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terça-feira, agosto 24, 2004

O estômago 

A primeira lembrança viva e sofrida que tenho do Benfica europeu, é de 1988, quando aquelas camisolas celeste nos tiraram um troféu, que em função do que jogámos também não merecíamos. Contudo, a primeira vez que senti o estômago a saltitar, foi na final contra o AC Milan, um par de anos depois. A equipa do triângulo holandês fazia as delícias da Europa do futebol, enquanto que o Benfica era o convidado para a festa, pelo acaso da mão de Vata.
Falando em Vata, só um parêntesis para constatar que um dos momentos mais brilhantes da história do defunto Estádio da Luz está associada a uma irregularidade - coisas do futebol. Voltando a Viena. Lembro-me perfeitamente daqueles momentos de sofrimento intenso, em que são apresentadas as equipas, no momento em que os jogadores entram em campo. É o momento em que a máxima de que 'no futebol tudo pode acontecer' mais corresponde à realidade. Por isso o meu estômago saltitava de esperança, interrompida uma hora depois pelo frio, gélido golo de Rijkaard.
Mas o meu estômago teria muitas outras oportunidades para vibrar na Europa do futebol. A épica campanha do Benfica na Taça das Taças em 93/94 foi outro desses momentos: o jogo em Leverskusen, o desperdício na Luz contra o Parma e a fatídica derrota no jogo da segunda mão em que ainda hoje vejo Neno a olhar para o esférico enquanto este cruzava a pequena área, até ser empurrado por um italiano para o fundo das redes, nos mais trágicos dois segundos da minha vida futebolística (para não falar do golo de Poborsky no Euro96 - sim, o golo da Grécia foi mais rápido do que isso, pelo que não conta para esta equação).
Recordo-me agora que o primeiro jogo do Benfica na recém-criada Liga dos Campeões, frente ao Hadjuk Split foi outro desses momentos de trepidação, mais pelo facto de ser o primeiro, que pela importância do jogo em si, que terminaria num empate.
Mais recentemente, o jogo do ano passado em Roma, também deu muito trabalho ao estômago. O falhanço da dupla Argel-Moreira foi como um valente soco no supracitado. Para não falar do livre daquele jugoslavo racista (Mihajlovic), que deitou tudo a perder, numa das derrotas mais injustas a que assisti na história do futebol.
Não queiram com tudo isto achar que o meu estômago só vibra nas competições europeias. Longe disso. Em cada jogo do Benfica, em cada jogo da selecção (que vibração que foi aquele Dinamarca-Portugal no Euro 96, sem esquecer o França-Portugal, quatro anos depois). Não tenho, contudo, dúvidas que vibra de uma forma especial nas competições europeias, sustentada neste conjunto de memórias que representam o Benfica na mais alta esfera do futebol internacional.Quer seja em Estugarda, em Viena, Leverkusen, Milão ou Parma, a sensação é sempre a mesma. A mesma que começo agora a sentir.

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