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segunda-feira, março 07, 2005

Chips na bola, não obrigado 

Luís Sobral anda preocupado e com alguma razão. O futebol tem evoluído muito em termos tecnológicos, mesmo dentro das quatro linhas: as camisolas são ultra-leves, as chuteiras quase que marcam golos sozinhas e as bolas, de tão leves, parecem tele-guiadas. Todas estas medidas têm tido um só objectivo: promover o futebol ofensivo, o dos golos, aquele 'que o povo gosta'.
Contudo, ao contrário de vários desportos (futebol americano, basebol, basquetebol, hóquei no gelo e até os conservadores râguebi e criquete), o futebol nada avançou no sentido de dar aos árbitros mecanismos de análise mais rigorosa. Muito por culpa da International Board, inserida no espírito do futebol britânico onde o árbitro, por muito mau que seja, nunca consegue ser o protagonista do espectáculo (pelo menos até à chegada de Mourinho...). Algo houve, no entanto, que fez este conservador órgão mudar de opinião (terá sido as consecutivas birras de Mourinho?), dando autorização à FIFA para experimentar no próximo campeonato do Mundo de sub-17 (a cobaia da FIFA, juntamente com o futebol brasileiro) uma bola com um chip que permite ao árbitro saber, numa situação de golo, se esta passou ou não a linha, entre outras situações complicadas.
O problema que aqui se levanta não é o da utilização da tecnologia no futebol, mas o tipo de tecnologia. O que todos os desportos acima supracitados têm em comum é que nenhum deles utiliza a bola em termos tecnológicos: uns têm linhas com sensores que dizem quando é golo, ou cesto (no caso da NBA), a maior parte recorre, simplesmente, às imagens televisivas. Foi, por exemplo, o recurso a este instrumento que permitiu a justiça no resultado, na final da Heineken Cup - a liga dos campeões do raguêbi.
Dir-me-ão os mais cépticos: mas o recurso constante à televisão não faria com que o jogo estivesse sempre parado? No raguêbi isso não acontece, até porque o árbitro só recorre às imagens, em casos duvidosos que envolvam a marcação de pontos. Isto é, aplicando ao futebol, só os lances de golo em que o árbitro tivesse dúvida é que podiam ser alvo de análise. Mas para se limitar ainda mais, poder-se-ia utilizar um método semelhante ao do futebol americano, onde cada treinador tem direito a pedir a revisão de 2 lances duvidosos por jogo, sendo que se a opinião do treinador estiver correcta, não lhe é descontado o pedido. E se o problema é somente o do golo, então porque não se põem sensores nas linhas, em vez de chips na bola? Cada vez que a bola passasse a linha, este apitava.
Existem várias soluções que evitam o recurso à bola. É que, tal como ao Luís Sobral, também me faz impressão ver o mais sagrado objecto do futebol, assim violado na sua privacidade.

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