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sábado, abril 24, 2004

O trinco e o Real Madrid 

É, provavelmente, o jogador que mais despercebido passa ao longo de um encontro, não deixando de ser o mais importante. O trinco é, num sistema táctico, o primeiro elemento do sector defensivo e o primeiro do ofensivo. É a ele que cabe a responsabilidade de roubar a bola aos atacantes da outra equipa; é a ele que cabe íniciar as movimentações ofensivas. Tudo isto, sem necessitar de mais do que duas acções: uma para roubar outra para passar, talvez por isso passe tão despercebido. Sem ele a equipa muda totalmente: a defesa vê-se obrigada a defrontar a avalanche ofensiva contrária; o ataque tem de recuar para recuperar a bola.

Existe no mundo do futebol um jogador que é o paradigma do trinco - Roy Keane. Para além das suas capacidades enquanto líder do grupo, é o elemento mais influente da equipa de Old Trafford. Em Alvalade, quando o Man Utd defrontou o Sporting sem Keane, viu-se bem a diferença de rendimento da equipa. Esta é uma das características do trinco: nota-se mais a sua ausência que a sua presença. Em Portugal, também acontece o mesmo com Petit do Benfica. A subida de rendimento dos da Luz coincidiu com o regresso em pleno do ex-boavisteiro.

Se Roy Keane é o paradigma do trinco, o Real Madrid é-o da equipa sem um. O Real da época passada tinha como jogador mais importante um não-galáctico - Makelele. Sem ser um jogador do nível de Keane ou mesmo do seu colega Vieira, compensava a sua falta de qualidade técnica (abundante no resto da equipa), com uma tremenda capacidade física. Este ano, o presidente do clube empenhou-se em levar Beckham para junto dos outros galácticos, não fazendo nada para impedir a venda de Makelele para o Chelsea. Resultado: mesmo sem o fulgor da época transacta Makelele ajudou a sua equipa a chegar às meias-finais da Liga dos Campeões, enquanto que Beckham e os seus colegas ficaram-se pelos quartos de final. Apesar de possuir uma equipa com Ronaldo, Beckham, Figo, Zidane, Raúl, Casillas e Roberto Carlos, o Real está bem encaminhado para não ganhar nada esta época. Com efeito, tal era previsível a partir do momento em que o meio-campo passou a ser constituído por dois médios ofensivos: Beckham e Guti. Mesmo sob o ponto de vista puramente financeiro, tal gestão de plantel acabou por se revelar danosa. O resultado da venda de milhares de camisolas do 23 britânico, juntamente com a venda do passe de Makelele para o Chelsea, é inferior ao custo da transferência de Beckham, somada a todo o dinheiro que o Real não ganhou por não vencer qualquer troféu esta época.

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