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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

A relva 

“Podemos dar a volta em Lisboa num campo melhor. O relvado foi mais penalizador para o Benfica do que para o CSKA”. Com esta frase Trapattoni bateu no fundo quanto a justificações para as péssimas exibições do Benfica na Europa do futebol. Depois do Anderlecht e do Estugarda, esta é a terceira derrota em quatro jogos com equipas medianas, sim medianas, do futebol europeu.
Creio que para quem duvidava do quão desactualizado está o treinador do Benfica, a forma como o Benfica se apresentou ontem em campo serviu para dissipar todas as dúvidas. Sempre que o Benfica jogou fora perante uma equipa acima dos Gil Vicentes (e mesmo com esse só não perdeu por milagre) e Moreirenses do nosso mundo, com o Sporting, por exemplo, foi sempre uma equipa muito defensiva, no sentido mais antiquado do termo. Isto porque é uma forma de defender passiva, baseada no recuo dos jogadores e não no impedir o adversário de jogar. No futebol dos nossos dias, defender é impedir que a equipa adversária circule a bola, impedi-la de chegar à nossa baliza, através de uma pressão homem a homem que começa na baliza contrária. Isso não só impede a outra equipa de jogar, como possibilita que a nossa recupere a bola em zonas perto da baliza do adversário. Ontem, como nos jogos anteriores, o Benfica não fez nada disso.
Mas o problema da velha raposa não está só na desaquação das suas tácticas defensivas, está também na incapacidade de preparar os jogos tendo em conta as características do adversário. Trap é do tempo em que o conhecimento do 'outro' era difícil, poucos jogos passavam na televisão, não havia internet... . Pois, ontem, mais uma vez, se provou que Trap permanece preso a esse tempo, abdicando de um conhecimento profundo do adversário (podia ser mais diferente de Mourinho?). Porque se o tivesse, compreenderia, perfeitamente, que o Anderlecht e o CSKA eram equipas contra as quais o Benfica tinha a obrigação de entrar em campo para ganhar e não para empatar, como fez questão de realçar antes do jogo de ontem. Nem os russos, nem os belgas têm um plantel como, mesmo com várias limitações, Trap possui. Não têm internacionais do nível de Simão, Nuno Gomes, Miguel ou Petit, nem grandes promessas do futebol internacional, como Mantorras e Manuel Fernandes, para não falar das promessas escondidas na equipa B, da qual Trap não faz qualquer uso.
Tal como disse há algumas semanas, os dirigentes do Benfica (que saudades de dirigentes com o nível de João Santos), continuam com duas opções: ou despedem a velha raposa e contratam Camacho até ao final da época (a melhor escolha tendo em conta o pouco tempo que outro treinador teria para conhecer o plantel), sendo que mesmo Álvaro Magalhães seria uma opção perfeitamente viável; ou ficam com Trapattoni até ao fim, a comandar os destinos de um Benfica errante, totalmente dependente de Simão e Miguel, e, sobretudo, dos empates e derrotas dos seus adversários.

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