi um jogo entre o futebol do passado e o do futuro. Mourinho, apesar de um Chelsea milionário, não contratou nenhum fora-de-série, nenhum jogador do ano. Preferiu jogadores discretos, mas de confiança. Juntou a essas contratações o melhor que o plantel do Chelsea já possuia - casos de Lampard, Chech e Terry e formou uma equipa, que se ainda não totalmente oleada (como o próprio Mourinho admite) para lá caminha. Sempre com o apito final como objectivo este Chelsea só ocasionalmente dá bons espectáculos de futebol (sobretudo quando o adversário a isso obriga), mas ganha da mesma forma meticulosa com que o seu treinador prepara cada jogo. Este é o Chelsea de Mourinho.
Em Barcelona reside a antitese de Stamford Bridge. Ronaldinho, Eto'o e Deco formam um trio ofensivo que faz sonhar. Jogadas delirantes, golos magistrais, passes de letra. Tudo pode acontecer quando o Barça entra em campo. Apesar do mérito que Rijkaard possa ter, este, no entanto, depende totalmente da inspiração das suas estrelas, principalmente de Ronaldinho, o melhor jogador do mundo da actualidade. É o Barcelona de Ronaldinho.
No confronto entre a equipa do melhor treinador do mundo e a do melhor jogador do mundo, no confronto entre o futebol mecanizado e o futebol dos craques, o primeiro levou a melhor. Não fosse Mourinho português e provavelmente estaria aqui a lamentar a passagem do Chelsea, em detrimento do brilhante futebol catalão. Mas tal como na final da Taça da Liga fiquei contente por Mourinho ter derrotada o Liverpool por quem nutro uma especial simpatia, ontem fiquei contente com a vitória do Chelsea. Não por ser o Chelsea, mas sim pelo que a vitória de Mourinho representa. É que este já não se representa somente a si próprio, Mourinho representa Portugal. Foi assim que a imprensa britânica definiu as regras do relacionamento ao afirmar que Mourinho vinha do Terceiro Mundo. Assim sendo, ser português em Inglaterra é ser do país de Mourinho. E sabe bem, para variar, estarmos associados a uma imagem de successo.

Comments:
Ontem pudemos assistir ao melhor jogo dos últimos anos. Presentes 2 das 3 melhores equipas da Europa. A outra será o Milan.
Mourinho deu uma vez mais uma verdadeira lição. Em todos os aspectos!
Ninguém estaria à espera de ver Kezman como titular. Surpreendeu tudo e todos e de tal forma que atordoado a esse imprevisto sistema táctico, o Barcelona ficou nas cordas. Um inicio fulgurante do Chelsea rebentou com o Barça. Depois, um lance polémico e tremendamente subjectivo virou o jogo. Um penalty subjectivo, dá o golo ao Barça, motiva os espanhóis e faz tremer os ingleses. Alguns minutos depois, Ronaldinho marca um golo que não existe! Aquele golo é impossivel! Nem a computador é possivel fazer aquela obra prima! É de ver , rever e voltar a rever!
Oportunidades atrás de oportunidades para ambos os lados. Incerteza a todo o momento. Um lance capital. O golo de Terry. Um lance básico! É uma jogada á FC Porto de Costinha! Até o próprio realizador antevendo a jogada, foca insistentemente Terry a sinalizar a jogada! Tão mal defendido pelo Barça! Será que Rayjkaard, não treinou este tipo de lançe?!
No geral, uma vitória justissima! E sem Robben e Drogba que são as duas referências atacantes!
A postura de Mourinho, que muitos consideram arrogante, deveria ser um exemplo para muitos portugueses! Os ingleses e os espanhois (pior só mesmo os franceses, alemães) tem a mania da sobranceria. E tanto que lhes custa ver um portuga em grande e a ensinar-lhes como é!
Não deixa que lhe ponham a mão em cima, e contra-ataca! E depois têm de engulir em seco!
É como diz o anúncio!: “falam, falam, falam....” mas depois têm de engolir em seco!
Ainda continuam a achar que é sorte!?
O homem sabe mais de futebol que todo o resto junto!
 
A eliminatória entre Barcelona e Chelsea tinha tudo: o jogo de palavras entre Eto’o, Mourinho e Rijkaard; o melhor ataque contra a melhor defesa. Quer dizer, o futebol mais “spicy” contra o mais mortífero. Na 1ª mão, o Chelsea tomou vantagem, mas foi dominado após uma expulsão injusta e saiu derrotado do Camp Nou. A imprensa española exultou, mas a vantagem era minima. Um golo bastaria para mudar a eliminatória. Afinal, foram 6 os golos que “bastaram” para mudá-la e para fazer desse jogo um dos melhores jogos da Liga dos Campeões. O jogo começou estranho: o Chelsea precisava de ganhar mas entregou o comando do jogo ao Barça. Muito metódico Mourinho, pensei eu: acalmou os seus jogadores, deu-lhes indicações para, assim que recuperassem a bola a meio campo, a lançassem nas costas da defesa “avançada” do Barça. Ao dar-lhes o controlo do jogo, estaria a deixá-los subir no terreno e o contra-golpe seria (e foi) fatal. Aquí realço outra vertente dos 2 jogos: a maior posse de bola do Barça. Se na 1ª mão esta situação foi indigesta para Mourinho, na 2ª mão foi benéfica: Mourinho engoliu um sapo e percebeu que o Barça ganhava o meio campo porque, ao tridente meio campista, se juntavam 2 laterais (Belletti e van Bronckhorst) mais jogadores de troca de bola que Paulo Ferreira e Gallas. E também porque Ronaldinho e Iniesta (ou Giuly) recebiam a bola na meia esquerda/direita e construiam jogo,trocando a bola enquanto que Duff e Cole, quando a recebiam (mais à frente), era para explodir em direcção à baliza. Daí a maior velocidade da equipa londrina na transacção defesa-ataque. Surgiu o 1-0 num desses lances e o Chelsea pegou no jogo. Quer dizer, tentou porque a bola manteve-se em maior percentagem na posse do Barça. Mas subiu os sectores e...conseguiu chegar ao 2-0 e...ao 3-0! Tudo isto em 20 minutos! Eliminatória arrumada, Mourinho cala tudo e todos mais uma vez e o Barça aprende a lição de como “saber matar” um jogo. Quem não pensou nisto? Aliás, quando me dirigia para o bar onde vi o jogo, pensei que ao intervalo estaria esse mesmo resultado: 3-0 para o Chelsea! Até que, num lance despropositado (sim, foi penalty!), Paulo Ferreira comete penalti. O jogo estava controlado e aquele 3-1 nem parecia muito mau. O problema foi que ergueu a cabeça blaugrana: 20 minutos de autêntico banho de futebol tinha-se diluido e agora bastava um golo do Barça para a sua qualificação. Talvez num lance de génio de Eto’o, de Deco ou de...Ronaldinho!! O “coelho” saíu da cartola para fazer um dos golos do ano. O Chelsea nem quis acreditar e pouco depois ripostava com a bola a bater no ferro após remate de Cole. O intervalo chegava e, enfim, podia-se respirar um pouco...
O balneario, já se sabe, seria bom para as 2 equipas. Mourinho e Rijkaard são bons motivadores e gostam de corrigir pequenos detalhes no descanso. Foi melhor Rijkaard: corrigiu o posicionamento doa laterais (trocou van Bronckhorst por Silvinho), estes preencheram melhor o espaço e até começaram a fazer dobras (sim, porque para parar os alas interiores do Chelsea quem tem que fazer dobras são os laterais e não os centrais!). O jogo voltou ao inicio com uma diferença: o Barça passou a defender melhor e controlou, aparentemente o jogo. A intensidade do 1º tempo manteve-se no 2º, mas com o Barça sempre mais próximo do empate. O ataque do Chelsea estava dominado (será possivel consegui-lo?) e o 3-3 esteve tao perto...Iniesta ao poste, Eto’o por cima, Puyol para Cech defender sobre a linha de golo..até que Terry decidiu ao minuto 75. Senti-o quando vi o seu dedo apontar para fora da área. A bola vinha da esquerda de um pé...esquerdo. Lance estudado, nao há duvidas! Todos os avançados foram para dentro, Terry veio para fora e...marcou. Ricardo Carvalho fez falta sobre Valdez (chegaria à bola?), o àrbitro auxiliar viu e teve medo de assinalar. Num jogo destes, pena ter havido uma polémica arbitragem dirigida por Collina que, durante os 90 minutos, pareceu beneficiar mais o Barça que o Chelsea.
 
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