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quarta-feira, outubro 20, 2004

Uma questão de frontalidade 

Na Segunda-feira, mal saí de casa, a primeira coisa que fiz foi comprar O Jogo. Devo confessar que nos últimos tempos tenho tido este diário como o menos folclórico e sensacionalista dos jornais desportivos portugueses. Julgava até que a típica costela portista, se tinha diluído no rigor jornalístico. Ou me enganei, ou houve uma regressão d'O Jogo no caminho para a neutralidade. A forma como tentaram desculpar o árbitro da sua 'bela' actuação de Domingo foi deprimente. Nesse aspecto, devo confessar que o Record - supostamente mais ligado aos do Campo Grande - se mostrou o mais acutilante dos jornais, apontando o dedo ao que tinha que apontar, não olhando a camisolas.
Não me importo minimamente que O Jogo seja do Porto e A Bola e o Record dos emblemas de Lisboa. O que chateia é este estado híbrido em que a imprensa desportiva vive. Nesse aspecto, Espanha está muito melhor servida. Não que os seus jornais sejam mais rigorosos, mas sim porque estão perfeitamente definidos em termos clubísticos: há os de Madrid e os de Barcelona e cada um analisa a realidade por esse prisma. Quem quer, compra, quem não quer, não compra. Há um ano ou dois, após um escaldante R. Madrid-Barcelona, a Marca e o Sport (ou talvez o Mundo Deportivo) trocaram galhardetes através das suas manchetes: a Marca apontou os erros que o árbitro tinha cometido contra o Real; os de Barcelona fizeram o mesmo em sentido inverso. Em Portugal isso seria impossível. Nos diários desportivos portugueses, como, de resto, em toda a imprensa nacional, tenta-se antes passar uma imagem de neutralidade e isenção, ocultando os reais interesses e tendências de cada um. Será por uma questão de mercado?

Comments:
Pessoalmente não considero que um jornal, com responsabilidades sociais, deva assumir uma cor política ou clubística. Recentemente tivémos o caso da "Capital" que admitiu estar do lado de Kerry nas eleições dos EUA. Mas isso fica a milhares de kms do nosso país...Em relação aos nossos jornais desportivos, devo admitir o seguinte: para mim, o jornal "o Jogo" é o menos faccioso dos 3! Por muito que custe aos lisboetas (ou anti-tripeiros), é o que transmite a informação menos "trabalhada", mais verdadeira. Apoio esta declaração, não só nas capas de segunda-feira, mas numa série de pormenores que tenho reparado há já algum tempo: contratações bombásticas, declarações que não existiram, polémicas inexistentes, tudo situações criadas por jornais como o "Record" e "A Bola".
Referindo-me agora às capas de segunda-feira, devo dizer que, tanto "Record", como "A Bola", assumiram claramente a sua cor clubística: o vermelho. É vergonhoso, até para mim que acho que o Benfica foi prejudicado, ver nas capas dos jornais, títulos como "É GOLO" e "FRANGO DE BAÍA", quando o que realmente ficou para a história foi a vitória do Porto na Luz. Não há que esconder o que aconteceu, há até que investigar se foi premeditado ou não, mas as capas dos jornais foram totalmente facciosas. O seu a seu dono.
 
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