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sábado, agosto 14, 2004

Ensaio sobre a lucidez 

Rufias em Atenas
Por LUCIANO ALVAREZ (Público)
Sábado, 14 de Agosto de 2004

A derrota de Portugal com a selecção do Iraque nos Jogos Olímpicos de Atenas nada tem de anormal. Ganhou que melhor jogou, quem mais lutou, quem mais quis ganhar, quem foi mais equipa. Anormal foi o comportamento lamentável e anti-desportivo de alguns jogadores da equipa portuguesa e do seu treinador José Romão.
A selecção foi para Atenas a falar em medalhas, no orgulho em representar Portugal e na alegria de estar nuns Jogos Olímpicos. Logo na primeira partida, alguns jogadores, com destaque para Boa Morte e Ronaldo, esqueceram tudo o que disseram e portaram-se como uns rufias de meia-tigela.
Em vez de irem a Atenas celebrar o desporto, a solidariedade entre os povos e a competição dentro das regras, alguns futebolistas portugueses foram com o espírito do vale tudo. Em vez de sentirem alegria por jogar - e jogar em especial com a equipa de um país que viveu até há muito pouco sob uma feroz ditadura e tem enfrentado guerras atrás de guerras -, alguns futebolistas mostraram ter mau perder e um lamentável carácter.
E o que fez o seleccionador nacional no final da partida? Fingiu que nada se passou e falou de infelicidade e de questões técnicas. Romão, que há muitos anos tem responsabilidade na formação de jovens jogadores, em vez de pedir desculpa, caucionou assim atitudes que são uma vergonha para o país.
Por isso, tal como Boa Morte e Ronaldo, também José Romão mostrou que não merece estar nos Jogos Olímpicos.
Os responsáveis pela delegação olímpica portuguesa, que o Presidente da República fez questão de acompanhar nos seus primeiros dias em Atenas, não podem ficar indiferentes ao que se passou no Portugal-Iraque, imitando alguns dirigentes do futebol português para quem vale tudo para chegar à vitória.
Têm, pelo menos, de deixar claro que atitudes destas não serão mais permitidas e não se perdia mesmo nada se estas três personagens fossem desde já recambiadas para casa.
Já chega de balneários partidos, de pontapés, cotoveladas e de rufias que, por saberem jogar à bola, acham que tudo lhes é permitido.

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