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quinta-feira, outubro 14, 2004

Os estranhos que vieram do frio 

A vitória de ontem foi estranha. Estranha porque não é todos os dias que Portugal ganha por 7-1; estranha porque não me lembro de ver o Petit marcar dois golos num só jogo; estranha porque nenhuma equipa marca quatro golos de fora-de-área num só jogo; estranha porque o Ricardo Carvalho teve duas falhas (sem bem que mínimas). Mas o mais estranho de tudo foi mesmo a Rússia. No jogo contra Portugal no Euro2004, já foi notória uma certa passividade por parte dos russos. Mas a expulsão de Ovchinnikov como que reacendeu os gelados corações do Leste e o espectro do empate só desapareceu aos 89 minutos quando o já saudoso Rui empurrou a bola para o fundo das redes. Mas ontem foi pior. Talvez por o horizonte do fim do grupo ainda ser longínquo, talvez por não contarem com a prestação de Mostovoi e de um ou outro titular, a verdade é que ontem a apatia, a passividade, a falta de ideias, soluções ou vontade foram muito maiores. O espaço concedido pelos russos foi inacreditável, a falta de rigor táctico, atroz. Desde o primeiro minuto que a Rússia ansiou pelo último. Creio mesmo que mal chegaram ao aeroporto de Lisboa já estavam ansiosos de voltar para o frio russo.
Triste, apática, à espera do nada. Esta foi a estranha imagem que a ex-potência mundial (e do futebol) deixou em Lisboa. Mas não será esta a própria imagem da sociedade russa? Com atentados horrendos, miséria social, corrupção e autoritarismo, haverá vontade para mudar, para progredir? Ou será que os russos desistiram do futuro? No futebol, desistiram do presente, certamente.

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